A Face do Demônio - O Retorno.
Dez anos se passaram desde o incidente do pesadelo, que me deixara perplexo em relação ao bilhete em cima da cama do chalé. A casa permanecera intacta desde aquela época, como era longe a beça, não houve compradores. Enfim, fechei a venda com uma família, sem contar o que eu passara a dez anos atrás.
Estava eu, com esposa e dois filhos. Antes da outra família habitar o chalé, gostaria de dar uma passada lá antes de vender, para retirar algumas coisas de valor e uns pertences meus.
- Estão prontos crianças? - perguntei aos meus filhos, Rick e Lila.
- Sim papai. - responderam.
- Vamos querida, temos de ir lá! Prometo que nada irá acontecer. - acalmo Addison, minha esposa.
- Tem certeza? - pergunta com um ar de desconfiança.
- Absoluta! - respondo.
Nem levamos bagagens nem nada, pois iríamos apenas retirar algumas coisas do chalé.
A estrada estava vazia, a tarde era clara e calorosa. Como de praxe, primeiro avistavam-se os prédios, logo depois as choupanas mais rústicas, logo mais ainda as fazendas e somente depois de um determinado tempo:
" Bem Vindos a Pinewood, o recanto mais alegre para você. "
Aquela placa me lembrava coisas muito ruins, o demônio. Ainda não entendia o porquê daquele sono perturbado e principalmente daquele bilhete na cama.
Estacionamos o carro Sedan e descemos. As crianças amaram o local, tinha um lago pequeno atrás da casa, vários pinheiros e esquilos. Tirando a casa que estava podre e mal conservada, o local continuava o mesmo, a noite o vento era gélido e forte, por isso que as folhas dos pinheiros não impregnavam o solo.
- Sim querida, essa é minha casa de veraneio. Bem vinda a Pinewood! O lugar mais alegre para você!
- Ai Ben, não gosto daqui! Nem você! E...cadê as crianças? - pergunta Addison.
- Estão brincando bem ali com os esquilos. - aponto.
Entrei na casa, a porta permanecera entre aberta. Quando entrei, o cheiro de madeira gasta era um fato marcante. Sem contar nas traças que ali ficavam. A cozinha estilo americana permanecia idêntica e a escada rangia.
No momento em que estava subindo aquela escada senti um sopro gelado na minha nuca. Ignorei.
Quando cheguei em um dos quartos me deparei com o bilhete!
" Ora, ora, está com a família agora? Eu ainda te pegarei! "
- Addison!!! - gritei
- Que foi Ben? - responde gritando também.
- Pegue as crianças e tragam-as para dentro do chalé! - ordeno.
Addison foi até o laguinho pegar as crianças e não as via.
- Rick? Lila? Lila? Rick? - gritava loucamente Addison em busca dos filhos. - Oh Meu Deus!
Rick e Lila não estavam no laguinho, nem havia sinais deles.
Um barulho de folhas secas sendo pisadas dava para se ouvir atrás de Addison.
Addison torna e nada vê.
Enquanto isso, analisava aquele bilhete calorosamente e percebi que havia uma presença maligna dentro da minha casa. Me virei e nada vi. Apenas um sopro bem gelado no meu rosto.
Peguei uma estaca de madeira e uma cruz. Olhei para a janela envidraçada e vi Addison aos prantos procurando por Rick e Lila.
- Addison!!! Cadê eles??? - pergunto.
- Não sei amor! Não sei! Eles sumiram! - chora gritando Addison.
Desci as escadas e fui até ela rapidamente.
- Calma, vamos encontrá-las. - falei a Addison enquanto a mesma chorava em meu ombro.
Paf! Um tapa me atingiu na bochecha:
- É tudo sua culpa, Ben! Tudo! Você quis vir aqui e agora nossos filhos desapareceram! - chora ela.
- Calma, Addison! Calma. - peço calma a ela, muito abalada.
Neste exato momento pego algumas madeiras, preencho-as de álcool e taco fogo nelas queimando minha casa rapidamente.
Um grito apavorante deu para ser ouvido a quilômetros de distância. E ao mesmo tempo um barulho de uma motoserra era claro e assustador.
Vi que havia um homem misterioso correndo em nossa direção, encapuzado e armado com a motoserra, pronto para matar.
- Corra Addison, vamos! - ordeno gritando.
Corríamos desesperadamente em direção a uma caverna que eu bem conhecia. A caverna de Pinewood. Eu parei de ouvir o som e de ver o homem.
Quando avistei a caverna. Entrei junto com Addison e nos escondemos atrás de umas pedras.
- Ei! Papai, mamãe! Aqui...! - era Rick chamando.
- Filho, Oh Meu Deus! Você está aqui! - chora baixinho Addison.
Rick e Lila estavam amarrados com fios de cobre, rígidos.
- Nos tirem daqui! - pede chorando Lila.
- Calma filha, já vou! Aguente firme aí! - peço a Lila.
Vou de mansinho até Lila e Rick e começo a rasgar aquele fio duro que os envolvia de forma castigada. Agora o som era altíssimo! Era meu chalé explodindo e o som da motoserra vindo cada vez mais alto. Desamarrei ambos meus filhos e nos escondemos perante as rochas.
Addison e eu abraçamos nossos filhos e aguardamos pelo pior.
A motoserra vinha mais perto, mais perto, mais perto até que um dado momento ela cessa. Dava apenas para ver o homem encapuzado andando e percebendo que alguém tirara Rick e Lila dos fios.
Sarcástico, ele começa a chamar os nomes:
- Rick, Lila...Rick, Lila...Eu sei que vocês estão aí! Não só vocês como Addison e Ben! Ben...lembra de mim? Sim, o demônio. Eu ainda te pego!
Eu não podia estar acreditando nisso. Ele voltara, armado e poderoso.
Apanhei uma pedra e cauteloso me levantei e chamei ele.
- Ei, calma ai! Antes de me matar, e de matar minha família inteira. Posso dar uma palavrinha com você, Sr. Diabo? - pergunto.
- Que tal abaixar a serra e olhar nos meus olhos e dizer! - ordeno.
Ele larga, vem até a mim e tira o capuz fedido:
- Eu sou o demônio, o que te leva as profundezas desse infame planeta. Eu sou O demônio que não acredita em Cristo e nem em Deus. - diz o demônio convicto.
Eu dou um grito e ele me empurra me sufocando com as mãos sujas e grossas.
Addison chora e Rick apanha uma faca de churrasco enquanto Lila uma cruz de madeira maciça.
Rick vai por trás e golpeia o demônio com a faca, na nuca. Ele cai no chão e Lila crava no peito a cruz. Eles dão um cuspe no sujeito e vão atrás de Addison que me tira do chão de poeira e terra marrom.
- Olha! Olha! - avisa Lila.
Naquele momento umas faíscas brancas azuladas saiam do corpo do demônio, logo em seguida, o corpo misteriosamente começa a arder em chamas de coloração vermelha, bem vermelha. Saímos contente da caverna e a equipe de resgate já nos aguardávamos próxima ao chalé.
Já em casa, depois de um certo tempo. Brindávamos alegremente e jantávamos pacificamente em uma noite tranquila e amena. Não foi um sonho, foi real.
Atualmente a casa não existe mais, porém nem mais hesito em pisar em Pinewood. A placa hoje está escrita da seguinte maneira:
" Bem vindos a Pinewood. A cidade onde nem sempre é tão alegre assim! ". Satisfeito, limpo de alma e...muito realizado.
FIM