Um Beijo de Sangue

O The War era um típico pub gótico que fechou há uns dois anos atrás e,Holly iria pra lá com motivo certo: sabia da presença de um novo visitante na cidade e instintivamente sabia que ele estaria lá naquela noite.
Desde a morte de Bruce, não tinha notícias de nenhum outro como ela pelas redondezas. Apesar de só, sentia-se aliviada em não ter que dividir com ninguém seu segredo. A noite estava particularmente fria apesar de ainda ser outono e a lua minguante estava encoberta pelas nuvens pesadas. Um cenário perfeito para aquele encontro.
No pub, muita gente jovem se apertava. Era noite de rock n´ roll ao vivo e as roupas pretas e pesadas decoravam a cena junto ao cheiro da cerveja, whisky e algumas outras drogas não licitas que passariam desapercebidas por qualquer mortal. Holly sentia também a euforia, o desejo, os anseios, os medos, a tristeza e o som de um coração de vampiro...
Ela sentia, mas não o localizava no meio daquele monte de rostos que, aguardavam ansiosamente pela atração principal da noite, uma banda nova que vinha de outra cidade. No mais, sabia que tinha que esperar, pois ele já estava ali e uma hora ou outra, se cruzariam. Para Holly, o The War era familiar. Naquele ambiente se sentia confortável porque ninguém seria capaz de notar a palidez e o seu toque gelado, todos ali estavam um pouco a caminho do inferno, assim como ela. A única diferença é que ela o viveria eternamente e eles o encontrariam no abraço da morte, onde todo se humano torna-se igual e igualmente frágil.
... As luzes apagaram-se e ao som de guitarras, pouco a pouco surgia a banda em meio a fumaça artificial. Luzes brilhavam e foi então que ele surgiu. Vestia-se de preto, cabelos longos, olhos profundamente pretos e penetrantes. Era o vampiro, mas era o vocalista da banda também. Era a vida e a morte juntos no mesmo palco. E de repente, Holly sentia-se naquela ridícula história da Rainha dos condenados e com direito ao vampiro Lestat. A única diferença é que ali, era real. Existia um vampiro roqueiro e ele a chamava em suas letras.
Música a música a noite adentrou... Estava perto o momento de saber o motivo, o porque daquilo tudo e Holly, meio hipnotizada, meio atordoada o ouvia cantar para ela como um chamado louco e desesperado. Era com ela, era para ela, que num canto tentava escapar do olhar fulminante que ele lhe direcionava.
......
No meio da madrugada, naqueles momentos em que as pessoas normais estão dormindo em paz, à luz fraca da lua minguante, vi ao longe o abraço de dois vampiros. Holly estava ali envolta no abraço frio, mas terno que não sentia há tanto tempo e num gesto que só eles poderiam entender, trocaram o beijo por uma bela mordida um no pescoço do outro, trocando assim o gesto máximo do afeto entre dois seres da noite.



Simone Marck
Enviado por Simone Marck em 28/03/2011
Código do texto: T2876225
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