O lago

O Lago

“Num distante lugarejo, numa era já esquecia, uma lenda sobre um fantástico lago era contada e recontada pelos seus moradores. Porém, essa lenda foi deixada de lado com o passar dos séculos e o caminho que levava até e o lago esquecido.”

Frustrada por ter se perdido e por não conseguir concertar seu carro, que havia atrapalho numa estrada de terra abandonada, uma moça chamada Anna se põe a andar a procura de alguém que pudesse lhe prestar alguma ajuda. Em determinado momento a estrada se estreita a ponto de virar uma trilha, sem outra alternativa ela segue em frente, até que encontra uma mulher com os cabelos já embranquecidos pelo chegar da idade.

— Olá. Será que a senhora poderia me ajudar? É que eu acabei me perdendo e agora meu carro atrapalhou e eu preciso de um telefone para poder chamar um mecânico. — pergunta temendo se aproximar muito da mulher de aparência estranha.

— Gostaria de poder lhe ajudar, mas também estou perdida!

— Verdade? E há quanto tempo está perdida? — a julgar pelas roupas sujas, rasgadas e com pequenos galhos presos a tempo suficiente, para Anna perceber que não receberia ajuda de espécie alguma daquela mulher.

— Já nem me lembro mais! — respondeu após um longo suspiro — Muitos séculos se passaram desde que desisti.

— Desistiu? Do que a senhora desistiu?

— De lutar pelo homem que eu tanto amei!

— E por que desistiu?

— Porque me vi refletida nas águas daquele lago amaldiçoado. Esse lago é diferente por refletir seu futuro, mas ele só reflete os seus medos, e eu me vi velha e sozinha. Eu vi que ele, o meu amor, continuava jovem e belo, e que me deixava deitada num lugar escuro e frio. Ele me deixava morrer. Senti tanto horror e medo que me perdi e agora não sei mais voltar para casa. Estou velha e só. O lago te faz sentir saudades do que você poderia ter vivido se não fossem os seus medos.

Sem dizer mais nada a velha se pos a andar por entre as árvores, até sumir de vista. Anna se convenceu de que ela era louca e continuou a seguir a trilha agora ladeada por árvores e pedras.

Depois de andar por muito tempo encontrou um lindo lago de águas cristalinas, e se perguntou se aquele seria o lago sobre o qual a velha havia falado. Sua sede era tanta que ela não se importava se fosse o mesmo. Afinal, lagos encantados só existiam na cabeça de escritores malucos e velhas loucas.

Ao se aproximar da margem do lago, se ajoelhou e ao levar as mãos para apanhar um pouco de água, viu que essas, antes cristalinas, começavam a ficar turvas até que algumas imagens começaram a se formar.

Assustada, ela acorda e passa a mão pela testa coberta de suor. Felizmente estava em sua casa, em seu quarto, em sua cama. Tudo não havia passado de um sonho muito maluco. Anna se ajeita melhor para voltar a dormir, mas de repente se vê abraçada pelos braços cadavéricos que ela havia visto refletidos nas águas do Lago da Saudade.

Brasi Wykeman
Enviado por Brasi Wykeman em 26/11/2006
Código do texto: T302272