A velha e seu demônio

O casal que morava nos fundos de minha casa sempre aprontava umas badernas em finais de semana.

Começava com uma festinha, um churrasco com amigos e no final da noite depois que todos iam embora e o álcool já estava acima do limite acaba sempre em brigas.

Já estava virando rotina. Mas no último final de semana foi bem diferente.

Foi a pior cena que já vi em minha vida.

O som rolou solto até altas horas acompanhado de muito riso, farra e bagunça.

Mas depois que os amigos se foram, por incrível que pudesse parecer tudo estava em silêncio. Aliás um silêncio até assustador.

Aproveitei e fui dormir. Não demorou muito o barulho começou. A princípio um bate boca. Depois gritos dela e o som de coisas sendo jogado contra paredes.

O cachorro começou a latir violentamente como se algo mais estivesse acontecendo.

Ao lado de meu quarto fica o corredor que dá acesso à casa deles.

Pude ouvir claramente alguma coisa se arrastando por ele. E em seguida os gritos desesperados da moça. Ela gritava muito, como eu nunca tinha ouvido. Eram gritos intercalados com choro.

Dei um pulo da cama quando ouvi os gritos do rapaz. Eram apavorados e misturados com pedidos de socorro.

Saí correndo para ver o que estava havendo.

No início do corredor ao lado do pequeno portão há um interruptor que acende a lâmpada que ilumina o corredor. Após o clique uma luz fraca se acendeu e a cena que vi realmente me deixou de boca aberta.

Em toda minha vida nada tinha me assustado mais do que aquilo.

Apesar da iluminação fraca pude ver ao fundo do corredor a jovem encostada á parede como se estivesse crucificada, mas estava suspensa do chão, há uns oitenta centímetros de altura.

Ela chorava desesperadamente.

Mas o pior estava vindo em minha direção. Era o marido sendo arrastado pelo chão, como se uma força o puxasse pelos pés, mas nada se via, apenas seu corpo se debatendo pelo chão aos gritos.

Ao chegar bem perto de onde eu estava, não sei o que o estava puxando, mas o soltou e o pegou pelos cabelos e o puxou no sentido contrário.

Fiquei ali parado, sem saber o que fazer.

O medo tomou conta de meu corpo.

Quando a jovem no fim do corredor me viu, gritou desesperadamente por ajuda.

E quanto mais ela gritava, mais alto seu corpo ficava do chão,

Eu não sabia o que fazer, ou se corria de volta para minha casa.

Chamar a polícia? Chamar um padre?

E a coisa continuava a arrastar o rapaz que já estava todo machucado.

De repente ao meu lado uma velha senhora aparece e quase me mata de susto.

Era uma vizinha da rua, bem idosa e de costumes estranhos. Uns diziam que era bruxa ou coisa parecida.

Na verdade a maioria das pessoas tinham medo dela.

Ela ficou ali olhando a cena toda e rindo com o canto da boca como se aquilo fosse engraçado.

De repente ela fica séria, e quando o rapaz é arrastado novamete para perto de nós ela começa a falar umas palavras em uma lingua estranha.

Tudo parece ficar calmo. A jovem escorre pela parede até o chão e o rapaz fica estatelado no chão todo esfolado.

A velha continua a falar palavras estranhas como se estivesse repreendendo alguém que soemtne ela via.

Virou-se e contiunou a conversar e seguiu para sua casa. Do outro lado da rua.

A jovem ficou lá sentada no chão e o marido no início do corredor.

Resolvi então chamar a polícia e uma ambulância.

Quando chegaram tentaram conversar com o casal que pareciam estarem em choque.

Me perguntaram se eu vira o que havia acontecido e eu disse que sim, mas que eles provavelmente não acreditariam se eu lhes contasse.

Na verdade nem eu mesmo estava acreditando.

A velha tinha demônios de estimação.

Eu não podia contar isso á polícia.

Não mesmo.

Deixe que o casal contasse quando voltassem a si.

Depois disso, acabei me mudando para outro bairro e perdi contato com eles.

Mas foi uma madrugada assustadora. Com certeza.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 21/06/2011
Código do texto: T3049194
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