Os Dentes de Berenice

Uma idéia de onde ela vem?

Que na mente apossa,

Estarei insano ou talvez o bem

Na alma só se acossa?

Tive por certo tempo obsessão

Por certa coisa doentia

Como um tipo de possessão

Pela mente isso retorcia

Eram tão brancos em candura

Que sorriam reluzentes,

Foi o motivo da minha loucura

Aqueles brancos dentes!

Tão brancos que brilhavam

Quando ela a mim sorria,

Com o silêncio me chamavam

Em uma doida agonia

Brilhavam como os diamantes

Que o entalhador apenas lima,

Alvos como as pérolas amantes

Eram os dentes da minha prima

Quando eu tentava repousar

Via-os assim tão salientes

Era o terror que vinha assustar

As imagens destes dentes

Estava senão assim perturbado

Com a idéia de tê-los comigo

Todo dia após ter-me levantado

Ao álcool um trago amigo

Certa vez o criado me acordou

Com os olhos vidrados me via

Na voz entrecortada sussurrou

Algo que eu ainda não ouvia

Falou que ouvira apenas gritos

Assim parecia que me disse

Pareciam dos fúnebres ritos

Vindos do quarto de Berenice

Percebi que a minha camisa

Suja com o sangue de alguém

Era fria como a leve brisa

Mas não havia visto ninguém

Meus dedos assim lacerados

Estavam moídos em dor

Pareciam estarem cortados

Em uma visão de terror

Caído ao lado do meu leito

Próximo ao velho e sujo diário,

Senti-me um refém perfeito

Ao ver o instrumento dentário

Foi quando me dando conta

Não acreditei na minha crendice

O criado para um frasco aponta

Lá dentro os dentes de Berenice

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 08/07/2012
Código do texto: T3767361
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