Appleville - a cidade solitária.
A cidadezinha era inóspita, deserta. Os invernos são bem rigorosos, porém aos verões o calor é escaldante.
Era simples contar quantos habitantes moravam naquela cidade, aos dedos, uns quarenta.
A cidade era formada por apenas uma avenida de asfalto bem mal acabado, velho, desgastado. Na avenida, havia algumas pequeninas choupanas de cores frias, um posto telefônico que mal funcionava e no final da avenida de trezentos metros encontrava-se um restaurante simpático nos anos de glória, que já muito deteriorado com o tempo, acaba-se com uma forma muito torpe e gasta, de fato abandonado.
Um mercado que virara um café e que mais tarde finalmente, um restaurante. Sua dona, Srta. Connel. Era sisuda, misteriosa e melancólica. Não tinha herdeiros, era rica e luxuosa. Dizia-se única, não possuía pais, irmãos, tios, tias, nada. Apenas os conhecidos da cidadezinha denominada de Appleville.
Muito antigamente, a colheita da maçã era muito radical e abundante. Srta. Connel era quem organizava as colheitas e as plantações de maças nos arredores da cidade. Várzeas mortas e compactadas entupiam a cidade que hoje, se encontra no inverno.
Anos se passavam e o restaurante parecia uma ceia macabra. Os janelões ovais e a madeira caíde e podre davam um ar de horror e tristeza na cidade.
Srta. Connel se encontrava junto a uma cadeira de balanço, uma caneca de porcelana, um jornal texano, e conversando seriamente com dois homens magros e altos.
Sr. Louis e Sr. Moe. Ambos irmãos, usavam roupas sujas, botas de couro, meiões e chapéu de palha gasta.
Srta. Connel respondia míseros sim e não, nada além disso.
Era árdua a tarefa de conversar com a Srta. Connel.
O drama se inicia com um homem chegando lentamente do breu da avenida, lá longe...Um homem alto, magro, moreno, de aparência rude e bem astuciosa. Peitos largos, forte.
Vestindo um macacão jeans, um suéter amarelo e um chapéu de brim, para bem de fronte do trio: Sr. Moe, Sr. Louis e Srta. Connel.
- O que deseja viajante!? - pergunta seriamente Srta. Connel.
- Procuro pela Srta. Oria Connel. - responde o homem ainda não identificado.
- Sou eu. O que quer de mim?
- Srta. Connel, quanto tempo! Não se recorda de mim? - pergunta entusiasmado o homem. - Sou eu! Richard Vegas.
- Vegas? O viajante de Waterville? - indaga Srta. Connel.
- Afirmativo Srta! Lembra?
Sr. Louis e Sr. Moe deixam os dois conversando e voltam para suas choupanas.
- Entre! Te darei uma xícara de café e um punhado de maçãs. - oferece Srta. Connel.
Uma conversa entre os dois no interior do restaurante era sinistra e sombria.
- Então Oria, minha querida, eu é que vendi e atazanei sua plantação de maçãs! Foi para o bem! Appleville havia de crescer.
- O que o senhor diz? - indaga confusa e apreensiva Srta. Connel.
- Sim, fora eu! Eu atazanei sua colheita, mandei confiscar suas bacias e as impregnei com veneno...matando os habitantes. Não era esse o objetivo meu. - explica Sr. Vegas.
- Ora seu miserável! Como ousa fazer isso? Como deixei você fazer isso? Me dei uma de cega para tú passastes sob minha cabeça e...matar meus queridos amigos? - chora baixo e soluça Srta. Connel
- Nós eramos amantes. Entenda! Era para seu bem!
Enquanto isso, muitos dos moradores de Appleville ouviam a discussão que no momento era calorosa.
Sr. Louis dizia a todos para voltarem as suas casas mais todos viraram se e rumaram para Waterville, a cidade vizinha, um tanto maior, do condado de Vegas.
A cidade ficara inóspita, sem habitantes.
- Saia de minha propriedade! Agora! Seu ordinário! - grita com um canivete empunhado em sua mão esquerda Srta. Connel.
Sr. Vegas sai maliciosamente do pequenino restaurante e corre em direção a Waterville:
- Meus queridos! Bem vindos a Waterville. Aqui, sombra e água fresca para os senhores.
Srta. Connel envergonhada e desiludida, se tranca no restaurante e lá se aprisiona, vivendo por lá uns bocados de anos. Comendo as últimas maças de restavam e tomando os últimos cafés que também restavam.
Quanto ao Sr. Louis e Sr. Moe. Tiveram uma forte briga, Sr. Louis acabou morrendo, Sr. Moe criou um condado a esquerda de Appleville. Cottonville, condado riquíssimo em plantação de algodão.
Em suma, a cidadezinha somente sobrara Srta. Connel, e uns andarilhos que vagavam de quando em quando em Appleville.
Nunca se teve notícias concretas do paradeiro oficial de Oria Connel e Robert Vegas.
FIM