Episódio V - Fase III - Cuidado ao sair de casa.

Nádia olhava para Max esperando que ele desse uma resposta positiva, mas intuitivamente sabia que Max não teria a resposta.

- Eu também não estou entendendo nada! – Disse ele dando de ombros e apertando o play do gravador.

“Qual é o nome dele? Um dos quatro da terra o inicia enquanto um mudo separa 19 de 20 os convidando para dançar ao lado desta cadeira minúscula, até que o erro perca suas vogais e se torne uma só consoante findando sua busca. Vocês tem uma hora Max! Repetia aquela voz mecânica.”

- Um dos quatro da terra o inicia? O que seria isso? – Perguntou Nádia.

- Bem, um dos quatro da terra. Vejamos: Terra tem quatro letras distintas. t , e, r, a... será isso? – Refletia Max.

- Pode ser, mas parece obvio demais! – Observou Nádia.

- Um mudo que separa 19 de 20? Pode ser uma letra muda como o B em abstrato? Mas e a dança ao lado desta cadeira minúscula? Não faço a mínima idéia do que isso signifique. – Continuou Max.

- Nem eu! Realmente isso ta com cara de jogo, fase três, geralmente é um nível intermediário. Ele está dificultando as charadas. Ele deve estar se divertindo com isso. – Comentou Nádia.

- E essa parte; até que o erro perca suas vogais e se torne uma só consoante findando sua busca? – Max perguntou.

- Essa parte ta fácil. Tiram – se as vogais de erro... restam rr... uma só consoante seria então o r. Agora, findando sua busca? Será essa a última letra do nome ou “busca” seria um código nessa charada? Por fim o que temos? – Perguntou Nádia.

- Bem, pelo visto quase nada. Você parece ter encontrado uma charada a sua altura. Ele realmente nos pegou nessa! – Max concluiu.

- Sim, mas temos muito tempo. Vamos nos sair bem. – ela disse tentando parecer otimista. – Estou com uma sede danada!

- E eu com fome. Mal comi dois pedaços daquele Hambúrguer. – Disse Max.

- Que tal um lanche? Enquanto isso, analisamos essa louca charada. – Sugeriu Nádia.

- Sim, vamos. – Concordou Max. Eles seguiram até o carro, entraram e Max deu partida.

...


Uma hora atrás o corpo de bombeiros acabava de conter o fogo na casa de Max , o mesmo incêndio que propositalmente ele havia iniciado. Um carro da policia chegava e dele descia um homem negro alto usando um blazer preto. O local estava isolado, os primeiros policiais já tinham entrado. Um gordo de farda estava a porta.

- O que vocês encontraram? O homem perguntou.

- Churrasco. – Ironizou o guarda.

- Ah sim, churrasco? – Ele olhou nos olhos do guarda. Veja bem amigo, estou te fazendo uma pergunta simples e clara. Não estou aqui pra ouvir suas piadinhas. Preciso apenas entender o que aconteceu nessa casa, quantos corpos há e como esse incêndio se iniciou. – O homem negro disse olhando com um extremo ar de autoridade.

O guarda olhou para ele, engoliu seco e sentiu medo naquele olhar.

- Não encontramos corpo nenhum. Apenas... – O guarda dizia como um cão que acabara de enfiar o rabo entre as pernas.

- O que? – Perguntou ele com sua voz firme.

- É melhor você subir comigo!!

Ele o seguiu, subiram as escadas em meio aos escombros e chegando ao quarto de Bernardo, ele apontou pra parede. Algo ainda estava lá desenhado, por sorte um dos poucos lugares que o fogo não atingiu. O policial negro olhou para o desenho. A palavra escrita abaixo. “OUÇA” em letras maiúsculas.

- Ok amigo. Belo trabalho. – ele disse dispensando o guarda. Depois andou pelas ruínas da casa. O fogo havia consumido grande parte e destruído praticamente toda a mobília. Um bombeiro ainda estava por ali.

- E aí, o que descobriu?

- O fogo parece ter vindo daquele quarto. Eles andaram e seguiram até a suíte e depois entraram.

- Veja isso! O bombeiro mostrava os sinais de arrombamento da porta do banheiro.

- Por que alguém arrombaria a porta do banheiro? Indagou o bombeiro.

- Esse não é o fato mais importante amigo. O que há de se notar é que se alguém arrombou a porta, então havia alguém aqui, e o corpo onde está. E se essa pessoa se salvou, por que simplesmente não chamou por vocês. – Analisou o policial enquanto olhava ao seu redor à procura de pistas.

Um objeto agora chamava a atenção do bombeiro. Um resto queimado no chão do banheiro. Era um pedaço pequeno, mas dava para ler parte da palavra.

- O que é? – Perguntou o policial.

- Veja isso. – Disse bombeiro abaixando-se e pegando o objeto com uma luva. O Ambos leram o que estava escrito “lcoo”.

- O que poderia ser isso? – Perguntou o policial.

- A única palavra que queima com dois o’s. – Deduziu o bombeiro.

