O DIABO TAMBÉM PRECISA SE DIVERTIR

Acordo. Olho para os lados. Estou em meu castelo. Ainda aprisionado em meu corpo. Esperando a morte. A morte... A mesma morte que levou a minha jovem e doce rainha. E todas as pessoas que amei. Qual a graça de ser rei de um reino falido? Qual a graça de governar sozinho? Uma vida sem amor, sem ação e um reino que lhe segue.

Levanto-me. Devo parecer bem para meu povo. Lavo meu rosto, visto-me e sento-me em meu trono. Mulheres preparam meu café, enquanto o capitão de minhas tropas vem me contar as novidades:

— Grande rei, trago-lhe péssimas notícias. Nosso estoque de comida está no fim, assim como nossa lenha.

Nesse momento surge um guarda-real , na grande sala.

— Senhor, um homem deseja lhe falar, disse que só falaria com o senhor.

— Pois bem, mande o entrar.

Surge, então, ao salão um homem vestido com vestes sujas, molhadas e muito desgastadas.

— Gostaria de falar à sós com o rei.

— Como ousa falar nesse tom.

— Se acalme capitão. Senhor, vamos para a sala ao lado.

— Mas grande rei.

— Cale-se e obedeça.

Nunca havia falado com meu capitão naquele tom antes, mas que mal aquele homem poderia me fazer, se me matasse seria um favor.

— O que deseja?

O homem olhou para mim, deu um riso sarcástico e falou:

— O que deseja?

— Como assim?

— Hahahahahahaha.

— Do que ri, pobre mendigo?

Já começava a me irritar com aquele homem.

— Eu, um pobre mendigo? Acorde grande rei. Seu reino está falido, moras em deserto, onde há mais ratos do que árvores e animais, mas eu venho lhe oferecer a salvação, e você precisa só me fazer um favor, terá seu reino e sua rainha de volta.

— Thereza está morta!!!!

— Eu sei, deixe me apresentar. Meu nome é Lúcifer, posso trazer sua mulher de volta, assim como posso deixá-lo rico.

O que pensar? Só de pensar em ter Thereza a meu lado...

— Que favor quer que eu faça?

— Daqui a dez anos, no dia trinta desse mês, à meia noite, aparecerá um velhinho á sua porta, abrigue-o e deixe ele assumir seu reino, vá para longe com sua amada.

Apertamos as mãos selando o pacto.

— Este mapa os levará à um outro castelo, acordará na amanhã com sua amada a seu lado.

O homem sumiu de repente, saí daquela pequena sala. Calei a todos com um olhar. Não falei uma palavra à ninguém. Fui dormir cedo.

Acordo. Olho para meu lado, ali está minha bela rainha... Acordo ela, abraço-a, ela só lembra de dormir e agora acordar, não faz perguntas, não estranho, nunca foi de falar muito mesmo. Lavo-me. Eu e meu povo começamos a mudança para o novo castelo.

DEZ ANOS DEPOIS...

Dez anos de fartura e felicidade ao lado de minha rainha. Mas falta pouco para entregar esse que agora é um enorme reino. Mas para que fugir, melhor lutar e permanecer aqui. Bate meia noite no relógio, um velho chega ao castelo de bengala e capa de viagem, os guardas informam que ele pede abrigo. E agora? Matá-lo ou cumprir o pacto?

— Abrigue-o.

Vou dormir.

Acordo, abraço minha mulher. Peço que arrume nossas malas, ela sem questionar obedece. Vou até o alojamento do visitante.

— Meu reino é seu.

Ele apenas concorda com um aceno de cabeça. Vou até o salão principal seguido pelo velhinho.

— Estou saindo de viagem, nunca mais voltarei para cá, o novo rei é este, e quem ousar me questionar deve ser morto, esta é minha última ordem.

Vou para meu quarto, pego poucas malas, minha mulher, e saio daquele castelo que não me pertence mais. Minha mulher segue quieta.

Passei por vários lugares, à noite caminhei de volta para o castelo, queria dar uma espiada, o que um demônio estaria fazendo no comando de um reino de humanos? Eu e minha esposa avançamos escondidos pela mata. Não conseguia acreditar no que via, demônios, ou que seres que fossem, saindo de um poço que nunca havia visto antes lá , saiam, iam até o castelo de onde ecoavam gritos e voltavam para o poço carregando corpos cobertos visivelmente de sangue. Virei para fugir, minha esposa se transformava no homem que havia feito o pacto comigo.

— Chegou a sua vez.

— Mas disse que eu poderia fugir.

— Pois mudei de idéia.

— Mas, qual o por que de tudo isso?

— Hahahahaha. Meu filhos precisam de carne fresca,e eu? Ora, o diabo também precisa de diversão, e sabe o que será mais divertido? Ver sua alma torturada no inferno por todos os soldados que você entregou a vida.HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Edwart Angst
Enviado por Edwart Angst em 04/03/2012
Reeditado em 04/03/2012
Código do texto: T3535219
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