O JOGO DO LABIRINTO

Galera... estou publicando esse conto em duas partes. Espero que gostem. A segunda parte já está pronta, e será publicada amanhã.

Abraços------------------------------------------------------------

O Jogo do Labirinto.

-Bom pessoal, tudo o que vocês tem de fazer é entrar nesse labirinto e sair do outro lado. Lá. - e Thiago apontou na direção acima dos muros – Lá estará o prêmio de vocês.

Amanda estava empolgada. Em sua cabeça ela sabia que seria a vencedora. Precisava muito daqueles 10 mil reais, e faria o possível para consegui-los.

Carlos respirava lentamente. Tirou o cigarro de sua boca e o esfregou no chão com a sola de seu sapato. Já faziam dois meses que ele obtivera a condicional por bom comportamento.

João apreensivo pensava nas palavras de sua mãe: "Cuidado filho, você não precisa fazer isso. Não precisa provar nada para ninguém". Ele sempre fora o playboy da turma, o diabo da classe que atormentava seus colegas, enfim: um desses vagabundos desnecessários da sociedade. João não prestava, mas não era tolo. Sabia que o dinheiro daria a ele a liberdade de que tanto precisava. Sair daquela cabeça de porco que era sua casa, e enfim se entregar as drogas que tanto o consumiam.

E por último, Ricardo observava seus oponentes. Endividado, aquela tinha sido sua escolha para se livrar do sufoco.

O que nenhum deles sabia, era que aquela escolha seria a pior de suas vidas.

-Estão prontos? - O velho de bigode e cabelos ralos subiu em uma espécie de sala de vidro com apenas uma poltrona e um interfone. Ele usava um paletó branco e portava um ar de superioridade e cinismo. - Assim que eu subir, darei o sinal para vocês entrarem. Não se esqueçam de seguir por caminhos diferentes. Quem for seguir o outro será desclassificado. Contem em seus relógios damas e cavalheiros: após 05 minutos, caso vocês se encontrem, poderão seguir juntos, mas lembrem-se: somente aquele que chegar primeiro receberá o prêmio.

A figura idosa e cômica do homem imponente deu então sinal ao seu assistente que fechou sua cabine e acionou o guindaste. Cumprir os desejos de um homem excêntrico nada significava para Thiago, mas este sabia que os atos do Sr. Clemente iam muito além da excentricidade.

Quando a cabine de se ergueu a exatos 20 metros de altura, Clemente acionou um controle que acendeu as luzes do labirinto. Aquela era a largada.

Amanda, Carlos, João e Ricardo entraram juntos. O primeiro quadrado a frente deles era amplo e tinha sete corredores diferentes. Amanda entrou logo no que estava em seu caminho, andando em linha reta e dando as costas aos demais. Carlos seguiu para o corredor da direita, e Ricardo demorou-se um pouco mais até tomar sua decisão, escolhendo o corredor no canto esquerdo do quadrado. João, arrependido olhou para o alto e viu de lá de cima o velho apoiado sobre o vidro, aparentemente o observando.

-Que se dane, não preciso dessa merda.

João virou-se para trás, decidido a abandonar o jogo quando viu dois operários colocando madeiras na saída do labirinto.

-Quero ir embora, não vou mais jogar essa porra.

-Desculpe senhor - disse um homem já do outro lado da tábua - regras são regras.

-Regras é o caralho seu monte de bosta. Quero sair daqui e vou sair daqui agora!

O operário olhou para o outro e balançou a cabeça, ao que esse consentiu. Ambos tiraram a tábua da entrada com certa dificuldade, e João a atravessou satisfeito por ter seus desejos atendidos, e ao mesmo tempo aliviado por sair dali.

-Viram seus merdas? Meu pai virá falar com voc...

Antes que ele completasse a frase, foi atingido no pescoço por um dardo tranquilizante e caiu no chão. Sua visão ficou turva, e antes de apagar notou o sorriso amarelado do empregado e suas palavras soltas em meio a risos.

-Veremos quem é o merda agora...

CAPITULO 2 – O JOGO COMEÇA

Amanda caminhava a passos rápidos pelo corredor. Estava confiante de que seria ela a ganhadora do prêmio, e pensava no que faria com o dinheiro. Quitaria as dividas ou iria embora? A segunda opção era a mais viável.

De repente ela chegou em uma espécie de encruzilhada. Um quadrado no qual os corredores se dividiam por quatro. No meio do quadrado, uma espécie de mesa tinha dizeres estranhos em sem nexo.

*Morte

*Caminho

*Saída

*Sangue

Amanda deu de ombros e seguiu pelo corredor a sua frente. Parecia que a ideia de ir em linha reta estava funcionando, afinal, ela já atingira o meio do labirinto, assim pensava. Foi quando uma gota caiu sobre sua testa. Sem se importar, ela seguiu em seu caminho enquanto a chuva apertava cada vez mais. Foi quando ela notou: aquilo não era água. Ela estava molhada de sangue.

O cheiro fétido do sangue grosso que escorria pelo seu corpo a fez vomitar. Apoiando-se sobre suas mãos, ela tremia e sentia que suas tripas sairiam todas garganta a fora. Tremendo, Amanda se levantou saboreando o gosto amargo do vômito em sua boca.

-O que está acontecendo aqui?

Ela olhou para o alto e pode ver Clemente sorrindo do alto de sua cabine. Ela tinha entrado em um jogo sujo. Não era apenas atravessar o labirinto. A questão envolvia muito mais do que ela esperava encontrar.

Cambaleando em meio à grama que ficava mais densa por causa do sangue que escorria das paredes ela se sentiu tonta e caiu novamente no chão. Sua cabeça começou a doer e antes de desmaiar, pode ouvir um telefone tocando não muito longe dali.

