A face do demônio

Era de fato muito sinistro o modo em que eu me apressava para sair de minha residência fixa para minha casa no bosque. Parecia que uma voz me chamava. O frio era de se aguentar, o calor, inexistente.

Malas a postas, impelido por um movimento brusco e estranho, entrei no carro e pisei fundo no pedal, afim de chegar mais rápido ao bosque Pinewood. Avistava no começo prédios, crianças sentadas em seus respectivas pequeninas cadeiras sendo servidas pelas mães.

Mais adiante, começavam a ser vistas pequenas choupanas iluminadas a vela. Logo mais, afastadas casas rústicas, tipo fazendas.

O motor já pedia para parar, cansado, chego a Pinewood. Encosto meu carro ao lado de minha antiga casa e apanho minhas malas. Ao entrar percebo que está tudo limpinho, com cheiro de pinho silvestre e um recente aroma de lareira.

A noite caia e eu saíra de casa para catar algumas lenhas dos arvoredos simpáticos que ali se encontravam. Não era uma reserva florestal e sim um amplo espaço aonde se podia desfrutar dos maiores e melhores prazeres de Pinewood.

Catara algumas lenhas. Com um machado na mão, percebi que ouvira um ruído vindo dos arredores, uma espécie de alguém pisando na relva. Ignorado. Novamente. Espantado e nervoso, voltei para casa, trancara e colocara as lenhas para queimar na lareira.

Fiz um café maravilhoso na pequena copa, tomei uma xícara e me aconcheguei na lareira vendo TV, velha, nem pegava os canais direto. Pois bem, a noite ficava cada vez mais gelada. Me cobri com uma manta feito a mão, quentinha.

De repente percebo que algo batera na porta. Me levantei e olhei pela cortina que ali se encontrava. Nada. Novamente. Nada.

Estranho. Quando eu caía no sono, a batida na porta fora mais alto e me acordara.

Eu meio com medo, apanhei meu machado e empunhado nos pulsos abri a porta. Não havia nada. Nada além de pinheiros, corujas, e...meu carro parado em frente a minha casa.

A batida foi de leve e dessa vez eu avistei um homem. Eu abri. Era o guarda florestal.

- Olá, desculpa por interromper, mas eu quero lhe perguntar se esse carro é seu.

- Sim senhor, é meu.

Quando o homem foi dizer "Obrigado!" uma flecha atravessa a cabeça até a boca parando finalmente na ponta do meu nariz.

- Mas que droga! Que diabos é isso! AAAAH! - eu gritei

O homem permanecia ali. De pé. Eu fechei a porta instantaneamente.

Vi que ele estava morto. Vi também que alguém mascarado se aproximava rapidamente da minha casa. Eu peguei minha espingarda e preparei-a com rapidez e veracidade para o pior.

Me tornei a ver o guarda, o corpo havia sumido. A marca de sangue era gigante de cor carmim.

O barulho foi ficando mais forte do segundo andar da casa. Eu fui checar e quando vi o que era...Era o corpo do guarda sobre minha cama, e em seu peito, um bilhete escrito a sangue:

- Eu irei te caçar até o último instante!

Petrificado percebi que algum terceiro se encontrava de trás de mim. Um homem alto, forte e vestido com uma capa preta e uma máscara.

Me virei e fora golpeado com um soco. Caíra no chão.

Quando o estranho pensou que eu estava desmaiado, me tornei e apanhei meu machado e cravei na sua perna.

- AAAAAAAAAH! - grita agudo o homem.

O sangue era intenso. Eu mal podia imaginar que alguém queria me matar.

O homem sumira. Como!?

- Ele estava bem aqui!!! - diz comigo mesmo assustado.

Ele dá um soco na minha cabeça e eu desmaio.

Algumas horas depois ele me coloca em uma cadeira amarrado de fronte a uma cruz de ferro.

- Acorde! Acorde! - diz ele nervoso - Está vendo essa cruz?

- S-Sim... - respondo nervoso e ansioso.

- Isso nunca existiu! Nunca, todo esse tempo...Cristo? Nunca, tudo mentira! - diz ele convicto da ideia.

Ainda mascarado:

- Tira essa máscara! - eu ordeno

Ao tirar a máscara, eu vejo algo desumano naquele rosto. Um rosto vermelho, vermelho sangue. Tão vermelho...

- Eu vim aqui te levar, você achou que iria para o "paraíso" encontrar Cristo? - pergunta sarcástico o horripilante homem. - Não! Você vai comigo para o verdadeiro inferno. Diabo! Compreende? - complementa.

- Eu não vou! Eu não vou!

- Vai sim senhor. Eu chamei você aqui, pois foi aqui que você nasceu e que também vai morrer. - diz ele muito nervoso.

Ele tira uma espécie de barra de ferro pontiaguda e começa a passar no meu pescoço. Vagarosamente, ele começa a me assustar quando ele cospe e pisa até quebrar a cruz metálica. Dizendo que aquilo era uma farsa.

- Para com isso!

Ele era realmente o demônio em pessoa, de fato era. Pois olhara para o espelho e não o via. Ele ia me matar.

Com uma contagem angustiante e fria, ele começa do dez:

- 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1...Adeus!

Só consegui reparar na ponta da barra de ferro encostar em minha testa!

Bum! Acordei! Era um pesadelo. Meu Deus! Muito obrigado.

Fui até o espelho e quando olhei minha cara e meu pescoço vi que havia um pontinho de sangue e estava vermelho, respectivamente.

Fiquei muito assustado e chequei se o corpo do guarda florestal estava realmente no andar superior. Não estava, mais uma coisa permanecera lá.

- Eu irei te caçar até o último instante!

Apavorado eu vou até o meu carro e saio rapidamente daquele lugar.

A manhã estava fria, o Sol estava dando as caras.

"Volte sempre a Pinewood." Fora neste momento em que pelo retrovisor do carro vi um homem parado na estrada olhando para meu carro acenando. Era o demônio! Vendi a casa.

FIM

Nathus
Enviado por Nathus em 26/01/2011
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