Bolo de Noiva

Comadre Bastiana sacode a poeira do corpo e joga sal grosso nas amigas. Um benzimento para tirar mal olhado e quebranto para que possam estar de bem com a vida.

Mulher viçosa com seios fartos e quadril largo uma pródiga genitora, mãe de oito filhos. Viúva! Cria a sua prole com carinho, mas, com liberdade vigiada, afinal, o mundo lá fora, anda muito doente das idéias!

Confeiteira de bolos nos finais de semana, sempre atende aos pedidos de última hora, aqueles, que as confeiteiras profissionais não aceitam.

Comadre se vira nos trinta para dar comida, educação, vestuário..., para seus filhos. O mais velho com 15 anos, já trabalha no armazém do Compadre Antonio, estuda a noite, e ainda, ajuda a mãe nos momentos de ócio.

Comadre capricha no bolo de noiva da filha da Zulmira. O bolo havia sido encomendado na noite anterior. Fécula de batata é o ingrediente principal para um bolo fofo e gostoso. Bolo pronto! A mãe da noiva avisa que não vai querer o bolo, pois, encomendara um bolo especial ao novo confeiteiro francês da cidade. “Pierre faz um bolo enfeitado, como ninguém, murmura ela!”

”O que? Não quer mais o bolo? O que vou fazer? Ficar com o prejuízo?” Comadre inquieta pela notícia da desistência e por ter que arcar com as despesas. “Isto não se faz!”

Celebração do casamento termina... a festa começa! O bolo do tal Pierre estava todo engalanado na mesa dos noivos. Lindo de se ver, coisa que aparece na tela do cinema, vindo de Hollywood.

Hora de cortar o bolo, afinal, os noivos vão sair em lua de mel...

Comadre Bastiana esquece o acontecido e vai ajudar a cortar o bolo do Pierre. Ela, enfia a faca e algo acontece!

“Nossa! A faca entortou?! Como pode isto acontecer?”

Alguns pedaços de bolo, depois!

Ninguém, queria comer o bolo. Do seu interior um cheiro putrefato, exalava. Cheiro de morte! Um líquido viscoso avermelhado escorre de dentro do bolo.

Silêncio!

A mãe da noiva desmaia ao retirar um pedaço do bolo. Suas mãos tingem de vermelho.

Vozes! Silêncio! Urros! Silêncio! Grito de terror...

Morte e horror sinalizavam o início daquela vida a dois.

Alguns dias se passam... Uma notícia estampa a primeira página do jornal local:

“Confeiteiro mata a sogra e esconde os seus pedaços em bolo de casamento!”