A maldição do capitão do mato - Cap. I A fazenda da ressaca

Fazenda da ressaca, zona da mata de Minas Gerais, meados do século XIX. O Brasil já era império nesse tempo, o resquício da antiga colônia ficara para traz e agora a dinâmica econômica estava aos poucos se transformando.

Nesse tempo o ouro já não ditava as regras por essas bandas, porém, seus rastros eram largos, através dele vários fazendeiros fizeram fortunas e construíram verdadeiras dinastias familiares com o tradicionalismo colonial. As fazendas eram enormes, basicamente trabalhavam com a criação de gado e com plantações de algodão e mais alguns tipos de cereais.

Dentre essas fazendas destacava-se a fazenda da ressaca, com uma imensa área e com uma gama enorme de escravos, essa fazenda era conhecida até na capital do império.

Seu dono, o impiedoso é o coronel João Carlos da família dos Cavalcanti. Seus antepassados fizeram fortuna desde a época do ouro, suas posses eram muitas, suas influências políticas também, um temperamento muito difícil até para a própria família.

Comandava com mão de ferro seu patrimônio, não perdoava desvio de conduta de seus empregados e escravos e qualquer falha era punida com inúmeros castigos.

O coronel João era casado com Ana Pereira Cavalcanti, uma doce mulher e os dois tinham três filhos, duas moças e um garotinho, são elas: Janaina a mais velha com 16 anos, Raquel de 10 e o pequeno Joaquim de 5 anos. O coronel tinha 41 anos e sua esposa tinha 32anos.

João Carlos era o típico senhor do patriarcado, seus filhos eram extremamente obedientes as suas decisões, suas ordens inquestionáveis e suas leis sempre cumpridas. Não media esforços para conseguir o que queria e se fosse necessário usava dos mais escusos métodos para alcançar suas ambições.

Sua mulher, Dona Ana foi conduzida ao casamento desde nova, num arranjo de dote entre famílias, Ana se casa com João com apenas 12 anos, aos 16 tem sua primeira filha Janaina. Sua família, o Pereira era donos de outras fazendas na região, assim como o Cavalcanti também fizeram fortunas com o ouro.

Até para evitar possíveis disputas de poder entre as famílias, as alianças eram constantes, as famílias preferiam se unir a se ver numa disputa entre elas que poderiam prejudicar, afinal é melhor ter o inimigo sempre à vista do que correr o risco de ser atacado de surpresa.

Os filhos, Janaina a mais velha já estará prometida a um casamento com outra família, porém não era do gosto dela. Raquel a do meio ainda não estava sentindo a pressão de um casório, porém pelo tradicionalismo esse poderá ser o seu destino próximo, o mais novo Joaquim de 5 anos esta nas pretensões de João para assumir os negócios da família.

O coronel fazia questão de acompanhar a lida de perto, todo o dia montava em um de seus cavalos e vistoriava o trabalho dos escravos nas lavouras. Se percebesse algo que julgava errado ele mesmo se encarregava de solicitar os castigos, esses castigos eram os mais variados possível, desde chibatadas a queimaduras nas costas acrescidas de sal para cauterização das marcas.

Nesse ambiente as coisas seguiam nesse local, o coronel, sua família, seus empregados e seus escravos, a vida parecia seguir em seu rumo, porém, a vida trabalha com o imprevisível constantemente.

.......continua.......

Histórias mil
Enviado por Histórias mil em 29/08/2011
Reeditado em 25/09/2011
Código do texto: T3189566
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.