COLAPSO

Há alguns anos, não tantos quanto poderiam dizer os calendários caso ainda existisse algum, mas muito mais que puderam resistir os homens, o planeta terra passou por severas transformações. E então, a raça que por milênios se estabeleceu como a espécie dominante neste mundo terrestre, deu lugar a uma nova, e estranha forma de vida. Algo tão terrível que atacou sem piedade. Nenhuma edificação passou incólume por esta catástrofe. Nenhuma invenção geniosa dos homens pode derrotar tais criaturas, criadas por suas próprias mãos. Aos homens e suas criações, e a tão somente eles cabe a responsabilidade pelo colapso que recaiu sobre o planeta, e a sua própria espécie.

Não se pode precisar com exatidão quando os homens passaram a não prestar atenção que caminhavam para o seu próprio fim. Alguns dizem que o simples ato de terem sido criados foi um grande mal ao planeta. Outros creditavam a cegueira do orgulho causada pela revolução industrial inflando-os com a chama do conhecimento pleno e absoluto. Outros teólogos antes do fim ainda afirmavam que o íntimo desejo em tornar-se um Deus levou os homens a não mensurar suas próprias criações, esquecendo-se que um sistema é composto por mais que uma forma de vida. Mas isto não importa mais, e o fato histórico é que no principiar do Século XXI a humanidade começou sua derrocada. Fruto de seus próprios enganos.

E ao contrário do que muitos pensavam o pior não veio pela vingança do planeta. Não foram as temidas catástrofes naturais, alardeadas por ambientalistas na ultima década do século XX, e que de fato causaram muita destruição uma década após. A destruição, vinda de terremotos, tsunamis e derretimento das calotas polares se resolviam pela engenhosidade da ciência. Mas para ambição no coração dos homens não havia solução, ou antídoto. E elas tornaram-se muito mais perigosas ao passo que as tecnologias avançavam. Uma guerra silenciosa era travada. E a corrida para o fim se acelerou.

Foi em 2011, o penúltimo ano em que se tiveram registros, que as divergências entre oriente e ocidente se acirram como nunca havia acontecido antes num histórico de conflitos. No mesmo ano em que a opinião pública por meio da imprensa olhava para o desastre atômico no Japão, fato que por sinal ajudou a salvar algumas vidas durante o chamado “apocalipse”, sobre a falsa liderança da OTAN, guiada pelos interesses escusos de americanos e franceses, uma guerra travou-se no oriente médio.

Pouco antes deste derramamento de sangue, em vários países rebeliões e revoltas se iniciaram. A internet, que neste mesmo ano de 2011 bateu recorde de usuários foi á forma em que muitos se organizaram. Talvez meras ovelhas seguindo a trilha de pastores desconhecidos que postaram as primeiras mensagens. Pouco se soube como tudo isso começou, e se espalhou de maneira tão rápida convulsionando povos em estado de ebulição há muito tempo. O fato é que toda balbúrdia servia a alguém.

Enquanto a CIA voltava seus olhos para a questão da Líbia, buscando redimir-se do fracasso em encontrar Osama Bin Laden, o terrorista capaz de humilhar os americanos em próprio solo, derrubando as torres do “World Trade Center”, e tendo audácia para atirar um avião contra o Pentágono, o mesmo planejava seu novo ataque sob a proteção do Irã, até então em silêncio, mesmo com os bombardeios em solo vizinho. Mas ao contrário do serviço secreto dos Estados Unidos, o terrorista evoluíra, assim como toda a tecnologia a seu dispor. Em vez de militantes atando bombas contra o próprio corpo, e tendo resultados esparsos, e ás vezes sem efeito, o novo ataque era pensado, planejado e preparado sob o solo do deserto iraniano, onde nenhum americano era capaz de chegar. O mundo ocidental sucumbiria sem eles ter sequer de se afastar do quartel-general. E o contingente não passava de algumas dezenas. Mas era mortal.

Aqueles últimos anos de vida como conhecíamos foram marcados pela agilidade e supremacia da internet. Milhões de internautas ávidos por consumir e produzir conteúdo. Dependentes de suas redes sociais dispensavam horas à rede. Sem saber eram também recrutados pelo terrorismo. Sim a internet principiou o fim. Não que Osama Bin Laden fosse muito inteligente. Ele tinha o cinema para criar seus planos, e assim como quando derrubou as “Torres Gêmeas” inspirado por um filme, elaborou seu plano sobre a plataforma do “Exterminador do Futuro”. Ele criaria sua própria versão de “Skynet”. Engenheiros de computação recrutados trabalhavam exaustivamente nas salas cercadas pelo chumbo do aço que os protegia.

Como previu o cinema o mundo estava dentro dos computadores. Da vida de um simples vendedor de carros, aos programas de segurança das nações. Todos estavam interligados pela rede mundial de computadores. De satélites a usinas, eram controlados por sistemas virtuais. E eles achavam que estavam seguros. No entanto há sempre uma brecha. Sem perceber, gradualmente a rede ficava, mais, e mais lenta. O terrorista tinha sua estratégia, e geralmente conseguia obter resultados positivos. Mesmo que isso viesse a matar muita gente. Inocente ou não.

Dizem que em dezembro de 2012 o Facebook ficou fora do ar. Na disputa comercial denunciaram o Google, e o Twitter por um possível ataque. Porém em 15 de dezembro, o Google saiu do ar completamente por 24 horas. Os problemas na rede, e a guerra dividiam a atenção de sites, e de televisões do mundo inteiro. Dependentes destas páginas milhões de pessoas teclavam F5, e congestionavam a rede, agravando o problema. E então em 20 de dezembro, mais de 2 bilhões de computadores, invadidos pelo vírus OSBL.exe tornaram-se máquinas zumbis a serviço do terrorismo. Foi quando toda a rede caiu, não suportando o ataque.

Naquele dia, nos territórios em que era noite, um apagão planetário aconteceu. As redes de energia não suportaram e caíram. As linhas telefônicas tombaram, sem internet, televisão ou rádio em todo o mundo. O caos teve início. Mas este não era simplesmente o objetivo, e sim o meio. Preparado para o que vinha, enquanto tanques disparavam mísseis a esmo na Líbia. Em sua central de comando, Bin Laden ordenava religarem os sistemas nucleares agora frágeis aos seus “Cracker’s.”

Aturdidos, houve estranhamento quando as usinas nucleares reiniciaram seus sistemas. Apenas elas davam sinais de recuperação. Depois veio o medo quando técnicos perceberam não estar no controle. Eram 06:00 no horário do pacífico, de 21 de dezembro de 2012, quando dezenas cogumelos atômicos se espalharam pelo globo terrestre. Não houve sequer uma única usina nuclear em atividade que não fosse explodida pelos ares. Vitorioso foram os dedos magros do próprio terrorista a teclar “enter”.

Mas o apocalipse nuclear não foi o final dos tempos como previam os profetas. Foi apenas o fim dos homens... O fim de um sistema que por muitos e muitos anos imperou... 21 de dezembro de 2012 não é a data do fim do mundo, mas sim de seu recomeço. Uma nova era. Uma nova raça. É desta data que se sabe apenas a quase extinção da humanidade, e o surgimento de uma nova e tenebrosa espécie dominante sobre o planeta.

E este o início do reinado dos “In-Mortis”.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 08/04/2011
Código do texto: T2896325
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