Litoral dos Mortos - Capitulo 8 - Verdades Sangrentas

A geladeira na casa de Fernanda era farta, assim como a dispensa, havia duas grandes peças de costela no freezer, que agora cheiravam maravilhosamente em cima da mesa, Sabrina a fizera assada regada a vinho, colocou também enormes rodelas de tomate e cebola , o prato era lindo, dava até dó de comer. Junto a costela fizera arroz branco, que havia ficado bem soltinho e um escarbete de berinjela com bastante shoyu e azeite, uvas passa, azeitonas pretas picadas e pimentões de todas as cores.. Quando tudo estava à mesa começaram a comer em meio a piadas pra tentar esquecer os tristes eventos que havia acontecido:

- Será que os famosos viraram zumbis? Imagina o Silvio Santos zumbi? - disse Bruno - Quando ele for comer seu cérebro é capaz de perguntar “Você veio da caravana de onde?”. – todos deram risada.

- É o Sergio Malandro? – perguntou Ale

- Este eu mesmo tenho o prazer de matar – respondeu Sabrina rindo – Esse vivo já um saco. A conversa está ótima, mas acho que temos assuntos mais importantes a se por a mesa. – falou em tom sério, tirando o rosto alegre de antes e fitando Olhos Verdes.

A moça arrancou um grande osso da costela que estava em seu prato levou a mão por debaixo da mesa, Killer abocanhou o osso e lambeu os dedos com gordura de Olhos Verdes, que se pos a falar:

- Pois bem, vamos ao que interessa. Eu não sou daqui, era a primeira vez que conhecia a praia, estava com meu namorado, nos afastamos, fomos pra um lugar deserto pra fazer o que vocês já devem imaginar o que. – deu um risinho, e uma pequena pausa. – Estávamos lá, quando um corpo de um homem gordo veio do mar, estava morto, e em seguida não estava mais,... mordeu meu namorado... que depois tentou me morder também. Ele tinha seu nome,...Ale, eu fugi e a praia antes cheia estava vazia, tinha apenas pedaços de gente. Fiquei desesperada, não sabia pra onde ir, e em questão de minutos ouviu um barulho estrondoso em cima a minha cabeça e uma ventania enorme. Era um helicóptero, um não, tinha mais. Ele desceu até a areia, homens com a roupa do exercito saíram de dentro dele, e em seguida meu sogro. Ele me perguntou se eu estava bem, e em seguida pergunto pelo filho. Contei o que tinha acontecido e ele me disse que infelizmente não haveria mais chance a Ale, me disse pra entrar na aeronave que ali não era seguro, me parecia que ele sabia das coisas. Só pra constar, me sogro é dono da MedCom...

- Empresa biomédica que recentemente se fundiu a BioRio, que é uma empresa que trabalha pro governo.- disse Sabrina.

- Exatamente, pro governo. - continuou Olhos Verdes dando uma risada pra Sabrina - Me levou pra uma sede da nova BioRio MedCom, que fica em uma ilha, outros helicópteros chegavam, alguns com o logo da empresa e outros do exercito. Eles traziam pessoas, todas apavoradas como eu. Por algumas horas pensávamos que aquilo era nossa salvação, mas nos enganamos, colocaram todos em “quartos” – fez um sinal de aspas com as mãos – aquilo eram celas, só saímos de lá pra comer e tomar banho, e não deixavam nós conversar demais, no almoço havia muitas pessoas e na janta tinha diminuído drasticamente. Pedi pra falar com meu sogro e naquela noite me levaram até ele na madrugada. Quando cheguei ele estava lá olhando para um vidro que dava pra uma sala, tinha dois homens, um eu vira no jantar, soldados entraram com uma arma bem grande, era preciso três pra segurar e mais um pra acionar, quando dispararam eu não vi nada, era como o tiro fosse invisível, os dois homens caíram colocando as mãos na cabeça, um deles batia a cabeça contra a parede como se a morte fosse melhor do que estava sentido. Em seguida começaram a se decomporem vivos, suas peles caiam do corpo e fazia enormes buracos pelo corpo, ficaram imóveis, mortos, e em poucos minutos se levantaram e ficaram como os mortos que vemos por ai. - Então foram o próprio governo mesmo que criou os mortos, essa arma decompõe as pessoas. – disse Sara espantada.

- Não é bem assim, meu sogro me disse que a intenção e deteriorar o cérebro, levando o individuo a ficar como uma criança, iriam usar isso em bandidos perigosos, fazendo eles regressarem e reeducá-los novamente pra viver em sociedade. Mas deu errado, ela deteriora tudo, faz o cérebro regressar e transforma o ser humano em selvagem, ela não mata de verdade, o cérebro ainda fica vivo, mas num estado quase vegetal, por isso mesmo dilacerados eles levantam, não sentem dor, o cérebro não sabe o que é isso.- falou Olhos Verdes

- E por isso que morrem com um tiro na cabeça, eles realmente estão vivos, com o cérebro funcionado, atirando assim nós tiramos a vida deles – disse Ale

- Mas é obvio que uma arma de tamanha complexidade não daria certo sendo feita por brasileiros – disse Fernanda. – Nem tem dinheiro pra fazer essa merda.

- O dinheiro vem de fora, a arma não ia ser usada aqui, era pro exercito americano, mas por riscos resolveram fazer fora do país, deram um boa quantia pros nossos governantes e pronto, conseguiram usar o Brasil como uma grande cobaia – disse Olhos Verdes. – Não sei como os mortos saíram da ilha e chegaram até a costa, mas o litoral do Brasil inteiro parece que foi condenado.

-Como você fugiu? – perguntou Ale

- Depois de ver aquilo e que meu sogro me contou a verdade ele me mando novamente ao meu quarto, disse algo ao guarda que ia me escoltar, não escutei o que era, mas quando viramos um corredor que estava vazio eu tomei a arma dele e lhe dei uma coronhada, corri em direção ao caminho que eu cheguei, consegui chegar ao heliporto, um soldado tentou me parar, atirei em suas pernas, matei mais uns dois que me lembro e peguei um helicóptero. Graças a Deus que meu namorado me insistiu em levar naquela porra de curso de pilotagem, achei que não usaria aquilo pra nada. – disse Olhos Verdes.

-Então você pilota? – perguntou Sabrina sem querer ouvir a resposta, bateu com as duas mãos na mesa bem forte e disse alto – Nós temos armas, nós temos uma pilota, nós temos coragem, então nós temos uma saída. Vamos sair desse Rio de Janeiro vivos ou morreremos tentando. Quem está comigo?

Ficaram todos em silêncio por um momento quando Ale gritou – Eu estou! – E em seguida Bruno, e depois Sara, Olhos Verdes se juntou ao coro e Killer se pôs a latir. Olharam pra Fernanda e ela disse: - Foda-se, eu também to nessa loucura.

Continua no penultimo capitulo - A Morte Espreita

Renan Pacheco
Enviado por Renan Pacheco em 06/08/2011
Reeditado em 06/08/2011
Código do texto: T3143609