A Vampira da Garibaldi

Faça dia ou noite, a Rua Garibaldi em Porto Alegre é tomada por putas, mendigos, e toda escória que a sociedade pode produzir. Em especial o trecho envelhecido e podre que vai da Avenida Farrapos até a estação rodoviária, com seus prédios decadentes, e calçadas sujas é tomado por essa espécie de “caçadores” que ali ficam a espreita de suas “presas”.

Uma de suas habitantes mais célebres é Cleópatra, codinome alcunhado por causa de seus negros e escorridos cabelos. Ela está ali diariamente, com seu corpo exposto próximo a uma porta toda desgrenhada, num prédio próximo com a esquina Voluntários da Pátria. Não era muito difícil ela diferenciar-se das outras companheiras de calçada, já que seu corpo seminu mostrava-se jovem, e com uma pele alva, esbranquiçada como camiseta de propaganda de sabão em pó. Um verdadeiro contraste com as putas que a cercavam, caídas, murchas, e olhos caídos. Cleópatra parecia gostar do que fazia. Seus olhos eram vivazes como os de uma fera preste a atacar. Vestida sempre de forma a mostrar a polpa da bunda e os fartos seios, sempre conseguia incautos clientes, e vez por outra uma boa presa pra lhe saciar a fome.

Naquela tardinha cujos tons dourados do crepúsculo cobriam Porto Alegre, Edimar, o eletricista não sabia que a “rainha” tinha completado sua cota de clientes do dia, e aguardava apenas por seu jantar. O homem de corpo esmirrado era só sorriso com a carteira cheia, com a verba recebida na rescisão de trabalho. A demissão daquela maldita firma, ao menos uma alegria teria de dar-lhe, e assim ele se encantou pelas pernocas branquelas.

 Pode avaliar o material gostosão. Disse ela.  Te faço um preço especial hoje, e com tudo que você merece. Ao terminar de falar ela despudoradamente mordiscou a língua, fazendo o eletricista sentir um formigamento dentro das calças.

Decidido ele entro pelo corredor puído, cuja alvenaria caia sobre o piso disforme, e seguiu a mulher fitando cada movimento de seu traseiro enquanto ela subia as escadas até o quarto. “Essa promete” pensou o homem, que já imaginava tudo que aquela puta poderia lhe proporcionar. Seriam os melhores oitenta contos já gastos em sua vida.

Insinuante ela abriu a porta, e abraçou-o levando para seu interior, onde apenas uma cama com lençóis puídos, e um bidê constituíam o mobiliário. Para ele era o suficiente. Ela empurrou-o sobre a cama, e ligou o pequeno rádio sobre o bidê e começou a dançar lascivamente. As peças de roupas, já parcas, foram descobrindo seu corpo de forma gradativa, até que ela estivesse completamente nua, rebolando de costas muito próximo ao rosto do homem perplexo em encontrar tão gabaritada profissional.

Edimar tinha a impressão que a puta de fato queria agradá-lo como nenhuma mulher já o fizera. Pouco a pouco no ritmo de dança ela despiu seu companheiro, cujo membro estava quase no ponto desejado pela vampira da Garibaldi. Ah, sim, acho que não tinha mencionado, Cleópatra, era uma vampira e tinha especial interesse naquele homem e em sua ereção. Para elas, não há melhor forma de alimentação, do que um macho em ponto de bala, pois pescoços são duros e rijos, e nenhum sangue é tão quente e denso quanto aquele que irriga o falo masculino. Por isso sem cerimônia alguma, ela começou a sugar lentamente com seus lábios aveludados para elevar ao máximo a concentração de prazer de sua vítima. Absorto em seu êxtase particular, recebendo o melhor sexo orla de sua vida, com os olhos intumescidos o eletricista não percebeu quando as presas cresceram na boca de sua parceria. Sentiu apenas a dormência de uma mordida mais forte, e lentamente uma fraqueza apossar-se de seu corpo. Em seus últimos momentos de consciência ele jurava estar próximo ao ápice final, e a morte lhe veio sem notar que a mulher nua gemia de prazer a cada gota de sangue que sugava, até que o corpo do eletricista restou seco.

Saciada a vampira se recompôs do prazer que a umedeceu por inteira. Tinha enfim encontrado um bom sangue, e lambia cada gotícula quando ouviu as batidas na porta.  Pode entrar. Disse ela. Sabia quem era. Como sempre, o afoito cafetão.

O homem de estilo bruto entrou no quarto, e foi direto ao corpo falecido e frio. Pegou-o pelas mãos e começou a arrastá-lo por corredores imundos, escadas, até chegarem ao porão. Empurrou uma porta de metal enferrujado, e levou o corpo do eletricista por uns quinze metros adiante, onde o empilhou sobre outros corpos. Saiu do porão, certificando-se de trancá-lo com cadeados grossos, e como uma expressão de satisfação no rosto. Tinha comida o suficiente para os dias de lua cheia que se aproximavam.

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Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 19/10/2011
Código do texto: T3285518
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