A História de Lúcifer (Continuação)

Javé, após o amplo descontentamento com seu “Iluminado” e os tantos doutros seres angelicais que haviam se revoltado contra sua posição de Senhor Supremo, “começaram” a planejar a criação das coisas físicas.

Pensou juntamente com Emanuel em algo novo, diferente do que até então era conhecido por existência.

O amplo projeto definiria a construção daquilo que nós chamamos de universo. Em um longo e bem aprimorado projeto, foram criados os conceitos básicos de existência.

Decidiram separar luz e escuridão, constituíram as matérias básicas até ocorrer aquilo que a ciência moderna define como Big Bang.

Cada fragmento de tal explosão originou os pontos do universo. Estrelas, planetas, constelações, além de bilhões de fragmentos.

Uma dessas estrelas é a que conhecemos por Sol. Mas a maior das artes dessa criação viria de um novo elemento, fragmento do Sol: a Terra.

Na Terra, Javé e Emanuel engrandeceram suas criações. Foram milhões de eras de trabalho, caprichando em cada detalhe, do menor ao maior.

Tamanho era este capricho, que despertou os olhares invejosos de Lúcifer.

Por que o Senhor dos Senhores haveria de ter tanto cuidado assim? Seria esta sua nova morada? Era estranho, pois nas regiões do Céu tudo parecia mais belo, mais precioso.

Em certos momentos, Lúcifer tentava contato com o Pai. Geralmente eram conversas que nunca começavam ou terminavam bem, devido ao temperamento do “Portador de Luz”, o qual sempre aparecia para zombar das criações de Deus ou diminuí-las, de algum modo com suas palavras horrendas. Mas, a curiosidade de Lúcifer não o deixava quieto, então ordenou alguns espiões para sondar a Terra.

Muito tempo depois, os espiões de Lúcifer notaram algo diferente. Era um novo ser, um novo animal, mas algo realmente especial. Lúcifer veio apressadamente e começou a espionar de longe. A este ser, todo caprichado, Emanuel fez algo inesperado por todos: deu-lhe a Terra de presente, e o nome de Adão.

Adão era um animal diferente dos outros. Possuía uma inteligência avançada, e em muito se parecia com os seres angélicos. Ele tinha um corpo físico, dotado de capacidades diferentes dos outros seres da Terra. Era capaz de sobreviver para sempre, pois este mesmo corpo era capaz de se regenerar instantaneamente. Em outras palavras, Javé caprichou tanto nessa nova criatura, a ponto de seus outros filhos verem neste, características que jamais possuíram.

Tempos mais tarde, Deus fez outro ser para companhia de Adão, uma fêmea, como nos demais animais. Com Eva, Adão poderia gerar filhos e povoar a Terra com milhões, bilhões de seres semelhantes a eles.

Os recém criados seres humanos deveriam zelar pela Terra, gerando novas gerações. Nunca iriam morrer ou sentir quaisquer necessidades, nem mesmo a nudez lhes incomodava.

Lúcifer precisava fazer algo. Seus poderes, mesmo junto com seus simpatizantes eram ínfimos perto do Deus Todo Poderoso, portanto não poderia guerrear contra Ele diretamente, mas precisava agir. Aquela posição que estava era de extrema humilhação para quem antes fora um mestre de cerimônias.

Então, sorrateiramente, Lúcifer adentrou a Terra e começou a enxergar Adão e Eva de longe. Notou que a eles, Deus havia dado algumas ordens expressas, assim como costumava fazer com os anjos.

Lúcifer passou a se esconder no subsolo, em um pequeno buraco no chão. Sua presença maléfica fez com que nascesse nesse buraco uma árvore formosa, porém a presença do ex-anjo da luz tornou seus frutos ruins, tomados por um ácido capaz de corromper o ser humano.

Sabendo disso, o Onisciente ordenando a Adão e Eva que não comesse dos frutos daquela árvore. A ordem clara e expressa alertou-lhes de tal forma que, em caso de desobediência, seus corpos se tornariam vulneráveis como os dos animais, e morreriam em pouco tempo.

Devido à imensa variedade de plantas e alimentos saborosos presentes naquela região da Terra, conhecida por Éden, o casal não sentiria falta alguma de uma árvore a menos. Aliás, seria apenas mais uma ordenança para segurança deles, assim como outras dadas por Javé, as quais preservariam a vida dos dois.

