Estranho Visitante
Já publiquei no recanto antes, porém exclui minha conta e perdi alguns de meus textos, vou tentar republicar alguns, como este, mas já que são de "memória" talvez não fiquem tão fieis ao original (inclusive o título), porém a ideia é a mesma e talvez alguns de você até se lembrem dele.
Já era mais de meia-noite quando ouvi a campainha tocar. Levantei-me como estava, apenas com um hope azul e me dirigi até a porta e, mesmo sabendo ser pura loucura e imprudência, eu a abri e lá estava ele.
A primeira coisa que notei foi sua beleza estonteante, belos olhos claros em um rosto jovem e marcante, com cabelos muito negros contrastando com uma pele muito pálida.
- Boa noite Ariane – disse ele – não me convida para entrar?
- Sim, é claro, entre por favor – disse eu com a maior naturalidade do mundo, como se fosse normal deixar um estranho entrar em sua casa a essa hora da noite.
- Venho observando você há muito tempo Ariane – disse ele, uma voz trovejante que faria qualquer mulher se apaixonar.
Eu apenas o olhava, ainda fascinada com sua beleza e com o brilho sobrenatural de seus olhos.
- Como sabe meu nome? – perguntei.
- Como disse venho te observando Ariane, e devo dizer que você é perfeita.
- Perfeita para quê?
- Pessoas como eu procuram pessoas como você. Sei que você consegue tudo que quer, é impulsiva, maliciosa e não tem pena dos fracos. Você tem ambição, gosto disso.
- Sabe muito sobre mim – disse eu.
- Sim eu sei, eu gostei de você, e por isso tenho um presente para lhe dar.
- Um presente?
- Sim.
Ele então se aproximou mais de mim, tocou suas mãos brancas e frias em meus ombros nus me fazendo ter arrepios, senti o roçar de seu corpo no meu e sua respiração ofegante em meu pescoço. Meu coração começou a acelerar e um estranho prazer me envolvia.
- Ariane, eu vou lhe dar a vida eterna. – falou ele afastando com as mãos os meus cabelos e deixando meu pescoço exposto.
Sua boca aproximou-se cada vez mais de minha pele, pude sentir o toque dos lábios gelados em minha carne macia.
Então tudo aconteceu, aconteceu muito rápido. Foi num único movimento. Senti quando a pele se rasgou, senti quando a carne foi penetrada e perfurada, senti o sangue escorrer abandonando um corpo condenado. Olhei nos olhos dele e via apenas surpresa e contradição frente ao impossível.
- Ariane, mas por quê? – perguntou ele incrédulo – eu ia lhe dar a imortalidade.
- Imortalidade? – disse eu ainda com meu punhal cravado em seu peito – Ora, acha que uma bruxa de setecentos anos precisa de um presente como este?
- Mas, eu não entendo... – ele ainda tentou dizer, mas cravei o punhal ainda mais fundo e encontrei seu coração.
O vampiro deu seu último suspiro antes de finalmente se transformar em cinzas, cinzas que apenas recolhi e guardei com todas as outras daqueles que vieram antes dele e tiveram o mesmo destino.