O Garanhão das Sombras lV

- Este homem, senhores foi o meu tirano, o meu carrasco...

Falou uma das "coisas", mas, foi logo interrompida por uma chicotada na sua rude face.

- Cale-se, so com a ordem do Soberano pode se pronunciar.

Disse um dos que se vestiam de forma extravagante á moda da Idade Média, com leve sotaque de lingua inglesa. mais chicotadas foram distribuídas para o grupo, como forma de intimidação, encurralando-o contra a parede de pedra.

- Basta, deixe estas feras humanas em paz. O Soberano vai se pronunciar.

-Senhores, sou o Soberano das Sombras. Estão sob os meus domínios, e, isso não é de todo mal, bem sabem disso. Os que me servem com lealdade têm o que precisam. Os que merecem estão dentro do meu castelo, os que de nada valem ficam no Vale dos Mortos. Não temos Deus, eu sou o Deus de vocês. Estamos aqui para mais um julgamento. Fui requisitado por alguém que demonstrou ter esse merecimento, em ter no banco dos réus áquele que a feriu, que a destruiu, e que deverá pagar pelo seu mal. Porém, senhores há uma ressalva, o réu é um dos nossos, foi durante toda a sua existência no orbe terreno um parceiro de valor. Contudo, todos sabem que quem deve deverá pagar. lavo as minhas mãos diante da decisão dos jurados.

Nada entendia do que aquele senhor de barbas longas, cabelos longos falava a meu respeito - nada do que dizia em referência a minha pessoa estava na minha memória - parcerias, servidão...

-Soltem o réu. O julgamento será após o Bacanal das Sombras. está aberta a noite das bacantes.

E, dos corredores em penumbra do castelo, foram surgindos as mais bizarras criaturas, com suas vestes extravagantes. Mulheres de todas as idades iam surgindo, dançavam e iam se desnudando. Animais de toda ordem, feras selvagens. Alguns que lembravam cães - que exibiam falos enormes entre as pernas, pendurados. estes partiam para cima de algumas mulheres á semelhança de cadelas no cio- prostravam-se de quatro, convidativas para as feras excitadas. Uma banda tocava instrumentos bizarros, de melodia barulhenta. Homens e mulheres em fúria, onde a sexualidade extrapolava sem limites. havia uma mesa imensa com bebidas escuras e farta alimentação - quadrados que mais pareciam pedaços de bolo que eram consumidos com avidez.

Quanto mais eles se realizavam sem medidas nos seus desejos insanos, mais a atmosfera do local se tornava densa, de ar irrespirável, como se interferisse no estado do ambiente. Fui andando pelos largos domínios do castelo. Em todos os cantos haviam casais, grupos nas mais impublicáveis buscas pelos insaciáveis prazeres da carne. Mulheres faziam de bestas-feras, de aspecto selvagem, parceiros de alcova à semelhança da zoofilia praticada na terra. Não havia privacidade, a promiscuídade era absoluta. Continuei na minha peregrinação, até que para minha surpresa, ali, inexplicavelmente estava uma de minhas irmãs, a minha caçulinha.

- Vem, quero ser tua...vem...

Então, vi o seu corpo ir se metamorfoseando, e adquirir a aparência de uma outra pessoa.

- Posso ser quem você quiser, até sua mãe...você quer, vem, posso te dar muito prazer. Fiquei intrigado, como poderia alguém poder mudar de forma, de aparência, daquela forma, como havia acabado de assisti.

Afastei-me, e fui observando - estava num dos bacanais mais extravagantes que ja vira em toda minha vida - aquilo não podia ser real. Homens com aspectos de monstros, de falos enormes esgueirando -se á caça de ninfetinhas desnudas que pululavam por entre árvores e colunas num jardim desprovido de beleza. Um grupo de homens curravam uma mulher - ela chorava e ria, e pedia mais.

- Aproveite, Garanhão, poderá ser o seu último bacanal.

Disse-me um dos que pareciam ser da cúpula. O céu permanecia no breu, uma tempestade se aproximava, raios e relâmpagos rasgavam os céus. O som, em uníssono, de sussurros, gemidos, gritinhos e gargalhadas abafavam a sinfonia da tempestade que se desenhava.

Para minha surpresa, estavam, ali pessoas conhecidas da tv e do cinema. Outras eram de postos de destaques na sociedade, onde vivi. , afinal, o que estava eu vivendo, o que... que pesadelo seria aquele...

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 21/02/2012
Reeditado em 10/11/2012
Código do texto: T3511799
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