- Não entendi? Opa! Agora sim. Álcool! Então o incêndio foi proposital?

- Sim, muito provavelmente. – Concluiu o bombeiro.

- Muito bem! Obrigado pela colaboração. – O policial andava pelo quarto, olhava pelos cantos a procura de alguma pista. Mas o que significa isso. “OUÇA”.

- Ouvir o que?

- Onde estavam as três pessoas que moravam ali?

...

- O que vão comer? Perguntou o rapaz.

- Uma porção de filé com fritas, por favor. – Respondeu Max.

- Para dois? – Perguntou a atendente, que provavelmente beirava seus dezoito anos, era uma menina de olhos claros, loira, cabelos longos e um avental branco. Segurava uma caderneta e anotava o pedido agilmente, aparentemente já estava preocupada em atender outro casal que ainda esperava por serem atendidos.

- Sim. E dois refrigerantes, por favor. – Respondeu Max.

- Não, pra mim pode ser um Martine duplo. – Disse Nadia.

- Sim senhora. – Respondeu a atendente saindo em direção ao balcão.

- Um Martine? – Perguntou Max.

- É muita morte pra um dia só! Acha mesmo que vou tomar um refrigerante? – Ela disse o olhando de uma forma que chegava a ser engraçada.

- Entendo. – Disse ele rindo pela primeira vez naquele dia.

Eles estavam sentados em uma lanchonete no centro, de costas pra uma televisão de plasma que ficava acima do balcão. Dez minutos haviam se passado. Foi quando Nadia de repente se levantou da cadeira.

- Meu Deus! – Disse assustada.

- O que foi? Sente-se! – Sussurrou Max.

- É você! – Ela disse de olhos arregalados.

- Eu? Onde? – Disse ele virando seu corpo e reconhecendo as imagens. – Nossa! É minha casa! – Disse olhando para televisão. Havia uma repórter noticiando o estranho acidente e desaparecimento das três pessoas que moravam na casa. Os corpos simplesmente haviam desaparecido em meio as chamas.

- Detetive Sales, pode nos dizer o que aconteceu aqui? Há boatos de que o incêndio foi proposital. Isso é verdade? – Perguntou a repórter.

- Não são apenas boatos! – Ele respondeu rispidamente.

- Pode ser um golpe do seguro? – Ela continuou.

- Sem chances. O que aconteceu aqui ainda é um mistério, mas logo descobriremos e encontraremos essas pessoas. – Sales respondeu com aquele mesmo olhar frio.

- Acha que eles estão vivos? – A repórter perguntou.

- Eu nunca acho nada, eu só digo o que sei senhorita Alves. E o que sei até agora é que há muito que se fazer. Agora se me dá licença. – E o policial saiu andando em direção ao seu carro, atravessou a faixa que cercava o local e se deslocou em meio a multidão que os cercava.

- Essa foi Sara Alves do Jornal da Cidade. Aguardem o próximo boletim de informações sobre este misterioso caso a qualquer momento.

Max olhava para Nadia, sem entender o que havia escutado na T.V.

- Não entendo. Onde está o corpo de Daniela? Eu a deixei lá morta no quarto.

- Mas eles disseram que não havia nenhum corpo lá. – Disse Nádia.

- Eu sei o que eles disseram, mas eu a deixei lá. – Os olhos de Max lacrimejaram naquele momento.

- Uma coisa é certa, Max, agora há uma foto sua passando na T.V., o que vai fazer? – Nádia perguntou enquanto olhava ao seu redor, tendo a sensação que a qualquer momento eles o reconheceriam.

- Esse não é o fato mais importante Nadia. Eles ainda não encontraram o corpo de Jonas, nem o pessoal da lanchonete, tampouco o Senhor Ivo.

- Mas logo o encontrarão não é? – Ela perguntou.

- Sim! E eu cometi um grave erro. – Disse ele se lembrando de algo.

- O que foi? – Ela perguntou preocupada.

- Eu sou um idiota. Se eles chegarem até a cena do crime encontraram provas de que eu estive lá, e mais que isso, que eu tinha motivos para matá-los. – Ponderou Max.

- E o que vai fazer? – Perguntou Nádia.

- Temos que voltar lá. – Ele disse sem hesitar.

- E a porção? – Ela indagou enquanto sentiu seu estômago roncar.

- Peça pra viagem. Vou pagar a conta. – eles pagaram e saíram em disparada.

Os minutos passavam e a charada ainda não havia sido decifrada. O telefone tocou.

- Diga! – Disse Max.

- Aonde vai? – Perguntou a voz metálica.

- Você quer que eles me prendam? É isso que quer? – Max disse enquanto acelerava o carro.

- Do que está falando Max? – Perguntou a voz assustadora.

- Das provas de que eu os matei. Os papéis assinados, as cópias da chave de minha casa esparramadas pelo chão do sitio do Ivo. São ótimos indícios pra que me torne o principal suspeito, não? – Max estava possesso.

- Fique calmo Max. Ainda não quero que seja preso. Você terá tempo pra resolver tudo isso. – Disse a voz tentando tranqüilizá-lo.

