Anjo mau

O bebê sorriu, e estendeu os bracinhos quando a irmã se aproximou do berço. A garota fez um breve carinho no rostinho rosado e em seguida apanhou um brinquedo de pelúcia e enfiou com força na boquinha da criança, que se debateu e logo morreu asfixiada. Sorrindo de maneira perversa, a menina retirou o brinquedo, saiu discretamente e foi para o seu quarto. Ficou lá até que ouviu os gritos desesperados da mãe adotiva vindo do quarto do bebê. Samanta sempre viveu no orfanato. Foi deixada lá ainda recém-nascida. Foi adotada pela primeira vez, quando tinha seis meses. Os pais adotivos não se adaptaram e a devolveram dias depois. Aos cinco anos foi adotada novamente, mas o casal que a adotou morreu meses depois de forma trágica em um acidente de carro, e a menina voltou para o orfanato. Era uma menina risonha, carinhosa e querida por todos os adultos. Sua simpatia despertou o interesse de Sonia e Renato. Um casal que contribuía financeiramente com o orfanato. Eram pais de um menino de seis meses e tinham o sonho de adotarem uma menina. Assim que viram Samanta se apaixonaram. Não se importaram por ela já estar com oito anos. O sorriso doce e o jeitinho meigo os conquistaram de imediato. Samanta não queria ser adotada. Gostava de viver no orfanato onde era tratada como princesa por todos os funcionários, e onde podia maltratar as crianças mais novas sem ser pega. Quando soube que iria morar com Renato, Sonia e o bebê, ela bateu palmas demonstrando felicidade, mas por dentro fervia de ódio. Decidiu que sua estadia na nova casa seria breve. Depois da morte do menino Sonia entrou em depressão profunda, e sem ninguém para cuidar de Samanta, Renato a levou de volta para o orfanato. Logo que retornou, a garota teve duas surpresas. Não era mais a queridinha. Duas gêmeas idênticas haviam ocupado seu lugar. A segunda surpresa é que sua mãe biológica aparecera, e a queria de volta. Samanta detestou as novidades e decidiu que as coisas continuariam do seu jeito. Quando a apresentaram a sua mãe, ela chorou emocionada e pediu para ficar uns dias no orfanato para se despedir e se acostumar com a ideia de não mais voltar. O pedido foi aceito e uma noite Samanta entrou no quarto das gêmeas que tinham apenas dois anos e as asfixiou com o travesseiro. As crianças morreram enquanto dormiam, sem nenhum barulho. Três dias depois Samanta foi entregue a sua mãe, que arrependida por tê-la abandonado fazia de tudo para agradá-la e nem desconfiava do ódio profundo que a menina nutria por ela. Alguns meses depois a casa onde Samanta vivia com a mãe e o padrasto pegou fogo. Quando os bombeiros chegaram, encontraram a garota gritando histericamente no jardim, com as roupas e o rosto cheios de fuligem. Os vizinhos falaram que foi um milagre a menina escapar com vida, mas ninguém achou explicação para o fato do jovem casal ter sido encontrado carbonizado dentro do quarto. Dias depois sentada em um balanço no orfanato, Samanta ria secretamente, lembrando-se do chá servido ao papai e a mamãezinha pouco antes dela trancar a porta do quarto e colocar fogo na casa. 02/09/2012