CEMITÉRIO DE ANIMAIS

" baseado em fatos reais..."

A velha morava em uma fazenda afastada de tudo e de todos, era uma grande caçadora, incumbida pelas pessoas da cidade de matar animais moribundos, então sempre que alguém queria acabar com o sofrimento de seu bichinho ia até a fazenda a procura dela.

Ela era impecável, um só tiro acabava com a vida do animal e o enviava para uma vala, repleta de cadáveres, um cemitério de animais. Toda sua vida ela dedicou a seu dom para tiro certeiro e nenhum ladrão tinha coragem de botar o nariz em suas terras. Na manhã ensolarada de uma sexta feira, apareceu em sua fazenda um homem jovem que trazia um saco nas mãos, mais uma alma moribunda para dar cabo, ela pensou. O homem retirou do saco um gato preto enquanto a velha já carregava a arma, lhe entregou um bolo de notas que ela julgou ser mais que o necessário para dar fim a um gato doente. Ele amarrou o animal a um toco de madeira e ela apontou a espingarda para o bicho.

- É uma gata- o homem disse como que se devesse explicações.

A velha pouco se importou e voltou a mirar, a gata a observou com seus profundos olhos verdes em meio à pelagem negra. A velha hesitou.

- Não está doente!- abaixando a arma.

- Não. Mas quero que mate mesmo assim.

- Não mato – a velha já seguia para dentro da casa...

- Mas eu paguei! Preciso que a gata morra.

A velha já completamente surda para as súplicas do homem se dirigia a cozinha para suas panelas.

- Diga que a senhora fica com ela então, em uma semana, garanto que a senhora vai querer matá-la – o desespero do homem era evidente – Mas eu preciso que diga que fica com ela.

A velha assentiu com a cabeça e o homem se foi deixando apenas os rastos na estrada empoeirada judiada pelo sol escaldante.

Aquela noite a mulher acordou com os miados aterrorizantes que mais pareciam gritos vindo do inferno, levantou com dificuldades e se deparou com a gata dentro da casa, estranhou, pois não havia por onde ela entrar, verificou todas as portas e janelas, fechadas... colocou o animal para fora e retornou ao sono, que fora repleto de pesadelos sobre cadáveres e moscas.

Na noite seguinte a velha se certificou que a gata estava fora, mesmo assim por volta das três da madrugada o miado a acordou e ela se deparou com a gata no seu quarto e assim sucedeu durante cinco dias, os miados e os pesadelos cada vez mais intensos.

Na sexta noite a velha já estava para por fim na gata, prendeu o animal em uma pequena gaiola e a deixou no meio do quintal, certa de que aquilo era incomum que precisava dar cabo do bicho na manhã seguinte.

Seu sono não tardou a vir, mas os pesadelos também não, sonhou com esqueletos humanos que caminhavam e ossos que se moviam sozinhos acordou assustada ouvindo os miados diabólicos... a gata estava em sua cama, com os olhos em chamas vermelhas. A velha pulou da cama correu para o quintal, a gaiola vazia... algo se movia na escuridão da noite... milhares de ossos e cadáveres decompostos de animais emergiam da vala em sua direção, a velha ainda tentou fugir, mas foi impedida pela gata que pulou em seu pescoço e lhe rasgou a veia artéria, ela caiu de joelhos e tentou se debater enquanto o mar de ossos e carne podre a sufocava e a levava para o inferno.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 30/08/2012
Código do texto: T3856900
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.