Diaba em treinamento

Este será um conto bem zoado e pretendo escrevê-lo em, no máximo, meia hora. Rá, se eu conseguir vai ficar mesmo muito ruim!

Elas eram três amigas inseparáveis. Annabelle, Domenike e Dianna. Eram como esmalte, unha e carne, presentes nos dedos da Beyonce Knowles. Inseparáveis. Tão inseparáveis que colaram juntas e tomaram zero juntas na prova de matemática. Terrivelmente unidas, tanto que, por causa do triste zero estampado em suas avaliações individuais, elas decidiram não voltar para casa naquele dia. Elas resolveram dar um rolé pela cidade. E, quem sabe se iriam voltar ou não.

Passeio maravilhoso. Só que elas resolveram dar um pulinho num barzinho onde uns caras disputavam espaço e taco para jogar a sinuca. Loucas que eram, as três adolescentes reprovadas se dirigiram para mais um toco. E nenhuma delas sabia o quão dolorosa a pancada ia ser em suas cabeças louras de vento.

Enquanto elas se enturmavam com o populacho cheirando a álcool do local, um trio de rapazes pálidos e ameaçadores as observava com um misto de lascívia e desprezo nos rostos encovados. Um deles segurava um copo intocado de uísque entre os dedos. Era uma dose de duzentos paus. Muita gente mataria por aquele copo e o que havia dentro dele.

Passava da hora de ir para a cama e nenhuma das três antas bêbadas estava ligando para o que poderia estar acontecendo em suas casas, naquele momento. E quando uns motoqueiros ensebados as convidaram para dar uma voltinha pelo quarteirão, é claro que todas disseram "sim", mais unidas do que células em processo de mitose, só que com um terço do juízo de uma ameba. Uma ameba.

Elas montaram nas motocicletas. Esqueceram as mochilas no bar e nem pensaram nisso. Partiram gritando feito as loucas inseparáveis que eram.

E eu rezei para não precisar correr atrás delas, outra vez. Ser anjo da guarda não é nada fácil. Ainda mais quando você precisa ficar cobrindo a folga dos outros.

Assim que eu percebi que os rapazes anormais saíram pela porta da frente da bodega, fui embora atrás das motos, assoviando todos os palavrões dignos de um diabo de alta patente. Eu tinha quase certeza de que eles eram vampiros. Eu estava frita.

Qual é? Alguém acha que eu gosto de esbarrar com esse tipo de gente? Eles estavam em três. Eu era uma só. E olhe que nem peguei o meu certificado de Espadachim da Luz. Mas... lá fui eu, seguindo os ruídos bombásticos das motos envenenadas, quando, de repente, qualquer coisa explodiu e uma porção de gritos de horror soaram à frente.

- Eu não acredito - disse um dos vampiros, parando ao mesmo tempo que eu, diante do acidente.

- E agora? - perguntou um outro - O que nós vamos beber? O que nós vamos beber, cara??

- E eu vou saber?

Beleza, pensei. Maravilha. Todo mundo morto, embaixo daquele caminhão. Eu estava frita. Fritinha, como se estivesse no inferno.

Foi aí que eu sacudi a poeira das minhas asas e resolvi mudar de profissão. Hoje sou diaba em treinamento.

Andhromeda
Enviado por Andhromeda em 16/09/2010
Código do texto: T2501297
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