A noite derradeira

Eram onze da noite e eu, Beatrisse, retornava àquela que um dia fora minha casa. Caminhava com euforia, em uma mescla de felicidade e ansiedade.

Vinha pensativa com minhas lembranças, por entre ruas, praças e becos, deveras escuros. Naquela noite em particular, não me importava com a solidão nem com o perigo. Afinal meu amor por Luís Antônio, elevava-me a um estado superior a qualquer outro sentimento. E isso me bastava.

Apesar das compras, convidados, comida, salão, ornamentação... Não era por nada disso; minha euforia tinha outra causa, outro nome: Luís Antônio, meu anjo! Com quem aliás me casaria no dia seguinte. Teríamos um vida perfeita, completamente planejada, tudo ao meu gosto; realizaria o meu sonho, o sonho da minha vida...

O que eu não sabia é que passaria a eternidade na véspera do meu sonho, o meu casamento, já que somente existiria e não mais viveria. Não seria mais uma noiva de vinte anos, mas uma criança da noite, (pois esse é o nome dos novos membros) para sempre com vinte anos.

Meu mundo, meu desejo se findou naquela noite derradeira, em que, apesar do meu estado voluptuoso, por meio aquelas vielas, fui atacada! Foi algo tão sublime, que se torna inexplicável, todo o meu ser vivendo um forte êxtase e morrendo, frágil e fraco, sem dor, pouco a pouco, a cada gota de meu sangue. Até que enfim tudo escureceu, meu corpo entrou em convulsão e era fato, meu corpo estava morrendo. Mas meu mestre rasgou seu punho, próximo de minha boca. Então, por instinto, comecei a farejar, e quando dei por mim, estava ávida em seu braço, sugando seu sangue e nascendo para a eternidade. Tão logo em mim surgiram garras e presas, me transformando em uma caçadora. Eu agora era uma Vampíra, e tudo que eu queria, era a minha vida planejada.

A vida pode não seguir nosso desejo... Um anjo mau pode nos encontrar...

Barbara Antunes
Enviado por Barbara Antunes em 22/02/2007
Reeditado em 07/01/2009
Código do texto: T390010
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