O MISTÉRIO DO VELHO CASTELO - PARTE 10

- Por aqui Sr. Armand. Entre por favor. Gostaria de falar com o senhor há algum tempo. É bom tê-lo aqui.

- Com licença – Armand entrou em uma grande casa. Parecia que o homem de pequena estatura tinha muito dinheiro e pelas caixas ainda fechadas na sala, devia ter se mudado para a cidade há pouco tempo.

- Desculpe não ter me apresentado. Sou Ricardo. Conversei com seu patrão a respeito do senhor. Ele falou muito bem de seus serviços e o recomendou a mim. Como pode ver, acabei de chegar na cidade e precisaria de ajuda para organizar minhas coisas. É por pouco tempo. O Sr. Monteiro concordou em liberá-lo por uma semana. Creio que seja tempo suficiente para arrumar esta bagunça.

-Será um prazer ajuda-lo Sr. Ricardo – Armand sentia-se desconfortável com a proposta, mas o que poderia fazer? Recusa-la seria uma ofensa ao Sr. Monteiro, e isso ele não queria de jeito nenhum.

- Mas que falta de educação a minha. Não lhe ofereci um café. O Sr.aceita?

-Sim, obrigado.

-Espere aqui, sim?

Dito isso, Ricardo se levantou e seguiu em direção à cozinha. Olhando ao redor da sala, Armand se sentiu desconfortável novamente. Mas não pela proposta que recebera. Aquele lugar era estranho, e extremamente grande para uma pessoa que morava sozinha. Ainda mais uma pessoa como aquele homem. Baixo, de pequena estatura e com uma estranha personalidade, mais parecia que ele tinha vindo do século XVII. A sala era enorme. No centro, uma lareira empoeirada com estatuas douradas de leões nas suas extremidades. No canto direito da sala havia uma janela, e ainda coberto pelo plástico, um enorme relógio de madeira fazia um pesado tic-tac. Olhou pela janela da sala e viu que ela dava a vista para um jardim no fundo da casa. Uma fonte cheia de limo e com água parada, ervas daninhas crescendo em meio as flores já bem grandes e uma casinha de jardineiro ao lado do muro com a porta entreaberta.

-Apreciando a vista?

Armand deu um pulo de susto, e pouco depois se recompôs.

-Desculpe se o assustei. Minha aparência causa essa reação nas pessoas.

-De forma alguma Sr. Ricardo. Distrai-me um pouco olhando pelo jardim. Foi só isso.

Voltando ao centro da sala tomou um excelente café servido com pão francês e uma deliciosa manteiga. Ricardo observava-o de maneira curiosa e com certo desdém. Armand percebeu isso e o fitou, esperando uma resposta. Ricardo então finalmente falou:

-Não é a primeira vez que você me vê, não é mesmo?

-Não. Já havia visto o Sr. a uma semana atrás, olhando para a janela dos Monteiros. Estou correto?

-Sim, foi isso mesmo.

-Está em busca de respostas, filho?

-Ao que sei, não há nada que possa ser respondido.

-Há sim... Foi por isso que o trouxe aqui. Não se preocupe com a mudança. Há certo tempo venho observando seus patrões. Eles estão correndo perigo e você irá me ajudar a detê-los.

- Detê-los? Deter quem?

- Calma Sr. Armand. Tudo há seu tempo... Deve estar curioso para conhecer a casa. Venha comigo. Já comentei que dormirá aqui esta semana? Providenciei para que meu motorista buscasse suas coisas na casa de seus patrões. Se não se incomodar, precisarei de muita ajuda aqui, e, considerando que está em jogo, tenho certeza de que não hesitará em me auxiliar.

-Por mim, sem problemas.

-Ótimo. Agora, venha comigo.

Ricardo e Armand subiram pela escala ao lado da sala. Estreita e circular ela dava acesso aos quartos. Um piso de madeira mogno enfeitava o chão. Havia quadros no corredor com paisagens cinzentas. Alguns, mostrando um desbotado por do sol no meio das montanhas. Bem no meio do corredor, duas armaduras medievais guardavam uma porta de vidro, através da qual era possível ver um amplo escritório e duas estantes. Uma delas estava com livros pela metade. No chão, uma caixa cheia ainda aguardava para ter seu conteúdo transferido para elas.

- Armand? Está vendo este alçapão?

-Sim senhor.

-É o único lugar da casa que não deve entrar. Receio que o assoalho lá em cima não esteja em boas condições, e se não souber andar adequadamente , você poderá romper o forro e ninguém deseja isso não é mesmo?

-Se o senhor quiser, posso dar uma olhada lá...

-Não! – Ricardo gritou – Desculpe, não se incomode com isso. Os reparos serão feitos por outra pessoa. Enquanto estiver aqui, quero que você me ajude com o que eu precisar, não se incomode com sótão, por favor.

-Tudo bem, pode deixar.

Chegaram até o final do corredor. Uma porta a direita, a outra a esquerda.

-Bem, este é seu quarto. Na porta em frente fica o banheiro. Lembra-se da porta que viu quando subimos as escadas? Lá fica o meu quarto. Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar. Existe um banheiro com chuveiro no meio do corredor, em frente à biblioteca.

-O Senhor quer dizer, em frente ao escritório?

-Isso mesmo. Costumo chamar de biblioteca, desculpe, mas tenho mais livros do que uma mesa lá... – dito isso, deu uma risada agradável – o banheiro na frente do seu quarto está com o chuveiro quebrado, as demais coisas funcionam muito bem.

-Perfeito, entendi.

Armand entrou quarto que lhe fora reservado. Havia uma cama de casal com a cabeceira trabalhada em detalhes de madeira. Não havia lâmpada no teto. Ao invés disso, dois abajures auxiliavam na iluminação, um em cada lado da cabeceira. No canto esquerdo havia um guarda-roupa pequeno e uma mesinha. Em cima dela um pequeno lampião e uma caixa de fósforos. Do lado direito uma pequena janela dava vista para o jardim, o que ajudava bastante em relação à iluminação, já que o sol batia diretamente lá ao entardecer.

-Espero que não se incomode de usar o lampião durante a noite. A luz ainda não foi religada aqui, de forma que desligo os geradores às 20h.

-Problema nenhum senhor Ricardo, agradeço a hospitalidade.

-De nada. Bem, não há muito a ser visto lá embaixo, mas ainda preciso lhe mostrar o porão e a cozinha.

-Sr. se não for inconveniente, gostaria de conhecer o jardim.

-Claro, porque não? Mas primeiro o restante da casa. Depois disso, preciso que faça algo por mim. Em seguida lhe mostro o jardim.

Continua...

Bonilha
Enviado por Bonilha em 10/01/2012
Reeditado em 03/05/2012
Código do texto: T3432948
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