Lúcifer precisava agir. Aquela seria sua chance.

Em uma manhã, Eva caminhava próxima a uma nascente, da qual refrescou-se, enquanto Adão colhia algumas frutas para o almoço.

Eva ouviu alguém chamar-lhe. Julgando ser Adão, virou-se, mas para sua surpresa era uma serpente primitiva.

As serpentes eram astutos animais da floresta. Possuíam um corpo longo, lembrando um lagarto, mas apenas possuíam as patas inferiores. Costumavam ficar em árvores.

A serpente pediu para que Eva a acompanhasse. Virando-se para o lado de Adão, viu que ele estava concentrado e não quis chama-lo.

Alguns metros mais adiante, ficaram em frente à árvore proibida.

Lúcifer, disfarçado de serpente chamou a atenção de Eva com assuntos que esta jamais tivera conhecimento. Disse que na verdade aquela árvore tinha um motivo especial para ser proibida: era a Árvore do Conhecimento.

Segundo Lúcifer ou a serpente, Eva não deveria mais exitar e sim comer daquele fruto o mais rápido possível. Após este ato, ela teria grandes poderes, tornando-se semelhante a Javé e Emanuel. Deveria convencer Adão a fazer a mesma coisa e juntos, tomariam toda a existência para si, não dependendo mais de Deus para absolutamente nada.

A proposta era tentadora. Eva pensou por instantes, mas ao ver aquele formoso fruto acabou comendo. Devido ao agradável sabor, e à sensação que sentira em seguida, chamou por Adão. Não demorou para convencê-lo, o qual também comeu.

Alguns instantes depois, ambos sentiram um grande mal estar. Olhando um para o outro e notando sua nudez, sentiram vergonha, se escondendo.

Naquela tarde, Javé passeava tranquilamente pelo Éden, mas não avistou Adão ou Eva. Após chamar Adão, este respondeu, mas se recusou a se apresentar nu diante de Deus.

Emanuel, estranhando tal atitude, procurou por Eva e esta teve a mesma reação.

Estava claro! Eles desobedeceram. Em um misto de decepção, tristeza e certa ira, Javé revelou-lhes em detalhes o que haviam feito. Lúcifer também foi chamado à conversa.

A desobediência causaria males jamais imaginados, até mesmo para as gerações atuais. De todos os castigos, o final de tudo já estava escrito: a morte. O ser humano viveria por alguns anos e mais tarde iria morrer.

O Jardim do Éden deu lugar a uma Terra árida, cheia de dificuldades para a sobrevivência. Adão teria que trabalhar duro até suar, criar calos e sentir os espinhos das plantas perfurarem suas mãos, para preservar sua existência, uma existência temporária, com muita tristeza e dores. Eva sofrera também terríveis castigos. Além de permanecer submissa a Adão, esta para dar a luz sofreria dores intensas, quase mortais. E da mesma forma aconteceria com todas as gerações futuras.

Quanto a Lúcifer, esse foi lançado em um lugar profundo. Seu nome agora seria Diabo e Satanás. Além de perder seu lugar nos Altos Céus, agora, ele e seus simpatizantes ex-anjos, agora demônios também estavam condenados à morte. Esta ocorreria em alguns milhares de anos, na futura Batalha do Armagedon.

Ciente de seu futuro fim já traçado, Lúcifer só tinha um único objetivo: prosseguir com o processo de destruição da humanidade.

Nessa hora, Lúcifer começou a planejar sua estratégia de ataque. Reuniu uma imensa multidão, com milhões de anjos caídos. Começou a separar cada um, de acordo com suas capacidades, habilidades e poderes, constituindo hierarquias. A partir de então, Lúcifer seria apenas um administrador, e não agiria diretamente na Terra.

A hierarquia do mal seria dividida em Reinos, Principados, Domínios, seguindo o exemplo da cabala dos anjos.

Haveriam demônios patronos e governantes de países e regiões. Atuariam de acordo com o crescimento da humanidade, por eras e tempos, séculos, enquanto a humanidade caminhasse pelos confins da Terra.

Paulo Farias
Enviado por Paulo Farias em 20/07/2012
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T3787460
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.