MicroConto P/ Carnaval 2011

Quero ver quem entende a metáfora... e explica quem é o homem de preto (quem acertar vai ganhar um chocolate). Forte Abraço para todos e bom Carnaval.

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A linda passista tinha acabado de vestir sua fantasia: um belo biquíni enfeitado, plumas entre outros adereços, estava tão linda, tão radiante e muito feliz, mas um friozinho na barriga lembrava-a de que, na verdade, ela estava muito nervosa.

Quando ela subiu no carro alegórico. A visão privilegiada do sambódromo era evidente, mas ela ainda não estava desfilando, poucos minutos faltavam. Foi quando ela viu o homem.

Lá ao longe, encarando-a, havia um homem, com chapéu preto na cabeça e um grande sobretudo preto por sobre as roupas, apesar de estar fazendo um pouco de frio, aquela roupa era esquisita demais. “Que cara estranho”, pensou a menina. Os longos cabelos negros do homem se depositavam sobre os ombros, um vento fraco fez o sobretudo se abrir levemente, ele trajava uma roupa de tom prateado. Quando ela quis olhar melhor, alguém passou na frente dele e o homem de preto, simplesmente desapareceu. Ela ainda ficou olhando algum tempo depois, procurando-o, tentando entender o que tinha acontecido e onde o homem estava, mas foi despertada do pequeno transe pelo sinal de que o seu carro ia entrar na passarela do samba.

Demonstrando muito “samba no pé”, a mulher rebolava seu corpo magro, exibindo-se para o público. Distribuía sorrisos e acenava muito para as pessoas nas arquibancadas, ainda pensava que estava arrasando os corações de jovens solteiros e velhos casados, sonhadores.

No meio da arquibancada, eis que ela vê, novamente, o homem de preto. Ele olha diretamente para os olhos dela, parecia olhar no fundo de sua alma. A menina sentiu um leve mal-estar. De repente, o homem já não estava mais lá. Ela ficou procurando entre a platéia, mas não o viu mais. Então, continuou o desfile normalmente.

No meio da passarela, ela viu, novamente, ele estava no palanque da esquerda e olhava diretamente para seus olhos. “Como ele conseguia fazer aquilo?”, ela se perguntava. Tentando disfarçar, olhou para o outro lado da arquibancada, mas o homem de preto já estava na outra arquibancada e a passista não conseguia entender.

Ela começou a sentir náuseas, mas ainda tinha muito que desfilar, tinha que suportar. Olhou para o homem, agora ele olhava admirado para o carro que ela desfilava, mas em um mero desvio do olhar dela, o homem de preto já não estava mais lá.

No final do desfile, ela tornou a ver aquele estranho homem, mas agora ele estava sorrindo, um riso horrível, pois seus dentes amarelados pareciam podres, seus longos cabelos negros estavam esbranquiçados e o homem tinha a aparência de um velho raquítico, mas ainda era imponente, com seu longo sobretudo negro e o chapéu preto.

Pouco depois de o carro que a mulher estava sair da área de desfile, todos desceram de lá, menos a passista, afinal, ela só desceria se alguém colocasse uma escada para ela, pois estava no lugar mais alto do carro, mas alguém gritou:

-Fogo.

De algum lugar desconhecido havia surgido uma enorme labareda de fogo e toda a traseira do carro estava incendiando, apenas à passista não via nada, mas de repente ela começou a sentir o calor, quando se virou era tarde demais, o fogo havia a circundado. Ela gritava por socorro.

Pouco depois, em meio a sua agonia e dolorosas queimaduras a menina estava desesperada. Mas, do meio do fogo, o homem de preto surgiu, impressionante como ele não se queimava, o homem estendeu a mão para a passista. Ela, rapidamente, se jogou em seus braços, pedindo ajuda:

- Me salve, por favor.

O homem apenas disse:

- Queime no inferno, sua cadela.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 07/03/2011
Reeditado em 08/03/2011
Código do texto: T2832876
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