O Bueiro Maldito

Ricardinho como sempre na sexta-feira a noite curtia seu vazio numa festa eletrônica qualquer.

Olhou para uma menina e seu coração explodia de paixão, ele estava movido a doce e a bala, aproximou-se da garota e disse palavras desconectas.

Geralmente a receptora de suas palavras era do mesmo naipe que ele, mas desta vez a garota estava limpa e não lhe deu importância.

Aquilo lhe abalou exageradamente, já estava tarde, voltou para a casa a pé, chutando as latas de cerveja vazias.

Após estar certa distancia da boate, encontra um bueiro entreaberto e pensou: “Que perigo!”, sem saber bem o porquê, resolveu tampá-lo com intuito de que ninguém caísse no buraco, ao tocar a tampa ouviu uma voz em falsete:

- Hei Cuidado!

Ricardo se assustou, olhou para todos os lados, mas apenas a rua deserta que se apresentava, tomando coragem perguntou:

- Quem está ai?

- Sou eu! – Uma voz de dentro do bueiro respondeu prontamente.

- Você caiu ai dentro? – Perguntou preocupado. – Espera um pouco vou chamar ajuda.

- Não precisa, não há ninguém aqui dentro, sou eu “o bueiro” que está falando com você.

Ele chacoalhou a cabeça e pensou: “Vou parar de usar drogas” e o bueiro continuou a falar:

-Você não está louco, eu sou real! Posso lhe conceder qualquer desejo, desde que me ajude.

-E por que eu sou o escolhido para receber esta benção?

-Simples... Você foi o primeiro que passou aqui, então vai aceitar minha proposta ou não?

-Aceito. – Respondeu Ricardinho prontamente. – O que devo fazer?

-Você primeiro faz um pedido, depois entre no bueiro e feche a tampa por um minuto, nisso eu serei liberto e você poderá sair e seu desejo será realizado. Faça seu pedido agora...

-Ok! Eu quero transar com a garota que conheci na festa agora a pouco.

Ele pegou a tampa e desceu vagarosamente e fechou o bueiro, nisso um brilho ouro rodando ao sabor do vento se formou sobre o bueiro e uma figura demoníaca surgiu.

O demônio pôs a mão no rosto, tomando o formato de Ricardinho, sorriu cinicamente afastando lentamente do bueiro, tomando a direção da boate.

Chegando ele foi diretamente para a garota que Ricardinho desejava, conversou não muito com ela e logo eles saíram indo para um motel, onde transaram o resto da noite.

Neste ínterim, Ricardinho gritava:

-Hei me tire daqui...

Conforme ia passando o tempo ele sentia uma claustrofobia, o ambiente começava a se fechar e a espremê-lo, até que certo momento ele tinha se fundido com a tampa do bueiro e seus gritos não se faziam mais ouvir.

O suor descia de sua testa, não conseguia se mexer e ficou naquele estado catatônico durante horas, na madrugada seguinte o demônio voltou e disse:

-Amigo está na hora da sua recompensa...

-Hummm... Hummmm... – Ricardinho não conseguia responder, mas seus pensamentos eram de socorro.

- Ah tadinho! Não consegue falar. – Zombava o demônio que estava com uma picareta na mão. – Não se preocupe vou acabar com seu sofrimento.

Ele começou a destruir a tampa do bueiro até que sobraram apenas pequenas pedras, Ricardinho sentia cada pontada da picareta e muitíssima dor e a escuridão tomou conta do seu ser, por certa ótica até foi melhor, pois foi um alivio para seu sofrimento.

Não era o fim, ele acordou amarrado numa rocha em pleno inferno, o demônio que ele havia libertado estava lá e lhe disse:

-Obrigado por me libertar, agora você viverá aqui para todo o sempre... – E deu uma risada macabra, Ricardinho por toda eternidade gritava:

-Ahhhhh! Socorro...

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