É gente, continuando sem tempo para escrever, o jeito é republicar. Este conto eu publiquei e retirei após descobrir que existe um filme parecidissimo com ele (mas que até então eu desconhecia), acreditem não é plágio, mas até o nome do raio do prédio é igual. Fazer o quê né, a história não é tão original, mas garanto a vocês que é boa. Quem leu, está aí de novo, quem não leu aproveite.

ELEVADOR

Cinco horas. Alice mal podia acreditar, rapidamente arrumou suas coisas, despediu-se do chefe e dos colegas do escritório e se dirigiu ao elevador. Havia sido um dia difícil. Na porta do elevador um homem já aguardava, era Lucas, um advogado de um escritório ao lado.
- Boa tarde Alice, como foi seu dia?
- Oi Lucas, boa tarde. Dia cansativo, ainda bem que acabou.
O elevador chegou. A porta se abriu. Lá dentro mais três pessoas esperavam, dois homens e uma mulher, Alice já os tinha visto antes no prédio, mas não os conhecia.
Os dois entraram. O elevador era moderno e espaçoso, sem ascensorista, já que aquele edifício era novo em folha, construído no lugar de um antigo hotel, o Grande Hotel Victória do início do século vinte e que havia se incendiado há muito tempo.
De repente um ranger, o elevador sacode um pouco, as luzes se apagam até que todo o movimento cessa.
- Parece que ficamos sem luz – disse Lucas ligando a lanterna de seu celular.
- Detesto isso – disse a mulher desconhecida.
- Não se preocupem - disse um dos dois homens – deve ter sido um pique passageiro. Vamos esperar um pouco.
- É – falou o outro homem, esse visivelmente nervoso – mas vamos apertar o botão de emergência de qualquer jeito. Detesto esperar. – e como dito, apertou o botão.
Um silêncio reinou dentro do elevador, podiam-se ouvir a respiração e as batidas do coração uns dos outros. O tempo passava, não se sabia ao certo em que ritmo, mas passava.
- Estão demorando demais com isso – disse o homem mais nervoso.
- Bem, enquanto esperamos, deixe eu me apresentar, meu nome é Lucas, e se quiserem processar o prédio depois disso, eu sou advogado.
Todos riram. Alice percebeu que a intenção de Lucas era mesmo descontrair o ambiente.
- E eu sou Alice – ela foi próxima - sou secretária.
- Eu sou Alan – sou dentista, disse o homem nervoso.
- Meu nome é Lúcia – era a mulher – e eu sou, bem eu sou delegada de polícia.
Alice se espantou, por essa ela não esperava. Lúcia era uma mulher pequena, menor que ela, parecia até frágil, mas tinha um olhar determinado.
- Agora só falta você – Alice falou para o outro homem.
- Ah, meu nome é Henrique, e eu sou bandido.
Todos ficaram em silêncio, até que Lucas riu.
- Ha, ha, eu não sou o único engraçadinho por aqui.
- Mas não é brincadeira – falou Lúcia – na verdade Henrique já foi um bandido, eu só o trouxe aqui hoje como parte de uma investigação, ele está me ajudando, mas já cumpriu pena.
- Poxa doutora Lúcia, eles estavam acreditando!
Agora todos riram e nesse momento a luz voltou e o elevador reiniciou sua descida.
- Até que enfim – Alan, o dentista, parecia bem mais aliviado.
O silêncio voltou como se eles nunca tivessem se conhecido. O elevador chegou ao térreo, as portas foram abertas, eles prepararam-se para sair, mas:
- Mas que brincadeira é essa? – perguntou-se atônito Alan.
Todos saíram do elevador e depararam-se com uma cena estranha, no lugar do saguão amplo e moderno do edifício estendia-se uma recepção antiga, toda revestida em madeira, com móveis novos porém antigos, e não havia ninguém a vista.
O grupo inteiro manteve o espanto e o silêncio até que um ruído por trás deles fez com que todos se sobressaltassem. Eles viraram-se e viram as portas do elevador se fecharem, portas de madeira, não as portas metálicas pela quais embarcaram, e no lugar do mostrador digital, um grande mostrador de ponteiros marcava os andares por sobre as portas.
- Dez andares? – perguntou Lúcia – mas esse prédio não tinha vinte e dois andares?
- Doutora – era Henrique, o “bandido” – isso tá parecendo pegadinha de televisão.
- Se for, é uma brincadeira de muito mau gosto Henrique, e quem quer que esteja por trás disso não sabe com quem mexeu – enquanto dizia isso ela abriu seu blazer deixando a mostra um distintivo e uma arma.
- Gente, tem que haver uma explicação lógica pra isso – falou Alice.
- Vamos sair do prédio, se for alguma brincadeira eles não devem ter dito tempo de alterar nada lá fora – disse Lucas indo na frente do grupo em direção a porta.