Ricardo começou a desesperar-se. Por onde quer que andasse dava de cara com corredores e mais corredores sem saída. Ao final de cada um desses havia um objeto que transmitia uma sensação de loucura, como quadros de pessoas gritando ou sendo torturadas, ou um simples espelho refletindo sua imagem.

Não fosse por Clemente o observar ali do alto, ele se entregaria a própria sorte por se sentir incapaz de sair dali. Eram 23:30. Duas horas haviam se passado desde que Ricardo resolvera entrar de corpo e alma naquele jogo.

Se pudesse, ele escalaria os muros com facilidade, mas as cercas eletrificadas impediam tal ato.

As luzes de seu corredor começaram a piscar. Ora ele caminhava no escuro, ora pela claridade. Foi em uma dessas piscadelas que ele notou ao longe um pequeno buraco na parede, fracamente iluminado por uma luz roxa.

João acordou sentindo uma forte dor em suas pernas. Para seu desespero, ele estava dento do labirinto, em um lugar diferente de onde havia entrado. Estava em um corredor sem saída. Haviam jogado ele lá dentro, e pela fratura exposta em sua perna direita, ele tinha certeza de que o arremessaram muro adentro.

-Velho filho da puta!!!! – Gritou olhando para o alto. – Está satisfeito agora?

João levantou-se com dificuldade. A única forma de sair dali seria seguir até o final do jogo. Ele estava pouco se lixando se conseguiria o dinheiro ou não. O que importava seria a surra que daria naquele velho esclerosado dos infernos.

-Puta que o pariu! – berrou Carlos.

A cerca era realmente eletrificada. Ele encostou apenas a ponta de seu dedo indicador em uma delas para ter certeza. Teria de prosseguir com aquele jogo caso quisesse sair dali.

Procurando manter os pensamentos longe de sua cabeça, ele seguia pelos corredores que ficavam cada vez mais estreitos. Logo, ele se viu obrigado a atravessar um deles de lado. As paredes se encurtaram cada vez mais, prendendo sua caixa torácica entre elas. Ignorando a claustrofobia, Carlos soltou o ar de seus pulmões e forçou a passagem.

Sua camisa rasgou e ele arranhou suas costelas, atravessando com êxito o pequeno espaço.

Saiu em um quadrado amplo, com três passagens abertas e outra fechada por uma porta que saía debaixo da terra. No centro do quadrado, havia a mesa com os dizeres:

*Morte

*Caminho

*Saída

*Sangue

Carlos olhou para o alto, e viu Clemente o observando com atenção. Certamente, sua escolha traria consequências que ele desconhecia, mas não tinha como saber qual dos caminhos o levaria a saída. E se fosse o portão fechado? Não, não poderia ser.

Ao longe, Carlos escutou os murmúrios de João, que também se aproximava dali. Querendo evitar um confronto de palavras, ou um impasse em sua decisão, Carlos seguiu pelo corredor a direita daquele que estava com o portão fechado.

Assim que o atravessou, escutou s porta subindo e trancando-se atrás dele. Do lado de dentro do corredor, a palavra morte estava estampada.

Sua cabeça girava. O cheiro do sangue podre era muito forte. Amanda não estava acostumada a isso.

Procurando manter a concentração, ela deu longas passadas até o telefone. Caiu duas vezes até chegar a ele. Levantou-se enfim, e atendeu.

-Alô?

-Oi Amanda? Se divertindo com meu presente?

Amanda olhou para o alto e viu clemente com o telefone na mão.

-Seu velho estúpido! O que há com você?

Clemente estava imóvel observando com o telefone em mãos.

-Não posso te ajudar. Me desculpe.

-Escute aqui seu...

Tarde demais. Clemente desligara o telefone. Amanda, agora mais calma seguiu pelo labirinto tentando encontrar a saída. O cheiro do sangue estragado não mais a incomodava, pois agora ela só pensava em sair dali inteira. Já havia percebido que a intenção do velho era dificultar as coisas.

Ela observava as paredes vermelhas de sangue do corredor onde estava. Como alguém seria dotado de uma mente tão diabólica assim? Para essa pergunta ela não tinha resposta.

A sua frente o corredor se dividia em dois, de forma que ela decidiu seguir pelo da direita. Caminhou apressada por este corredor, que agora tinha plantas cheias de espinhos espalhadas pelo chão. A cada passo que dava, os espinhos penetravam na carne de suas pernas abrindo grandes feridas e fazendo-as sangrar.

-Tem que ser por aqui – suspirou Amanda. Ela já estava pálida e fraca devido ter vomitado minutos atrás, e agora suas pernas doíam com os ferimentos causados pelos espinhos. A primeira coisa que faria assim que saísse dali seria ir para um hospital. No entanto, para sua infelicidade, ela descobriu que seu caminho seria ainda mais doloroso, pois não havia saída.

As penas de Amanda mal a aguentavam quando ela chegou de cara com uma enorme parede no final do corredor após virar à esquerda. Desesperada, ela se entregou aos prantos lamentando sua falta de sorte. Não mais pensando no dinheiro, Amanda sentou-se no chão observando seus machucados.

Suas pernas estavam inchadas, sua cabeça doía e seus cabelos estavam empapados de sangue pisado que agora seco, atraia moscas ao seu redor. Se chegar até ali foi um pesadelo, voltar seria pior ainda, mas era algo que tinha de ser feito.

PARTE FINAL AMANHÃ.

Bonilha
Enviado por Bonilha em 26/07/2012
Reeditado em 26/07/2012
Código do texto: T3798473
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