- Minha foto está na T.V. idiota. O que fez com o corpo de minha mulher? Logo eles encontrarão Jonas e Ivo. E quem será o suspeito? – Mas perguntou enquanto virava o volante desviando de uma camionete que dirigia lentamente na pista a esquerda.

- Você é muito bom Max, mas não se preocupe com isso. Salve seu filho! – Disse o assassino.

- Eu vou salva-lo, pode ter certeza! Mas não serei preso! – Max completou.

- É o que veremos amigo! Mas sou eu quem faz as regras. Não se esqueça disso! – A voz falou enquanto Nádia se segurava com podia.

- Nem sempre! – Disse Max desligando o telefone. O suor escorria de sua testa, ele estava nervoso. O assassino estava ligando de novo.

- Atenda Max! – Disse Nadia!

- Não! – Ele retrucou.

- Mas e o Bernardo. Ele pode matá-lo! – Nadia disse aflita.

- Não, ele não vai! Ele não pode simplesmente acabar com minha vida assim. Não haverá mais jogo se ele matar o Bernardo. – Max disse lutando contra seu próprio medo.

- Mas ele não te deixa falar com ele. Como saberá se ele está vivo ou não. – Ela perguntou.

- Ele não deixava, mas agora sou eu que decido. As regras mudaram Nadia!

Eles seguiram rumo a casa de Jonas, Max acelerando o carro cada vez mais. Seus sentimentos e razão entravam em conflito. Ele pensava se haveria feito a escolha certa. E se o assassino simplesmente matasse o Bernardo. Mas ele não podia pensar nisso. Era uma escolha e ele precisava tentar.

Max dirigia o carro concentrado, tentava transparecer toda tranqüilidade e autocontrole possíveis, mas Nadia parecia saber o que se estava passando em sua mente.

- Vai dar tudo certo, Max. Você tem razão. Ele não vai matá-lo. – Disse ela com a mão sobre o ombro dele. – Você agiu muito bem e você realmente não pode ser preso. – Nadia concluiu.

- Obrigado! – Ele respondeu engolindo em seco todo seu medo.

Depois de doze minutos eles chegaram até a casa de Jonas. Olharam ao redor, mas não havia polícia, apenas crianças brincando na rua e os carros passando para um lado e para o outro. Desceram do carro e chegaram até a porta. Max pegou sua blusa e enrolou-a na mão, evitando que deixasse suas digitais na porta. Correu até a sala e olhou ao redor. A surpresa foi tanta que ele chegou a sentir uma leve tontura, mas recompôs-se e olhou confuso para aquele cenário. O corpo havia desaparecido. Não havia nada ali, os papéis, a faca, tudo havia sumido. Ele não entendia o que estava acontecendo. Olhou para o ventilador. Não faltava mais o parafuso. Ele estava no mesmo lugar. As paredes estavam limpas. Estava tudo perfeito. Naquele momento sua enxaqueca voltou.

- Onde está o corpo? – Perguntou Nádia.

- Estava aqui. Estava tudo aqui. O que está havendo? – Perguntou Max enquanto massageava a cabeça.

- Vamos embora Max! Tem algo errado. É melhor irmos para o Sitio. – Ela disse.

- Sim, vamos. - Concordou Max se virando para a porta de saída. – Vamos sair daqui.

Antes de fechar a porta Max ainda olhou para traz procurando algo, mas não viu nada. Eles seguiram em direção ao carro, entraram e partiram em direção ao sitio.

- O que está acontecendo? – Se perguntava Max. – Onde está Jonas?

O tempo passava muito rápido. Ele estava preso em seus pensamentos. Até que a voz de Nádia o despertou.

- Max. Entre 19 e 20? Letra 19 e letra 20 do alfabeto!

- Como? – ele perguntou tentando esquecer-se da confusão anterior.

- Letras 19 e 20. Letras S e T. – Nadia explicou.

- S e T? Um mudo entre estas letras. Mais como? – Max ficara ainda mais confuso.

- Ainda não sei. Mas ainda está faltando algo. Ele está nos atrasando de alguma forma. – Nádia concluiu.

- Bem, mas já foi um grande progresso. Tenho que pensar em nomes de homens com S e T no meio e que se iniciem com uma das quatro letras T, E, R ou A. – Disse Max ainda pensando em como o corpo de Jonas poderia ter desaparecido.

- Isso! – Alegrou-se Nádia enquanto a adrenalina a tomava.

- Mas falando sério. Não vem ninguém a minha mente. – Aquilo foi como um banho de água fria para os dois.


- Tudo bem! Vamos devagar. – Nádia falou tentando aliviar a tensão de todo aquele momento. Realmente eles deviam ficar mais calmos, deixar que as idéias fluíssem.

Agora Max dividia seus pensamentos entre a charada e o desaparecimento dos corpos. O pior era que nada se encaixava. Enfim chegaram a rua do Sitio. Max parou o carro e ambos desceram, entraram e correram para a estufa.

- O que é isso? – Perguntou Nadia.

- Onde está o maldito corpo? – Max pensou alto.

