Não Abra!

Em mais uma das reuniões periódicas de bruxas, magos ou necromantes em uma floresta escura, nos confins da Inglaterra, algo estava mais errado que o de costume.

Invocando as forças do mal através do sacrifício de animais e de orgias sexuais, um grupo com mais de setenta místicos estava reunido.

Em hebraico, Chabbath, em francês, Sabbat, a palavra é usada para designar a reunião de bruxas porque se acreditava que a magia tinha relação com os judeus.

Em alguns desses encontros no passado, tinham data certa, sendo que em algumas regiões eram realizados a 2 de fevereiro, a primeiro de maio, primeiro de agosto e primeiro de outubro. Essas datas lembravam a divisão céltica do ano, que começava em primeiro de maio e primeiro de novembro.

Atualmente, o primeiro sabbat das bruxas é marcado de forma a coincidir com o solstício do verão e do equinócio de outono.

No meio daquela macabra reunião, um dos sacerdotes disse ter trazido uma importante relíquia, com magia antiga, dos antigos espíritos do mal.

Quando apresentou a caixa, dizia tratar-se da autêntica “Caixa de Pandora”. Esta jamais poderia ser aberta, como confirmavam os dizeres sobre a velha tampa, constituída de ouro e chumbo.

Colocada sobre um altar encharcado por sangue de bode, o ritual se iniciou. Durante certo momento, um dos supostos bruxos, sorrateiramente aproximou-se do altar sem que os demais percebessem, devido ao estado de transe. Pegando a “Caixa de Pandora”, fugiu pelo meio da mata até a próxima estrada.

Na verdade, tratava-se de um caçador de relíquias, infiltrado no meio dos místicos no intuito de roubar peças valiosas e vendê-las para colecionadores. Aquela seria a mais valiosa de todas, cujo preço a ser cobrado garantiria sossego pelo resto da vida ao salteador.

No meio da viagem, porém, o gangster parou o carro, atraído pela beleza do objeto. Sobre a tampa as inscrições em uma língua desconhecida, talvez grego, que dizia “Não Abra”.

Pouco se importando com a inscrição em uma língua estranha, com o auxílio de uma simples chave de fenda.

Dentro da caixa era possível ver algumas pedras preciosas. Uma delas, com um brilho incomum inundou a escuridão do interior do carro, de forma tão intensa que os olhos do homem ardiam como fogo. O ar começou a faltar. Um calor imenso parecia queimar a cabine da velha caminhonete.

Desesperado, o homem começou a incendiar-se espontaneamente. Saiu do carro correndo em chamas até cair no chão e morrer. A intensidade do fogo derreteu até os seus ossos.

Quando as autoridades chegaram no local tudo havia sido tomado pelas chamas, inclusive o carro. Tudo destruído, inclusive o asfalto parcialmente derretido, segundo especialistas, por um calor superior a 6300°F. Ali estava a caixa, intacta e fechada. Colocada dentro de uma das viaturas da polícia local não chegou a seu destino. A curiosidade de um oficial causou-lhes o mesmo fim do ladrão de preciosidades.

Não se sabe onde a caixa se encontra. Aliás, o que mais intriga a todos, não se sabe se é realmente a Caixa de Pandora e sim a tentação em não abri-la. Se a encontrar algum dia, na dúvida, NÃO ABRA!.

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 19/07/2012
Reeditado em 20/07/2012
Código do texto: T3787026
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