Água turva (miniconto)

Dedico este conto ao Mauro Alves, como um pedido de desculpas (DESCULPE –ME, MAURO, PELA MINHA GROSSERIA!), escrevi-o de acordo com a concepção dele, e a minha, de miniconto: o conto ensina a lição de que não se deve deixar cegar pelas circunstâncias, ou as aparências, e tem menos de 400 palavras (tem 388, tá bom assim Mauro? É o maior miniconto que escrevi nessa minha vida)

Seu Oswaldo era casado com dona Elena há mais de dez anos. Juntos eles tiveram três filhos, Camile, Carlos e Claudinho, um mais bonzinho do que o outro, sempre que precisava, iam buscar água para os pais.

A certa altura do casamento, o seu Oswaldo reparou que dona Elena andava meio desanimada no que dizia respeito à vida conjugal deles dois. Passou a desconfiar da esposa, a vigiá-la, sondar aonde ela ia e com quem ia.

Um dia, por um infeliz acaso, seu Oswaldo caçou dona Elena passeando nos braços de um sujeito que ele nunca vira mais gordo na vida. Era chamego para todo lado, um tal de um cochichar no pé do ouvido do outro. Ele quase armou o maior escândalo na praça, mas resolveu guardar seu ódio para quando estivesse a sós com a esposa.

Àquela noite, dona Elena disse que precisava ter uma conversa muito séria com ele, coisa que mudaria a vida dos dois para sempre. Seu Oswaldo emendou e disse que também tinha um assunto muito grave para resolver com ela. Foi aí que ele esganou a mulher até os olhos dela saltarem das órbitas.

Sem que os filhos percebessem, o marido carregou a esposa e teve a grande ideia de jogá-la dentro do poço atrás da casa. Nem lhe passou pela cabeça que não tardaria para que alguém descobrisse a sua obra.

No dia seguinte, os filhos, querendo ajudar a mãe, que custava a sair da cama, foram buscar água no poço. Enquanto isso, seu Oswaldo acordava da noite de sono mais terrível da sua vida. Havia sonhado a noite inteirinha que a mulher vinha se deitar a seu lado, pingando água gelada do corpo putrefato.

E quando alguém bateu à porta, seu Oswaldo quase desencarnou.

Ao atender ao chamado, deparou-se com ninguém menos do que o filho da puta do amante da sua recentemente falecida esposa.

Estava a ponto de voar no cangote do infeliz quando este se adiantou e disse:

- Muito prazerrrrrrrrrr conhecê-lo, cunhado! Nooooooooossssssssssaaaaaaaaa, que bofe que a minha mana arranjou! Ela já te contou que estou vindo para ficar?

Seu Oswaldo quase desfaleceu ali mesmo. E, para piorar a situação, os filhos voltaram correndo, gritando que a água do poço estava turva como se alguém tivesse jogado um cavalo morto lá dentro.

Andhromeda
Enviado por Andhromeda em 17/05/2011
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T2976196
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