- Também não vi nenhuma chave no caminho. E os vasos quebrados? – Perguntou Nádia.

- A estante ainda está amassada pela queda. Mas não há bagunça. Vendo ela ali no canto é como se nunca houvesse acontecido nada aqui. – Disse Max levando as mãos à cabeça. Voltou seus olhos para o céu e a vontade que lhe veio foi de gritar, de amaldiçoar o mundo pelo que estava vivendo. Mas ele se conteve;

- O que está havendo? – Perguntou Nádia.

- Não sei. Vamos verificar a porta. Ver se o desenho ainda está lá. – Ele disse e seguiu na direção da porta.


Eles procuraram por alguma chave pelo caminho, porém não acharam nada. Chegaram até a porta. Max novamente enrolou sua camisa nas mãos e abriu-a. Quando olharam não se surpreenderam. Não havia mais nada.

- O que ele está fazendo? Só pode ser o assassino, mas por quê? – Perguntou Max, que tentava raciocinar. Buscava algum motivo para que o assassino retirasse os corpos dali, entretanto para onde ele os levava. Por que se preocupava com isso? Daí ele se lembrou do que o assassino havia falado na ultima ligação.

“Fique calmo Max. Ainda não quero que seja preso. Você terá tempo pra resolver tudo isso.”

- O que foi Max? No que está pensando?

- Ele está nos dando tempo. – Max disse com seus olhos mirando no nada. Ele estava perdido em seus próprios pensamentos.

- Como? – Perguntou Nádia.

- Ele está tirando a polícia do nosso caminho. Vamos sair daqui. Precisamos matar esta charada logo Nadia. Acho que ele está preparando algo muito pior. Estou com um mau pressentimento.

- Vamos. – Ela respondeu.

Eles entraram no carro e o telefone voltou a tocar. Max atendeu e colocou no viva voz.

- Alô? – Ele disse com a voz bem mais calma que antes.

- Está satisfeito Max? – Perguntou a voz.

- Onde estão os corpos? – Perguntou Max.

- Fique calmo! Logo os encontrarão. Mas você ainda tem tempo Max. Mate a charada. Mate o terceiro. Finde sua busca. E logo encontrará o primeiro. A ordem dos fatores não altera o resultado do produto.

- Encontrar o primeiro? Do que está falando? – Perguntou Max.

- Ajude-o Nádia e mantenham a cabeça no lugar, se privem das distrações. Senão quem vai morrer é o Bernardo. E pelo que vejo, ele já está perdendo suas forças por aqui. Ele é como você Max, um guerreiro. Não desisti nunca. Fim de ligação.

- Seu cretino! Eu te mato! – Max disse como se estivesse brigando contra o celular. Ele pensou em atirá-lo longe, mas sabia que precisava salvar seu filho e ter que arranjar outro celular aquela altura seria algo muito complicado.

- Acalme-se Max! Ele está bem. – Disse a voz metálica.

- Droga! Do que ele estava falando? Quem é o primeiro? Que história é essa?? – Perguntou Max completamente abalado com toda aquela situação.

- Esqueça-se disso Max. Ele tem razão. A charada tem distrações. Temos que esvaziar nossas mentes. Como você fez na lanchonete quando me salvou.

- Tudo bem. – Disse Max] concordando e lembrando-se do episódio na lanchonete.

- Um dos quatro da terra o inicia? Um dos quatro, T, E, R ou A.

- Não é isso! – Max pensou alto.

- Como? – Surpreendeu-se Nádia.

- Aí são letras, então teria que ser uma das quatro. Ele está falando de outra coisa.

- Quatro da terra? Quatro... quatro... quatro... Quatro elementos? – Perguntou Nádia.

- Terra, fogo, água e ar! – Disse Max como se acabasse de raspar um bilhete premiado.

- Mas para começar com um deles. Só há um que inicia nomes.

- Ar! Mas tem vários nomes que se iniciam com Ar. Eu tenho uma fábrica se lembra, ou pelo menos tinha. Tenho clientes, fornecedores, duzentos empregados, parentes e amigos, fora outros conhecidos.

- Tudo Bem! – Disse Nadia.

- Quanto tempo temos? – Perguntou Max.

- Agora restam 27 minutos. Ela respondeu.

- Bem, S e T são as próximas letras e R pode ser a final, se busca não for outro código. – Ela concluiu.

- Está muito confuso. Um mudo no meio? Uma cadeira minúscula? – Max tentava raciocinar. Ficaria Ars??tr. Faltam duas letras.

- Dá pra pensar em alguém? – Perguntou Nádia.

- Ainda não. Não conheço nenhum nome que começa com Ars. – Ele revelou.

- Ainda estamos deixando passar algo. Um mudo... Uma letra muda no meio. Uma cadeira minúscula? – Pensava Nádia.

- Pêra aí. Pense em letras Nádia. Uma letra em forma de cadeira. – Max disse entusiasmado.

- Em forma de cadeira minúscula! – Nádia completou como se agora eles estivessem sintonizados. Os dois se entreolharam e disseram ao mesmo tempo.

