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O MANÍACO DOS TAPETES
 
            Nos becos da boca do lixo um par de olhos verdes conhecidos apenas pelo negrume da noite seguia furtivamente seu curso por entre as vielas mal cheirosas. Desejos carnais o consumiam. Ele precisava urgentemente de uma prostituta. À porta de um estabelecimento medíocre ele avistou a flor. Tiraria dela até a última pétala, a usaria até se cansar. Impetuosamente avançou até sua presa.
            _Calma querido! – Disse a bela flor – Não tenha tanta pressa.
            _Não te pago para falar! Quero ação!
            Subiu as escadas afoito, sua necessidade pedia urgência.
            O olhar da florzinha o enchia de prazer. A moça amordaçada e amarrada era, para ele, a visão do paraíso. Ela gemia de pavor e as pupilas dos olhos imploravam por clemência. Nunca mais ela se esqueceria daqueles olhos verdes insanos com aquela negra pinta entre as grossas sobrancelhas.
            Ele, com a lâmina na mão, sentado à sua frente como se fosse um rei, deleitava-se com as delícias que estavam por vir. “A piranha chorava feito uma criança inocente, mas ele sabia que ela nada tinha de inocente. Era apenas e tão somente uma mulher da vida”.
            Aproximou-se da moça e encostou a faca em seu pescoço. Gargalhou quando a menina se encolheu e exalou o cheiro característico do medo. Ela não podia se mexer, ela não podia gritar. Era apenas uma vagabunda qualquer que estava ali para servi-lo.
            Afastou-se um pouco para admirar sua presa.
            Lembrou-se agora de todas as outras. Tão iguais e tão diferentes. Algumas lutavam feito gato acuado, outras aceitavam seu destino feito carneiros no sacrifício. O que mais lhe excitava eram os olhos apavorados e a expressão de dor e terror, além do cheiro. O cheiro... Ah! O cheiro! – Quem disse que medo não tem cheiro?
            Sua ovelhinha estava ali, pronta para o abate. Prontinha para o sacrifício de seu amo e senhor. Ela faria falta para alguém? Alguém se importaria com uma prostituta da boca do lixo? Como essas presas eram fáceis! Bastava esfregar uma nota em suas caras e elas estavam prontas para o sacrifício.
            Aproximou-se da vítima e enquanto ela se debatia veementemente fez-lhe um enorme talho na perna direita. A moça urrava de dor enquanto seu algoz lambia-lhe o sangue ainda quente. Um após outro os cortes eram deferidos enquanto ele se satisfazia com seu macabro ritual.
            Ainda insatisfeito, o algoz arrastou sua vítima já sem vida para a banheira e ali transou ferozmente com o cadáver.
            “Alguém sabe da Sharon?” Era a pergunta que ecoava pelos becos no dia seguinte e nos outros também. Não! Ninguém sabia da Sharon e talvez nunca viessem a saber. O mundo não se importava com elas.
            Se pudessem saber...
            Sharon agora descansava depositada no fundo daquela represa. O corpo envolto num tapete vagabundo que servira por anos àquele prostíbulo de terceira categoria. Cordas e pedras completavam o sepulcro.
            Se alguém pudesse ver, observaria que aquele lugar era um verdadeiro cemitério submerso. Vários rolos de tapetes escondiam os segredos daquele par de olhos verdes... Tão verdes quanto a água que velava por aqueles corpos.
            O dono do puteiro onde Sharon trabalhava reuniu as prostitutas e muito preocupado quis saber: “Onde está o meu tapete do quarto 306?”
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(Fim da primeira parte. Aguardem o segundo capítulo intitulado: A PROSTITUTA PÂMELA ANGELS)