"Você é o meu vinho."

Lá está ela. Saindo do trabalho, no mesmo horário. É assim todas as noites. Entra às 19h e sai às 24h – afinal, trabalha como dançarina em uma boate que, por sinal, é daquelas que pagam bem aos funcionários.

Eu a vi certa noite, há exatas duas semanas atrás e ela simplesmente mexeu comigo. Na ocasião, ela estava sendo assaltada. Acho que foi isso que mais me encantou nela – sua fragilidade e o seu olhar de espantosa surpresa, ao me agradecer, quando detive seu agressor e devolvi seus pertences.

- Obrigada. – ela falara – Acabei de receber meu salário.

- Não esquenta. – respondi, com falsa indiferença, tentando me conter para não fazer o que estou prestes a fazer agora. Eu tentei, eu juro que eu tentei, mas não consigo tirá-la da cabeça.

Ela acabou de virar a esquina – a vejo caminhando, solitária, pela rua deserta. Felizmente, não há ninguém para me atrapalhar. Desço do prédio e minutos depois, eu a encontro, e finjo um acaso. Ela sorri e diz:

- Você novamente? Trabalha à noite? – me pergunta. Parece feliz em me ver.

- Trabalho. – respondo e a olho com intensidade. Logo não poderei mais me conter. Ela é linda – seu corpo é cheio de curvas e seus cabelos, vermelhos como sangue. Tem um cheiro inebriante de flores, álcool e um pouco de tabaco – provavelmente dos cigarros e charutos dos homens que frequentam seu local de trabalho.

- Eu não pude te agradecer devidamente. – ela fala. Quase não consigo mais me segurar. – E se a gente saísse para beber um vinho? – me pergunta. Sua voz é baixa e sedutora.

Eu a olho e a beijo, com fervor. Sua boca tem gosto de champanhe e morango, uma combinação deliciosa. Ela me beija, procurando desesperadamente minha língua, mas eu paro de beijar sua boca e começo a acariciar seu pescoço. Ela está gostando, posso sentir e ouvir. Ela geme baixinho. Levemente sussurro em seu ouvido:

- Você é o meu vinho. – ela parece não entender, mas gosta do “elogio”. Eu volto a beijá-la no pescoço e, em instantes, sem ela esperar, cravo meus caninos em sua jugular e bebo. Bebo todo o seu sangue, e o que sinto é mais do que prazer. Que gosto bom ela tem.

Agora estou satisfeito. Antes de deixa-la ali, com uma expressão de dor e prazer em sua morte, penso: “- Ela era tão linda.”. Mais longe, ainda vejo uma bela donzela, sendo assaltada, mas não a desejo, não esta noite, pois já bebi meu vinho.

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gente, obrigada pelos comentários dos outros textos. espero que gostem do conto e continuem comentando.

Camilla T
Enviado por Camilla T em 23/10/2012
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