- O H!

- Isso Nádia. O H minúsculo. O “h” parece uma cadeira. – Max completou.

- E também não tem som. Ele pode ser mudo. Junto com o C ele faz som de X, mas Em hiato por exemplo ele é mudo, como em hoje. Mas e no nome? – Refletiu Max.

- No meio de S e T não dá pra ter H. – Afirmou Nádia.

- Não dá mesmo. – Max concordou.

- Então S e T estão errados. Não são 19 e 20. Não entendo. – Nádia disse.

Max olhou para Nádia. Ele parecia ter descoberto algo. Esperava que ela também tivesse sacado.

- Lembra-se do que ele nos falou no fim da ligação, após essa charada? – Ele perguntou tentando esconder a satisfação de ter descoberto o nome.

- Disse que tínhamos uma hora! – Ela disse sem lembrar ao certo o que ele teria dito.

- Não, depois disso. – Ele disse esperando que a dica a fizesse lembrar.

- Bem , ele disse fase três... As regras mudaram. – Ela recordou.

- Isso Nádia! As regras mudaram. – Falou Max.

- Não se referia as regras do jogo. – Nadia estava assustada com a sagacidade do assassino, ele brincava com eles o tempo todo. Tudo que ele falava, eram dicas sobre a charada, assim como no próprio jogo da forca.

- Regras ortográficas. O alfabeto! – Concluiu Max.

- Estamos contando 26 letras. Assim 19 é S e 20 é T. Mas se contarmos 23 letras, regra antiga. – Max ponderou.

- O 19 é igual ao T e 20 seria o U. – Nadia disse após contar mentalmente.

- Então... – Disse Max. - Ar inicia, T e U com um mudo no meio, dançando ao lado de uma cadeira minúscula, thu, o erro perde suas vogais e se torna uma só consoante, r. e finda nossa busca. – Descreveu Max.

- Arthur. Quem é ele? – Ela perguntou.

- É o médico de Daniela. – Max revelou atônito.

- Como? – Ela disse tão confusa como deveria estar. Mas o que um médico teria a ver com isso afinal?

- Vamos logo, o tempo está se acabando. – Max disse decidido a descobrir.

Eles saíram em disparada e pegaram a avenida principal. Max não sabia o que ele podia ter feito para morrer.

- O que você acha que ele fez? – Ela perguntou aparentemente nervosa.

- Bem Nádia, o que sei até agora é que não conheço as pessoas que estão ao meu lado. Veja você. Há quanto tempo estamos juntos e mal sei realmente quem é.

- Como assim? Eles mataram meu pai. Eu te disse. – Nádia disse mostrando-se magoada.

- Me desculpe. Mas você está bem aqui do meu lado e pode muito bem estar do lado dele. – Disse Max que a esse momento não confiava em mais ninguém.

- Entendo e não te culpo por isso. Mas está entrando no jogo dele Max. Não perca sua sanidade. É a única arma que manteve o Bernardo vivo até agora. E a única coisa que o torna diferente dele. – Nadia disse com uma frieza incrível.

- Eu não sou igual a ele. Não pense que senti desejo ao matar aquelas pessoas. Eu simplesmente não tive opção. – Ele disse mesmo sem ter certeza que aquilo era verdade. Àquela altura o próprio Max não sabia de que era feito.

- Eu não disse ou pensei isso. Mas infelizmente Max você agora é um assassino como ele. – Ela afirmou sem nenhum medo de ser repreendida.

- Eu sei. Não fujo disso. Mas o que eu poderia fazer Nadia? – Indagou Max com certo pesar, seus olhos fitaram os dela por meros segundos e então ele voltou-se para pista.

- Realmente não sei. Acho que nada diferente do que você fez até aqui. Salvar seu filho. Você é um bom homem Max e te ajudarei a vencer esse jogo. Darei minha vida se for preciso para que salve o Bernardo. – Ela prometeu aquilo sem titubear.

- Obrigado. Mas este sacrifício não quero que faça. Tire apenas este piercing horrível e decifre as charadas. O resto eu faço. – Disse ele tentando sorrir e aquela foi a primeira piada que fez o dia inteiro.

- Por que quer que eu tire o piercing? Ta querendo me beijar e com medo de se machucar. – Disse ela sorrindo.

Naquele momento Max passou por cima de um quebra molas que não havia visto e o carro deu um pulo. Foi o necessário para que a conversa terminasse. Um misto de sentimentos o tomou. Como ele poderia estar falando daquele jeito, rindo ou até mesmo fazendo uma piada depois de tudo que acontecera. Max se sentiu mal com aquilo tudo.

- Estamos quase chegando. – Ele disse para Nadia, mudando de assunto.

- Qual é a casa dele? – Ela perguntou.

- Aquela verde mais à frente. – Ele respondeu procurando um lugar para estacionar o carro. Max estacionou o carro duas casas antes da de Arthur. Desceram e foram até a porta. Bateram e mais uma vez ninguém atendeu. Nadia olhou pelo vidro e não viu nada.

