Dedo Duro II - O Quarto Secreto

Emengarda estava trêmula, o coração com um aperto. A pressão baixa. Estava gelada. Com confusão mental. A carne que tratava era de pessoas - indagava-se. Vivia numa casa de canibais. Enquanto gente morre de fome pelo mundo, eles, tão ricos se alimentam de carne humana. " dedo duro. Ele matavam quem os denunciavam? - indagava-se. Rico não fica preso. E, quando eles saíssem da cadeia, como seria"?

Deu vontade de ir embora. Arrumar suas coisas e abndonar tudo e voltar para o interior. Mas, Feira de Santana era tão perto. A família inteira de la e da região. Seria fácil ser vítima dos canibais. Na verdade estava perdida, não sabia o que fazer.

O seu telefone celular tocou.

- Emengarda, menina, que demora é essa, onde está? Eu preciso sair, venha para ficar com o Dãozinho. Emengarda, ô...ta me ouvindo...?

Era a voz de sua patroa, bastante nervosa do outro lado da linha.

-Eu..eu me santi mal, patroa aqui na banca de revistas, ja estou melhor, tô subindo.

Estar naquele elevador não era a mesma coisa de minutos atrás. Adentrar o longo corredor. Entrar em casa. Uma cobertura ampla. Várias dependências - e um quarto que vivia trancado. Jamais vira alguém entrar ali, nem para limpar. A patroa era quem o limpava, quando os empregados não estavam mais ali.

Entrou com as pernas bambas na sala. Era visível o seu nervosismo. A voz saia com engasgo. Estava pálida.

- O que aconteceu? Como está pálida? Foi assaltada, foi isso? A violência hoje em dia ta demais. Difícil encontrar quem ja não foi assaltado...

- Não, senhora. A minha pressão caiu, quase desmaiei...

A carne era trazia embalda em sacos plásticos. Quando chegava ja estava descongelando na pia." De onde vinha"?- Indagava-se. " Seria do quarto secreto"?

de início pensou que ali devia ficar o cadáver para ser cortado. Separa as partes que eles comeriam." A cabeça, onde jogariam a cabeça, quem eles matavam, onde matavam"?

- Lili você tem quantos anos aqui?

- Eu sou da agência, o meu contrato é de três meses.- Dizia a menina da limpeza.

- Pensei que você funcionária antiga.

- Não, funcionária fixa eles so querem a que cuida do menino, ou seja, você.

" Eles matam as funcionárias, so pode. Seria mais fácil. Um crime perfeito. Quem desconfiaria de patrões ricos, mataria a funcionária terceirizada por quê? - não teria motivo aparente."

Emengarda estava em estado de pânico, no terror. Tremia, estava nervosa, em estado de pânico.

-Quero que fique esta semana dormindo aqui. O meu marido vai viajar e vou para a empresa cuidar. Vou ficar sem tempo para o meu filho.

Disse a patroa saindo pela porta.

Torcia para que eles não vissem o jornal. Poderiam casar o seu estado emocional com a notícia nos jornais - e a sua ida á banca de revista. A patroa sabia disso. Eles eram ricos e cultos. Não liam jornais populares, folhetins. Viviam na net, bastante ocupados com os negócios.

- Dãozinho você precisa se alimentar melhor, carne é alimento venenoso.

- Ah, adoro carne, muita carne...

- Minha Nossa Senhora, onde estou?

Pensou alto.

O quarto ficava no fim do corredor. A porta era reforçada. As chaves ficavam guardadas em local secreto. Nada se ouvia pelo lado de fora. A sua curiosidade era tamanha, talvez estivesse ali protegido algo que revelasse o sinistro daquela família milionária.

- Dãozinho você sabe o que tem dentro daquele quarto?

- Sei lá... Ah, carne muita carne...não é, não? Papai e mamãe gostam de carne, de muita carne.

O horror se apoderava do seu ser. Não sabia o que fazer. A vontade seria sair dali correndo, fugir. Temia ser pega depois, mas se ficasse poderia morrer e ser devorada. Ligou para sua mãe no interior. Falava que a família devia toda se mudar para outra cidade. Não foi levada à sério ao ter informado que não era perseguida, nem devia nada á justiça.

A sua mãe perguntou se ela estava bem da cabeça. Tinha um bom emprego e queria largar tudo pra voltar pra uma cidade que so lhe oferecia um emprego numa lojinha qualquer. Trabalhava de doméstica, mas ganhava o bastante para pagar sua faculdade, além do mais vivia no meio da burguesia, quando se formasse seria até fácil arrumar um bom emprego. Mudar de vida, ganhar melhor.

Naquela noite não dormiu.

- Ele me encontrariam...sei que me encontrariam fugisse pra onde fosse.

Esse pensamento lhe martelava na cabeça.

Fim da parte II

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 06/08/2012
Reeditado em 13/05/2014
Código do texto: T3817040
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