O Cemitério Assombrado VIII

A polícia londrina ficou intrigada com aquele crime. Jamais a equipe de policiais liderados pelo inspetor Joseph presenciaram corpos naqueles estado. Estavam moídos, dilacerados, ossos partidos em vários pedaços. As cabeças fora dos corpos. O sangue banhava o chão da sala. Jorros de sangue respingados nas paredes. Os móveis fora de lugar, alguns faltando pedaços, como se uma máquina destruídora por ali tivesse entrado, com fúria arrasadora.

A jovem mulher, esposa da outra vítima tinha os braços partidos em vários pedaços. As suas vísceras expostas - haviam rasgões laterias na região abdominal. O seu rosto permanecera intacto, os olhos vítreos, de lindas pupilas azuis - como se presenciasse o seu algoz, com espanto. O rosto intacto, conservado o seu estado de beleza, apenas com alguns pingos de sangue na testa e numa das maçãs do rosto. Os lábios meio abertos, veremlhos, como sempre. Exibia parte dos lindos e alvos dentes. O rosto intacto, mas a cabeça estava fora do corpo, distante mais de seis metros desse. Fora encontrada atrás de um móvel da sala.

O seu esposo parecia ter passado por uma máquina de moinho. Não havia restado músculos inteiros, órgão intactos. Estava vermelho, coberto pelo sangue, com o interior de seu corpo exposto. Os nervos vistos à olho nu,músculos e ossos. A cabeça jogada num canto - parecia ter sido arrancada num golpe único, pois estava na parede a sua marca, ali bateu e foi ao solo.

- Oh, meu Deus, oh, meu Deus, o que se passou aqui?

Observava, o inspetor, sentindo o impacto daquela cena macabra.

- Um urso furioso, uma fera selvagem, uma onça...so pode ter sido. Existem marcas de garras nas paredes, nos móveis e se percebe isso, também nos corpos.

Observou um dos policiais.

- isolem o ambiente. Vamos entrar em contato com um fotógrafo, acho que teremos uma grande investigação pela frente.

- Os jornalistas estão chegando, vamos deixar que fotografem?

- Não, não, primeiro os registros do nosso fotógrafo policial.

Os jornalistas dos dois jornais daquela localidade não gostaram muito de terem sido impedidos do trabalho da imprensa, mas aguardavam com paciência a ordem para que pudessem trabalhar naquele crime.

- Vamos alavancar as nossas vendas, enfim, temos um crime de proporções desmedidas.

Disse Phillip, do recém fundado jornal The Night.

- Vamos ver quem vai vender mais, ja temos leitores cativos.

falou o fotógrafo e jornalista do jornal mais antigo da cidade, conhecido por Míster Sun.

O inspetor Joseph criara o seu próprio meio de investigação. Sempre isolava a área do crime e contratara, por conta própria um fotógrafo para que registrasse o local do crime, antes da imprensa, dos curiosos. Dizia que ali poderiam estarem provas contra os criminosos - uma elucidação clara que poderia se perder, poderia estar eternizada numa foto, e ajudar nas investigações. Foi assim que ganhou notoriedade, ao resolver inúmeros casos pela região de homicídios, suicídios, assaltos, arrombamentos.

Longe dali, numa cidade não muito próxima.

- A menina está a cada dia mais mocinha.

Observou uma das coordenadoras, com olhar de loba, para suas pernas, e o belo par de seios que se desenhava por baixo da farda escolar.

- Sim, vai ser uma bela moça.

Observou a diretora.

Estavam no pátio, era hora da recreação, após uma manhã intensa de aulas. As meninas jogavam vôlei, basquete ou tênnis. Outras formavam grupos e falavam de futilidades características da idade.

Após a chegada dos filhos da sociedade secreta, a escola havia saído da decadência para se tornar uma das mais procuradas da região. Novos professores foram contratodos, coordenadores. Reformas foram realizadas. Os muros ganharam altura, novos cômodos foram erguidos, alguns no subsolo da escola. A escola se dividia em duas áreas distintas, uma para moças, outra para rapazes, separadas por um muro e um portão, que so era aberto com permissão expressa pela coordenação. Ali estavam os filhos e filhas das pessoas mais influentes da região. Ricos comerciantes, políticos influentes, navegadores, intelectuais de renome.

Ali, havia chegado, em pouco tempo atrás uma menininha simpática, tímida, linda. Um amor de menina. Estava triste, dizia sentir falta dos gatinhos da cozinha de sua outrora, casa, e do seu quarto. Sentia saudades, também, das cozinheiras, onde ficava batendo papo e ganhando algumas golusiemas, furtuítas, antes do almoço. Viveu por meses isolada num canto, com o olhar perdido no vazio. Uma expressão de infância solitária e infeliz.

(continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 02/09/2012
Reeditado em 08/10/2012
Código do texto: T3861552
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