- Parece não ter ninguém aqui. – Ela observou.

- O jeito é entrar sem ser convidado e conferir. – Respondeu Max.

Ele enrolou um pedaço da camisa na mão e abriu a porta que estava apenas encostada. Eles entraram, não era a primeira vez que Max entrava naquela casa. Daniela já o havia levado lá, logo que ela havia começado o tratamento.

Ás vezes à noite ela se sentia muito insegura, cheia de medos. E no inicio das terapias ele ia com ela até a casa do Doutor Arthur e ele conversava com ela. Arthur era um psicólogo novo, mas de renome, apesar da idade. Ainda tinha 40 anos, entretanto havia conquistado grande credibilidade nesse meio.

À frente, o que Nadia viu foram belos e diversos quadros na parede, réplicas de obras conhecidas, como “Mona Lisa” de Da Vinci e “O Quarto” de Van Gogh, entre outras belas obras. Era uma casa realmente linda e ornamentada de peças maravilhosas e cores vivas, mas de tons singelos.

Eles continuaram devagar. Max sempre na frente, Nadia espiando por sobre seus ombros. Entraram na sala de T.V, e viram uma enorme T.V. de plasma na parede, abaixo havia um DVD, no centro da sala havia uma mesinha de centro, Max procurava pelas paredes alguma marca. Olhava para o teto, mas não encontrava nada ali. Nadia viu algo encima da mesa de vidro no centro da sala e andou naquela direção. Estava envolto em um plástico, mas o vermelho era irreconhecível.

- Aaaaaaaaaaaaa! – Gritou Nadia.

- O que foi? Está louca! Não grite aqui! – Ele disse virando-se para ela.

- Mas é um dedo humano. – Era um dedo cheio de sangue. – Ela revelou. Ele estava sobre um DVD, no DVD estava escrito “Veja”! – O que há neste DVD? – Ela perguntou.

- Não faço a mínima idéia! – Max o pegou segurando-o pela sua capinha de plástico e colocou no DVD, esperou que o menu principal aparecesse e em seguida apertou o play. O que viu a seguir o deixou paralisado, sua mente o transportou para o primeiro dia em que ele a havia levado no escritório.


- Bom dia! O senhor deve ser o Max? – O doutor falou.

- Sim, sou. – Max concordou enquanto abraçava Daniela.

- É um prazer conhecê-lo. – Disse Arthur com um sorriso simpático.

- O senhor pode ajudar minha esposa? – Max perguntou esperançoso.

- Bem, como conversamos pelo telefone. Eu disse que meus métodos não são nada ortodoxos, mas em contra partida são mais eficientes. – O médico advertiu, sempre sendo cordial.

- Então o senhor pode ajudá-la? – Max voltou a perguntar, porém mais incisivo.

- Vou me esforçar ao máximo. – O médico respondeu, agora mais sério porém não podia prometer nada.

- Querida? Você quer mesmo fazer isso? – Max voltou-se para ela que tinha um olhar esperançoso.

- Não sei. Tenho medo, estou muito confusa, mas quero tirar essas imagens de minha mente. – De uma hora para outra Daniela teve um ataque, seus olhos, seu corpo, seu semblante, tudo respondia aquele estado de loucura. – Quero que você saia logo daqui seu cretino. Suma daqui. Saia, saia, saia seu monte de merda! – Daniela havia ficado descontrolada. Saiu de si, como em tantas outras vezes nos últimos meses. Os dois a seguraram e o doutor aplicou uma injeção nela. Ela simplesmente apagou. Max voltou a olhar o vídeo despertado pela voz de Nadia.

- Quem é ela? – Ela perguntou inocentemente.

- É Daniela! – Ele respondeu.

- E ele é o médico? – Ela voltou a perguntar.

- Sim, o desgraçado é o Arthur. – Max revelou.

- Meu Deus! Que horrível! – Disse Nádia levando a mão a boca em sinal de espanto.

- Eu vou matá-lo! – Max disse enquanto seus olhos, sua expressão, tudo revelava seu novo lado, o novo homem que habitava nele, um assassino.

Por fim a gravação terminou e a tela ficou azul. Max já havia se virado para adentrar na casa. Quando Nadia ainda olhava para a TV.

- Max veja isso. – Ele então se virou.

- É o Bernardo! – Ele disse aproximando-se rapidamente da tela e passando a mão sobre ela. Mas o toque, o calor, não tinha a não ser a imagem de seu filho ali.

- Estou bem pai! Obrigado pelo que está fazendo. Gostei de saber que conseguiu ajuda. E para ter certeza que ainda estou vivo acabei de vê-lo sentado numa lanchonete com essa aí do piercing. Bonitinha ela pai. Vê se não demora. E se esta for a ultima vez que nos falarmos pai. Eu quero dizer que te amo muito e que sempre estarei com você. Fim de mensagem!

Era uma gravação, a única coisa que Max e Nadia puderam ver foi o queixo e a cabeça de Bernardo, um tipo de corda ou fio que não dava pra distinguir direito, pois a gravação estava péssima. Só poderia ter sido feito de um celular. A voz era ofegante e ele lutava para não ser enforcado. Mas não dava para saber onde estava. Porém dava para ter certeza que ele estava vivo.

