Vampiros 2

A tempestade, que trouxera a chuva fria, gelada, com um vento forte que soprava pelo mundo, o destruindo, trouxera algo mais. Eles estavam no quarto de luxo do Hotel. Esse mundo em que a morte era presente, com sua foice enorme ceifando vidas, com suas vestes negras, demoníaca, sempre esvoaçando a aba da roupa, a voz rouca, como de um barulho forte, semi audível, ao longe, apesar de muito alto, esganiçando os ouvidos de quem a ouvia. Ao longe, as bombas, derramadas dos aviões faziam subir fumaça e enxofre, que invadia as narinas, com um cheiro acre, azedo, mortal. Os gritos dos mortais feriam os ouvidos de Christoferson, suas mentes estavam apavoradas. Uma menina pequena chorava gritando pela sua mãe.

Jhosua, o profeta fundamentalista estava na sala com outros quatro, ele podia sentir. Ele podia entender algo dos pensamentos deles, menos o de Jhosua, que era o mais forte entre os vampiros, mais ainda do que ele mesmo. Anadi também estava entre eles. A pequena Anadi, de um metro e sessenta, corpo esguio, cabelos negros como o alazão. Seus pensamentos eram de ódio, inveja e morte contra ele. A Ordem lutava contra os negros a muito tempo, querendo estabelecer a paz entre os humanos e os vampiros e os licantropos, mulheres e homens lobo. Anadi, a princesa da Floresta estava entre eles.

O mundo apocalíptico em que viviam agora era outro. Ele lembrava-se da Idade Média, das roupas tão lindas que usavam-se à época. Daquele tempo ele pegou o gosto pelas camisas largas de cigano. Andrei fora um amigo inesquecível, em tempos de crise. Chris aprendera a amar a família de Andrei o cigano, andando com eles quase um ano, até que um Licantropos atacara Andrei.

- Christoferson Ruiz de Alabastro, príncipe da Ordem Real e Histórica de Abrus Calazar, eu vim requerer seu legado e matá-lo. – Disse Jhosua ameaçador, atrás de si. Christoferson ainda não tinha se virado para encarar os vampiros e a semi-humana, sua mente ainda ouvia a voz da menininha a clamar pela mãe, enquanto as pessoas corriam de um lado ao outro, apavoradas, cada uma pensando em si mesmas. Aquela menininha o estava preocupando, suavontade ela voar até ela e salvá-la desse mundo de guerra e pestes e mortandade; mundo em que facções dividiam-se em cleros e as religiões em outras religiões menores; mundo em que o amor verdadeiro era tragado pelas ondas receosas de esperança.

Anadi foi a primeira a ataca-lo, sua capa ensuflando, seu vestido em tom rosado-claro, medieval, tão lindo, mas fora de moda agora, onde as mulheres perderam a feminilidade e tentam ser fortes como os homens, diferente daquilo que Deus vaticinara, pela boca de um de seus profetas. Christoferson desviou-se da enorme espada por milímetros. Ao virar-se Sula estava à sua frente, e lhe deu um soco no rosto que o derrubou contra a parede. Antes que pudesse se refazer VaniaDi, um vampiro a se temer, além de Jhosua, o chutou no estomago. Christoferson conseguiu se levantar, aparando um novo soco e ficou durante dois minutos, mais apanhando, do que se defendendo, acuado num canto da sala.

Seu pensamento não o ajudava naquele momento, talvez essa fosse a hora em deixar-se ir de vez desse mundo... Por instinto ele se defendia. As muitas brigas em que participara durante os séculos fizeram com que seu corpo reagisse naturalmente ao ser atacado. Arrab sempre lhe dizia: -Menino, não desista nunca. Mesmo quando as adversidades foram insuperáveis. A menina parara de chorar, ele percebeu, enquanto era brutalmente atacado. Uma mão a fizera parar de chorar. Havia um novo vampiro por perto e ele não podia saber quem era. Não haviam condições para firmar sua mente e tentar ler a mente daquele vampiro misterioso. A menininha estava se afastando, uma mão, de um vampiro a levava para longe daquela guerra. Ela e o vampiro misterioso caminhavam lentamente, enquanto as pessoas corriam ao seu redor. A pequena menina corria sério perigo de vida.

Num meio torpor, tentando pensar, a dor do braço cortado à altura do ombro o fez votar à realidade do momento. Seu braço sangrava profusamente. Só não fora tirado fora, devido à sua mente acostumada com a arte da guerra e das brigas de rua, o fazer contorcer-se, o que o salvou.

O sangue, alimento vital para os vampiros, que jorrava do braço de Christoferson fez com que os vampiros que o atacavam parassem durante alguns instantes, maravilhados com aquele líquido. Aquele fora o tempo necessário para saber quem levava a menina. Christoferson não podia acreditar, ela estava viva. Jhosua também percebera a presença de outro vampiro e já sabia que era Madeleine, a linda Madeleine, que não o queria. No seu novo reino Jhosua seria o rei, e Madeleine a rainha, entretanto ela não o queria, antes preferindo Christoferson Ruiz de Alabastro como seu príncipe. Christoferson era um fraco, poderia ser o rei dos vampiros, mas se contentava em ser um príncipe, acatando ordem de outros. Todos os outros era inferiores, Jhosua iria a dominar a todos, tanto vampiros, como licantropos, quanto os animais humanos. Como ele os chamava? Macacos. Joshua seria o rei de toda a humanidade eternamente. Fundaria uma religião baseada em seus princípios e leis. A religião era importante, todos precisam de religião. O que a lei não pode inibir, a religião o faz. Jhosua queria gente fiel ao seu lado. Ele queria vampiros leais. Ele invejava a Ordem de Calabar, com seus pensamentos altruístas de paz. Uma paz inócua, se os humanos eram belicosos. Fracos, mas belicosos. Gente ruim. Da pior espécie. Não se dava para confiar nos humanos, mesmo o pior, mais negro humano, ainda assim tinha algo bom dentro de si. Era só soprar e aflorava. O ódio pelos humanos só não era maior do que o ódio contra os vampiros.

Era Madeleine, Jhosua percebera. E ela estava vindo para onde estavam.

pslarios
Enviado por pslarios em 22/01/2012
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