O Último Beijo - II

A lareira estava aquecida com madeira seca do bosque, que ardia ao calor das chamas. No amplo domitório, numa cama larga e confortável, repousava lady Bella. Cortinas grossas, de fina decoração oriental protegiam-na do acesso dos muitos morcegos que por ali, circulavam. De um dos janelões o príncipe fitava o breu da noite, logo a madrugada iria dar margem ao surgimento da alvorada. este momento o deixava angustiado, não se acostumava a esta realidade, o de repousar à luz do sol. Temia a luz do sol como o diabo temia a cruz. A sua governanta interpelou-o.

- Senhor, estarei me recolhendo, ja dei recomendações para a guarda e para os demais serviçais para o dia, quando a sua senhora acordar.

Disse-lhe, Margothy. Uma húngara esbelta, balzaquiana. Vestia-se com uma farda elegante, de cor vermelha e preta. Sapatos de couro tingidos de preto. Os cabelos ostentavam um penteado simples, de cabelos presos. No mais, ostentava singelas jóias de ouro fino.

-Obrigado, irei recolher-me, a noite finda.

Dlady estava decidido a não permitir que o seu plano urdido, após comprar homens a peso de ouro e com promessas que jamais cumpriu. Foi obrigado a fugir e a raptar a donzela que daria prosseguimento á sua maldição. Alguns que tentaram lhe impedir perderam a vida, outros foram pagos e deixados para trás. Dali, podia direcionar os olhos para o seu cemitério particular, onde tumbas bastantes semelhantes ornamentavam aquela paisagem sombria, sinistra. Árvores de caules ressequidos serviam de pouso para as muitas corujas que ali pululavam. A chuva fina não dera trégua, uma ventania incessante era o couro de vozes do além a soprar aquele local amaldiçoado.

-Ali, estão em repouso. Perto de mim e tão distantes, por um erro palpitante do meu coração que teima, ainda a bater como o coração dos homens comuns. Mas, agora vai ser diferente. Quebro regras, estou preparado para tal.

A luz da lua, por breve momento deixou à vista os quase Cem túmulos, alguns tomados pelo mato, encobertos quase na sua totalidade. Alguns túmulos figuravam em seus aspecto o passar dos anos, longos anos.

-Amadas, amadas, amadas....eternas amadas.

Dizia, enquanto descia os degraus úmidos que o deixariam nos seus aposentos. Um quarto amplo, uma suíte bem decorada, com requinte e muito bom gosto. tapetes finos, cortinas trazidas da Índia. Móveis franceses. Uma porta secreta foi aberta, dando acesso para um pequeno cômodo. Ali, o príncipe abriu um ataúde confortável e confinou-se, enquanto o sosltício - os primeiros raios do sol lambiam as paredes de pedra do castelo, ensaiando mais uma manhã naquele outono -, seria um dia morno.

Fim da Parte II

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 30/05/2012
Reeditado em 16/06/2013
Código do texto: T3696934
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