- Então você conseguiu. – Disse Nádia.

- Que alivio, ele está vivo. Agora tenho que manter ele assim. Vamos!

Eles seguiram adentro da casa. E no corredor que dividia os cômodos. Lá estava ela na parede. A forca desenhada a sangue. Uma seta apontando para cima.

- Eles olharam para o teto, mas não havia nada. Começaram a andar, quando ouviram um barulho vindo de cima, por sobre suas cabeças. Foi quando Nadia disse:

- Aquilo é uma porta! – Era uma espécie de porta que dava em um sótão. Algo fazia barulho lá encima. Max andou até o outro cômodo e encontrou uma escada metálica de abrir. Posicionou-a sob a porta e subiu, empurrou-a e abriu-a entrando no sótão seguido por Nádia. Logo viram o homem à sua frente.

- Meu Deus! Esse é o Arthur? – Perguntou Nadia.

- Sim, sou. – O próprio Arthur respondeu com a voz abafada pela corda que envolvia seu pescoço.

- Parece que você está mal hein. – Ironizou Max.

- Ainda vai piorar, não é? – O homem respondeu como se já soubesse o que o esperava.

- Pelo que eu vi no vídeo amigo, acho que você está atolado até o pescoço. – Revelou Nadia.

- Quer que eu cuide dessa aí também Max? – Disse ele ofegante com um tom sarcástico, totalmente diferente do tom dócil que Max conhecia.

Max fechou seus punhos, se aproximou de Arthur, e deu-lhe um soco na cara. Por um segundo Arthur se desequilibrou e ia caindo quando Max o segurou.

- Você é doente seu cretino! Não pense que vai morrer assim tão fácil. Ainda temos alguns minutos. – Max disse fitando-o com total desprezo.

- Nadia olhava para Arthur e via a situação em que ele se encontrava. O médico estava descalço, nu como os outros, porém com um dedo médio a menos em sua mão esquerda. Estava sobre uma mesinha de vidro com 30 cm de altura, era a conta de encostar seus pés sobre ela. Seu pescoço e suas mãos estavam ensangüentadas, não só pela falta do dedo, estavam viradas para trás, quebradas, e arranhadas por algum tipo de instrumento cortante. Elas estavam soltas no ar e ele mantinha seus braços abertos para que elas não encostassem-se a seu corpo. Diferente dos outros dois além das cordas amarrando seu pescoço, havia um balde amarrado em uma peça de madeira acima da sua cabeça, estava preso a corda de seu pescoço de modo que quando ele descesse o liquido cairia sobre seu corpo. Suas costas estavam marcadas a chicotadas, o sangue escorrendo das feridas. No chão havia uma mascara negra daqueles antigos carrascos. Em seu peito à sangue estava escrito:

“Não o perdoe papai!”

- Ele quebrou suas mãos e te chicoteou. Pela primeira vez admito que me simpatizo um pouco com ele. Vamos ver, o que será que há no balde? – Max sorriu maliciosamente – Hummm... pelo cheiro isso é álcool? – Max disse com um ar sarcástico que chegava a ser doentio.

- Vai me matar agora, ou vai ficar aqui curtindo sua vingança? – Perguntou o Doutor olhando com seus olhos cheios de medo, mas esperançosos no fim de todo aquele sofrimento. Ele suava feito um porco. Seus pés patinavam levemente pela mesa num misto de suor e sangue. Não era para menos além do esforço que fazia, lá naquele sótão ardia em calor. Mas o vidro da mesa não agüentaria por muito tempo. E mesmo querendo morrer logo, ele ainda não tinha coragem de forçar o vidro a se quebrar e se matar.

- Espero que vá direto para o inferno pelo que fez com Daniela. – Max o amaldiçoou com todo seu ódio.

- Eu não vou estar lá sozinho, Max. Ela vai estar lá comigo. – Seu pescoço sangrava enquanto falava.

- Pela altura que você está amarrado, sua morte será lenta. Irá sofrer muito mais do que imagina. Irá sangrar, se debater e não irá morrer tão facilmente. Seu maníaco. O que pensava que estava fazendo com ela? Você a dopava? Você é um idiota!! Seu tratamento só a piorou. Você arruinou a vida dela ainda mais. A fez sofrer. – Max falava com uma ira incontrolável, apontava o dedo para a cara de Arthur que se mostrava inexpressivo, sem arrependimento algum.

- E você a me entregou facilmente. Como ela era linda. Ela mereceu tudo aquilo Max. Ela era de uma beleza rara. E você não fez nada Max. Nada mesmo. Você é um idiota. Ela se entregou pra mim tão facilmente, tão facilmente... – Disse o médico com um sorriso que chagava a ser desumano. Mesmo com toda dificuldade em falar, devido a corda estar apertando seu pescoço, Arthur ainda assim se mostrava um ser frio e perverso.

Nadia viu a expressão no rosto de Max e fechou os olhos evitando a cena que viria a seguir.

