Dedo Duro - A Gostosa - Parte VII

Depois de alguns meses, restabelecida emocionalmete, Emengarda valia-se de sua folga merecida. havia comprado um novo celular. Estranho quando o mesmo tocou, pois, não havia passado o número nem mesmo para sua mãe.

O sítio onde se encontrava era um paraíso cheio de verde, uma cachoeira pequena dava um toque bucólico ao loca. Flores de todas as cores se espalhavam pelo chão verde de grama.

- Oh, meu Deus om começou a violência dessas operadoras que vivem mandando mensagem e ligando com promoções não atualizadas. Essas pestes quando se instalam no Terceiro Mundo fazem o que quer, devido o Brasil parecer ser terra-de-ninguém.

- Alô, Emengarda...

Ao soar daquela voz rouca, bem particular, Emengarda gelou nas veias. As pernas ja não tinham a devida firmeza.

- Alô, Emengarda...

Soou a voz mais uma vez, pausada. Num tom único, inconfundível.

- Mas, mas como descobriu o meu número...

- Eu sou um homem rico Emengarda. Vivemos num país, onde o dinheiro consegue o que quer, por aqui até a Justiça tem o seu preço. Não esqueça de uma coisa, as vendas são para não enxergar os pobre.

falou assim, rindo, de deboche.

- Pensei que tivéssemos feito um acordo...

falou, com desespero. A pressão baixa. O desequilíbrio ja abalava o seu ser frágil.

- Recuperei a minha fortuna. Tenho fome e saudades do seu tempero.

- Eu vou fugir, não sabe onde estou. Eu não quero mais...

-Ah, deixe de tolices. Quando recordo você passando pra la e pra ca com aquelle uniforme de saia curta. Lembro do remelexo de suas nádegas, o bailar de suas coxas. Ah, os seios fartos apontando para frente. A cada passo seu dado eles balançavam - mas, de durinhos.

- Oh, meu Deus, esse pesadelo não vai acabar?

- Tenho fome... te desejo, agora Emengarda. Vou descobrir onde está. Quando a sua imagem vem à memória, fico com um apetite daqueles.

Desligou o telefone. Mais uma vez perdida, confusa, sem saber o que fazer. Então, resolveu sair dali, de forma apressada. Montou em sua moto possante e se dirigiu para a cidade. O sítio era deserto, longe do centro, ali tudo poderia acontecer sem ter quem a socorresse. Quem lhe telefonou sabia o que estava fazendo, no mínimo sabia onde encontrá-la. So estaria esperando o momento certo. A moto seguia veloz, com dificuldade no terreno acidentado. Uma pista de chão, mato nas duas lateriais. Então, a grande surpresa. A ponte de madeira estava danificada. A ponte sólida, recém construída estava partida ao meio. Uma interrrupção proposital com o fim de isolá-la. Havia percebido que a indicação para que comprasse àquele sítio tão distante do centro da cidade, e situado numa região íngrime, isolado pelo rio caldaloso e pelo precipício havia tido um propósito sinistro. Tudo fora calculado nos mínimos detalhes.

- Meu Deus...meu Deus...

Não sabia o que fazer. Ligar para a polícia, talvez. Foi quando o telefone tocou mais uma vez.

- Alô...

- Emengarda,ah minha coisinha deliciosa. So ao ouvir o seu nome me desperta desejos proíbidos...o meu paladar fica aguçado, Me dá água na boca. Ai, que vontade me dá´, Emengarda...

- Eu vou ligar para a polícia, estou avisando...

- Como te disse, tudo tem um preço. Não adianta o dinheiro a tudo compra nesse país que não deu certo. Somos a República das Bananas,he,he,he,he...

Emengarda desligou.

Ao ligar para a polícia, assim o delegado respondeu:

-ALô... não estou te ouvindo direito...é o sinal...aqui não é bom...o quê?

Não estou te ouvindo...celulares não funcionam direito na região...

A moto tinha o tanque cheio. Podia se afastar do sítio e se embrenhar no mato. Caso ele tivesse cãe farejadores poderia encontrá-la. Em tudo caso, prefereria:

- A morte no mato, do que ser assada numa frigideira para saciar instintos bestiais de um psicopata que adora carne humana, um canibal. O maldito fez um acordo comigo. Ao pedir a minha conta bancária e fazer o depósito teve apenas o motivo para descobrir a minha localização. E, agora, bem de vida, com dinheiro e, poderei parar no estômago de um maníaco.

A pistola comprada tinha munição. Dois pentes, contudo não sabia atirar. Arriscaria treinar alguns tiros, caso precisasse se defender com a arma.

- Não, não vou voltar para a casa, é o que ele quer... Ficarei no mato.

O céu ficou cinza, com nuvens carregadas. O temporal desabou sobre a sua cabeça. Um frio de lascar a fazia tremer até na alma. Montou na moto e retornou para a casa do sítio. Estava coberta de lama. O aguaceiro ali se instalou. Percebeu que não seria fácil alguém chegar até ali, a pé ou de carro, moto ou de animal de montaria. Trocou de roupa, antes havia fechado bem as portas e janelas. Preparou um chá quente, de camomila, precisava se acalmar. Sorvia o líquido morno, com prazer. buscava refletir como se livrar do sinistro mais uma vez.

- Terei que matá-lo...eu vou matálo..não posso acreditar que tem por mim, um mister de tesão sexual e apetite canibal em perfeita sincronia. falou de minha bunda, meus peitos, minhas coxas. Sua voz era de alguém excitado, como se tivesse uma ereção impulsionada por profundo desejo sexual. Uma voz rouca, baixa e insinuante...Ah, não, gosto que me comam, mais de outra forma.

A chuva torrencial se estendia pelo entardecer. Em volta do sítio se formou um rio. A escuridão da noite se desenhava por trás das colinas e da vasta vegetação.

O coração de Emengarda palpitava, parecia aguardar o inesperado. A pistola ficava próximo, não sabia atirar - será que resolveria?

Ligou a tv, não funcionava, estava sem sinal. O rádio, também não dava sinais de estações. Estava isolada, o delegado comprado. Um louco canibal á espreita. Quando atacaria? Sobreviveria? Seria degustada?

- Deus não mereço um fim tão cruel...por favor...

Chorava, o seu corpo todo tremia. Um cobertor providencial aquecia o seu corpo. Ficou ali no escuro aguardando o inesperado.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 10/08/2012
Reeditado em 13/05/2014
Código do texto: T3823461
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