Uma estranha manhã de inverno - Fatos Reais

Vento. Sem pássaros. Céu azul fosco. Era mais uma manhã se iniciando. Desta vez, de uma maneira bizarra.

Após uma noite de incansáveis ruídos perturbadores na mansão dos Richs, eu, vizinho até então, me preparei para uma breve caminhada de mais ou menos vinte e um passos até a porta de madeira dos Richs. Botas, gorros, casaco e luvas me abarrotavam da cabeça aos pés. Era inverno rigoroso. A caminhada se inicia aos poucos. A preguiça embaralhada com o temor me atimorava naquele andar pesado e calado.

Minha mão parecia escorregar naquele gelo que estava a derreter, na maçaneta da porta.

Tentei ver através dos janelões da casa, porém a cortina me impedia, ainda que esta era de cor escura.

Uma tentativa que caiu em disparate foi de chamar ao caseiro, não se encontrava, estranhei.

O cachorro da família não respondia nem aos assovios. A grama parecia engolir minhas botas, o frio rachava os lábios semi quentes.

Resolvi tirar as luvas por um momento e tentar girar a maçaneta. Girando com receio de atormentar o sono da família, a maçaneta gira e a porta, consequentemente, abre.

Eu coloco a luva. E antes mesmo de ela finalmente alcançar o meu punho por completo, eu escorrego com tamanha violência em uma poça de sangue ainda fresco.

No chão. Imóvel. Torno meus olhos para o lado direito e avisto a Senhora Richs, caída, esfaqueada centenas de vezes no peito. E no teto da casa, o cachorro se encontrava em cima do então deslumbrante lustre de cristal. Tento me levantar e alcançar o telefone. Falhou, e mais uma vez. Quando finalmente consegui me levantar, eu olho ao redor e observo, estático, a cena de horror que ali se encontrava. Ainda me restava ter conhecimento do Senhor Richs e de suas duas filhas.

Com o telefone em mãos, eu disco o número da Emergência. As palavras não saíam de modo algum da minha boca petrificada.

Após inúmeras tentativas a polícia atende meu chamado e diz estar vindo às pressas.

O estalo daquela escada era evidente, haviam marcas de sangue por toda parte daquela imensa casa. Conseguía avistar uma faca entortada em quarenta e cinco graus logo a minha frente. E ao virar a esquerda, eu vejo a filha caçula do casal, morta, com a garganta...

Sem palavras para descrever os sentimentos e o temor, além do medo e da ousadia do autor, no momento em que este realizava o massacre.

E quanto à filha mais velha e o Senhor Richs? Pois bem, o Senhor Richs encontrava de bruços no carpete da biblioteca, apresentava dupla entrada de um aparente garfo de cozinha. Apunhalado nas costas, mal conseguia imaginar o quanto aquele meu velho amigo estava sofrendo no fatídico momento de sua morte.

O banheiro me cheirava algo de estranho, pois com imensa coragem me apresentei a correr e abrir de uma vez só a porta. Nada. Apenas a cortina da banheira fechada com a água ligada. Medo mixado com apreensão e sentimento inexplicável. Devagar, iniciei a abertura daquela cortina de plástico. Ao abrir por completo, só me restavam os azulejos quebrados e arranhados.

Um barulho ecoava do sótão. Este, estava logo a minha frente. Com uma pequenina e fina corda, abri. Subi. E ali me deparava com algo asqueroso e rude. Um armário. Soava muito esquisito. Aberto, eu entro em colapso e rapidamente apago. Acabo por cair e vejo um vulto correndo para pequena janela do sótão, quebrando-a e simplesmente desaparecendo em meio a gélida manhã. Estava eu, inconsciente, caído em meio aquele asqueroso chão de sangue, em uma manhã de horror, com uma dúvida no ar.

"As investigações continuam até hoje. Ainda não se sabe ao certo o autor dos múltiplos homicídios. Clara Richs, a filha mais velha do casal, foi encontrada decapitada no quintal da família. O caso, permanece em sigilo."

Nathus
Enviado por Nathus em 20/12/2011
Código do texto: T3399058
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