- Ele está certo!! Há um câncer aqui, e vou extraí-lo agora, arrancá-lo de seu corpo seu verme imundo. – Max disse enquanto olhava dentro dos olhos de Arthur.

- Ande logo!! – Arthur disse tentando esconder todo o medo que sentia.

Max se aproximou de Arthur e cuspiu em sua cara, depois sorriu e ergueu seu pé direito, subiu na mesa de vidro e sentiu-se despencar por um abismo sem fim. A mesa não resistiu e seus pés afundaram quebrando-a. Ele estava no chão a centímetros de Arthur que se debatia feito um animal, suspenso no ar, seu corpo tremia, ele gritava, seus olhos se reviravam freneticamente. Arthur mordia a língua desesperadamente, era algo assustador, o sangue escorria lento pelo canto da boca enquanto o álcool penetrava em suas feridas, lascivo como ácido. As mãos e pescoço ensangüentados ardiam, queimavam como o inferno. A agonia era tanta que ele levava suas mãos quebradas até a corda tentando tirá-la de seu pescoço. Isso tornava seu sofrimento ainda maior já que a tentativa era em vão, por fim ele levou os braços na direção de Max, que se afastou um pouco para que o médico não o tocasse. Arthur não conseguia pedir ajuda mais, estava sendo estrangulado, diferente do que acontecia quando as quedas eram mais altas, ele estava apenas a 25 centímetros do chão em sua completa e desesperada agonia. Max olhava em seus olhos, enquanto ele tentava encarar Max, porém estava oscilante no ar, dançando um ultimo tango com a morte. Seus olhos pendiam para o abismo da escuridão, Arthur tentava se salvar, agora desprovido de todo seu sarcasmo. Ele não tinha forças para nada. Naquele momento Max fechou os olhos e as imagens do vídeo voltaram a sua mente.

Daniela estava amarrada na cadeira do consultório, desmaiada, dopada, nua. Ele a beijando, acariciando. Depois a vestindo novamente como se nada tivesse acontecido. Era um maldito doente. Daniela acordava. Ele dizia apenas: “A seção terminou, você desmaiou de novo, mas as drogas estão fazendo efeito querida. Quarta - feira continuamos e logo você o esquecerá.”

Com o rosto ainda cheio de uma ira insana Max olhou novamente para Arthur que se debatia menos, apenas alguns tremores, sua vida esvaindo-se aos poucos, a respiração fraca, apenas suspiros feito soluços, seu pescoço não quebrou por causa da altura, mas estava roxo. Max o acompanhou até o fim. Viu a língua do homem sangrando e contorcendo-se, assistiu a cada passo, até que ele não se moveu mais. Sua respiração não existia, e seus olhos esbugalhados se apagaram sem vida. Max continuou ali perdido em seu novo mundo até que Nadia o chamou.

- Vamos Max! – vamos sair daqui!

- Vamos. – Disse ele virando-se pra ela como se estivesse hipnotizado pelas cenas que acabara de presenciar. Eles desceram a escada e chegando ao corredor Nadia o perguntou:

- Tudo bem com você?

- Tudo. Me desculpe pelo que estou te fazendo passar. – Ele disse com certa melancolia.

- Fique firme Max! – Nadia disse e então o telefone tocou.

- Diga a charada. – Max disse em tom austero.

- Bravo Max. Muito bom mesmo. Viu como a ordem dos fatores não altera o resultado do produto. Ele foi um dos primeiros Max e está sendo um dos últimos a morrer.

- Lhe agradeço por esse. Ele merecia, assim como você. – Max disse com a voz ameaçadora.

- Sim, concordo com você, assim como os outros dois também merecem Max. – Disse a voz metálica.

- Qual a charada? – Max Perguntou.

- Vou te dizer logo, mas tenha mais cuidado ao sair de casa Max. Ligue o gravador. – O assassino disse.

- O que quer dizer com isso? Cuidado?? – Max indagou confuso.

- Bem vindos a fase IV! Lá vai Max: Por fim cantaram tanto que acabou-se o ano, um grilo cantou uma vez, uma vez o grilo então cantou, depois começa o sapo, e deu um tititi danado, descubra o nome ou o Bernardo acabara sendo enforcado! Fim de ligação. – E a voz desligou sem responder a outra pergunta de Max.

- Max? – chamou Nadia.

- Oi! – Ele respondeu.

- Acho que a charada terá de esperar. – Nadia olhava entre as cortinas, pela janela. Cinco viaturas policiais estavam paradas em frente a casa. Um policial negro estava com um telefone na mão. O telefone da casa então tocou.

- Nadia atenda! – Pediu Max.

- O que? – Ela respondeu questionando-o ainda confusa.

- Atenda logo. – Ele insistiu.

- Alô? – Ela disse.

- Aqui é o Detetive Alex Sales. Saiam com as mãos para cima. A casa está cercada. Vocês tem cinco minutos. – Disse o policial, o mesmo policial que eles haviam visto na T.V.


Continua...
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 10/02/2012
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T3491921
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