- Ah, não disse, vejam só – disse ele apontando para porta, feita de madeira e vidro, por onde podia-se ver a rua, a mesma rua de sempre, movimentada e moderna, com carros indo de um lado para outro e pedestres na calçada – vamos sair daqui.
Mas quando Lucas tocou a maçaneta ele deu um grito terrível e foi jogado para trás.
- Lucas! – gritou Alice – Ah meu Deus! Você está bem?
- Ai – disse Lucas – sim, mas levei um tranco, parece um choque, mas é diferente.
- Deixa eu tentar – falou Henrique.
- Cuidado Henrique – falou Lúcia.
- Pode deixar doutora. Eu sou profissional, lembra? – então ele pegou uma cadeira próxima, se aproximou da porta e tentou forçá-la, mas ouviu-se um grande estrondo e ele foi arremessado com cadeira e tudo para junto de Lucas.
- Cara, que doidera – disse ele meio grogue.
- Isso já me irritou o suficiente – disse Lúcia sacando a arma e atirando contra a porta.
Mas o que se ouviu depois do tiro foi a bala ricochetear, a porta permanecia intacta.
- Oh meu Deus, Oh meu Deus, o que está acontecendo aqui, eu quero sair desse lugar – Alan ficava cada vez mais nervoso.
- Calma – Alice tentava tranqüilizá-lo – como eu disse antes, deve haver uma explicação lógica para isso.
- Lógica? – ele retrucou – você está louca? Que lógica há nisso? Talvez eu esteja louco...não... talvez seja um sonho...é... um sonho ruim.
- Cara, doido você já era pelo jeito – disse Henrique ainda caído no chão.
Lúcia ajudou-o a se levantar e disse a todos:
- Olha gente, temos que manter a calma, como Alice disse isso tem que ter uma explica... – ela parou repentinamente no meio da frase e olhou para cima, por sobre a recepção do prédio.
Todos se viraram e olharam também, em uma grande e imponente placa podia-se ler em letras garrafais: “GRANDE HOTEL VICTÓRIA”.
- Bem agora sabemos onde estamos – disse Lucas – resta saber em quando estamos.
- Estão em 1932 senhor, sexta-feira, 13 de maio de 1932 – todos ouviram aquela voz, e era uma voz desconhecida.
Eles se viraram em unissímo, atrás deles um sujeito baixinho, uniformizado e bem apresentável os contemplava como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Bem vindo ao Grande Hotel Victória cavalheiros, e senhoritas também.
- Mas quem é o senhor? E o que está acontecendo aqui? Eu exijo uma resposta – era Lúcia exibindo seu distintivo e ainda de arma em punho.
- Não se preocupe senhorita as respostas virão em breve – ele disse isso e, para o pavor de todos, desapareceu no ar.
Um calafrio percorreu todos no grupo e eles se reuniram bem juntos.
- É – disse Henrique – programa de televisão não é não.
- 13 de maio de 1932 – repetia Alice para si mesma – ai Deus!
- O que foi Alice? – Quis saber Lucas.
- Essa data, eu me lembro...meu chefe nos contou uma vez... ele queria nos assustar com histórias de fantasmas... eu não sabia, mas segundo ele foi nessa data que o Grande Hotel Victória pegou fogo Lucas, não houve sobreviventes, e o prédio permaneceu de pé até ser demolido nos anos 50, só muito tempo depois o terreno foi comprado e construído o nosso edifício sobre ele.
- O quê? – era Alan – então a gente voltou, a gente voltou mesmo ao passado, e a gente voltou para morrer!
De repente todos ouviram gritos de pavor. Eles se juntaram uns aos outros mais e mais. Os gritos aumentavam.
- O que está acontecendo agora? – perguntou Lucas.
- Começou – disse Alice.
- Começou o que? – perguntou Lúcia.
- Isso – respondeu Alice apontando para o teto, onde se via fumaça.
Então as luzes começaram a falhar, a fumaça aumentava e estrondos eram ouvidos sobre a cabeça de todos.
Lascas começavam a cair do teto.
- É pessoal – disse Henrique – acho que é o fim.
Alan começou a choramingar. Lucas apertou a mão de Alice e Lúcia a de Henrique.
- Aproximem-se - falou Alice. E todos se abraçaram.
- Foi um prazer conhecê-los.
Os cinco permaneceram em um forte abraço. A sua volta fumaça e labaredas, os gritos de pânico continuavam a serem ouvidos. E de repente um grande rangido é ouvido, todos olham para cima a tempo de ver o teto desabar sobre suas cabeças.

Sexta-feira, 13 de maio de 2011. A polícia ainda investiga as causas da queda do elevador do edifício Platinium, no episódio cinco pessoas morreram esmagadas pelo impacto. A perícia diz que eles sofreram morte instantânea.

 
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Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 07/09/2012
Reeditado em 07/09/2012
Código do texto: T3870708
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