O Retorno do Vampiro

CONTO DEDICADO AO PESSOAL QUE GOSTA DE TERROR (DÃ), FELIZ DIA DAS BRUXAS, DEIXEM A BRUXA INTERIOR AFLORAR NA PELE DE VOCêS, BOAS CHUPADAS AOS VAMPIROS E BOAS MORDIDAS AOS LOBISOMENS, sinta a mágia fluindo no ar.... happy, happy halloween, halloween, for you!

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Depois de irmos aos melhores médicos, a Igreja e cartomantes, não sabíamos mais o que fazer Byatriz não ficava curada, seu tom de pele estava mais pálido do que nunca, estava magra, com aquelas marcas no pescoço. Nenhuma das pessoas que consultamos tinha visto nada parecido. Até aquele dia.

Saí do trabalho para almoçar, parei o carro onde sempre paro. Um velho mendigo com uma garrafa de cachaça nas mãos me pediu um trocado, prontamente lhe dei algumas moedas. Almocei pensando o que estava acontecendo com a minha esposa, se a Bya morresse o que eu iria fazer da minha vida, amava aquela mulher. Meu almoço foi todo imerso nesses pensamentos. Quando voltei para o carro, o mendigo estava lá tomando de conta do automóvel, dei-lhe o resto do almoço e um resto de refrigerante que tinha sobrado.

Entrei no carro e voltei para trabalhar, foi tudo tranqüilo, até que me ligaram dizendo que a Byatriz tinha piorado, eu tinha que ir para casa. Saí correndo, mas quando ia entrar no carro alguma coisa me chamou a atenção, batendo no vidro do passageiro, o meu mendigo estava lá.

-O que você quer?- disse.

-Meu nome é Tomé, acho que posso ajudá-lo.

-Me ajudar, como? – perguntei.

- Eu sei da sua mulher, pálida, marcas estranhas no pescoço, estando à beira da morte, mas não morre e nem morrerá sentindo dores fortes. – me disse sorrindo.

Puxei-o para dentro do carro, apertando seu pescoço.

- Quem diabo é você?

-Como eu já disse, meu nome é Tomé, Tomé de Aquino. Eu sou, quer dizer, eu fui padre. – me falou com um sorriso nos lábios, como se lembrasse de bons tempos.

- Como assim foi? – perguntei.

- É bem... Eu fui excomungado.

- Excomungado?

-Isso não importa, o importante é a saúde de sua mulher.

- Como você pode ajudar?

- Sua mulher é vitima de um incubus, um nosferatus, talvez você conheça melhor como vampiro.

- Vampiro?

- É, e trate logo de acreditar, ou ela vai morrer.

Levei o mendigo até a minha casa, notei que sua camisa realmente, tinha uma gravata de padre, muito suja era verdade. Ele pediu para tomar um banho, tirar a barba e ajeitar o cabelo, lhe arranjei tesoura, barbeador e roupas limpas. Ao sair do banho quase não o conheci, na minha frente não havia mais um mendigo, mas um senhor de seus sessenta anos, o andar curvado do mendigo já não existia mais, um enorme crucifixo de prata caia em seu peito, amarrado com um cordão negro.

- Onde está a menina. – perguntou.

Levei-o ao quarto de minha esposa, ele a benzeu, e deu-lhe um pouco de água benta, pude ouvir o som da água fervendo quando ela tocou no liquido imediatamente ela cuspiu, não tinha mais forças para falar.

- O Vampiro deve vir toda noite, ele a ataca e volta para seu covil, devemos segui-lo e matá-lo.

Assim fizemos, passamos a noite de tocaia. Lá pelas três da madrugada, vi ao longe saindo do quarto m homem, era alto, todo vestido de preto.

- É ele, é o Barão do Benfica, maldito, pensei ter acabado com ele. – disse Tomé.

Não entendi muito bem o que o meu companheiro falava, mas pude repara que o monstro corria muito rápido, pegamos meu carro e perseguimo-lo, até quase o sol nascer. Nossa perseguição acabou no cemitério municipal São João Batista. Ele entrou em uma enorme cripta, eu e o padre Tomé descemos as escadas do tumulo, havia quatro caixões lá dentro, o padre os identificou imediatamente como vampiros, ele me passou as estacas e o martelo, cravei uma estaca no peito de cada um daqueles monstros, deus me livre de algum dia, ou melhor, à noite, andando por ai bebendo o sangue alheio para poder viver. Quando ia cravar a última estaca no mestre, o monstro pulou do caixão.

-Ora se não é o meu velho amigo padre Tomé de Aquino, como está velho, ainda tolo pelo visto, ninguém pode me matar seu idiota. Eu sou imortal. – disse o Barão.

E correu para cima do padre em o matou com dois golpes e uma mordida, o pobre velho não tendo mais a velocidade de outrora, nada pode fazer. O medo fez gelar o sangue das minhas veias. Sai correndo. Atrás de mim o vampiro vinha gritando.

- Suas almas são minhas, inclusive a sua também será.

Saí da cripta, tudo escuro, nada do sol, o vampiro não tardaria a me partir em muitos pedaçinhos. Fui levantado dois metros do chão pela mão poderosa do monstro, ele iria me matar em poucos segundos, mas para minha sorte, a luz do sol apareceu e o monstro perdeu as forças, começou a fumaçar, tentando voltar para o seu covil, então eu o segurei pelo braço e o fiz queimar ao sol. Ele estava morto, assim como meu amigo Tomé de Aquino, mas pelo menos minha amada estava a salvo, era hora de voltar para os seus braços.

Ao chegar à minha casa, tudo escuro, ouço a doce voz de Byatriz me chamando no quarto, aquela voz tão macia que há tanto tempo eu não ouvia. Doces lembranças do nosso tempo de namorados voltam para me fazerem companhia e lembrar como eu a amava. Como nem sempre as histórias têm final feliz, mas nem sempre esse final triste é tão triste assim, ao entrar no nosso quarto, a visão macabra das duas enfermeiras que tomavam conta dela esfoladas, sem nenhuma gota de sangue me assustou, Byatriz havia se transformado em uma vampira, sedenta por sangue ela avança sobre mim, nosso amor seria consumido por toda a eternidade.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 31/10/2010
Código do texto: T2589247
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