“Cidade dos Mortos”

Gilson acaba de ser aprovado na academia de policia na cidade grande, isso é muito bom para um jovem sonhador e ambicioso que tem planos para seguir carreira militar.

Quando o delegado da sua região entra na sala turva pela fumaça de cigarros, fica irritado, da bronca nos policiais que estão fumando dentro do gabinete dele.

Vocês não têm o que fazer nas ruas? Já falei; se querem ter um câncer de pulmão, o problema é de vocês, mas eu não quero.

Vão, vão embora daqui bando de folgados.

O delegado pega a ficha do jovem policial e da uma boa espiada, olha para Gilson, diz; você não acha que é muito jovem para uma carreira suicida rapaz? Gilson vai andando na companhia do chefe que sai caminhando apressado pelo corredor da Delegacia e o designa para uma missão estranha.

Já faz algum tempo que o Delegado tenta entender uma onda de morte que vem ocorrendo em São João do Oeste, os últimos Policiais que foram para esta cidadezinha morreram e seus corpos não foram encontrados, um mistério que ninguém consegue desvendar.

Os Policiais que conhecem o caso se negam veemente a irem para lá.

O Delegado Garcia já vem entendendo que precisa de uma investigação mais ampla e para isso solicita investigadores da Policia Federal para interagir e descobrir o que esta acontecendo em São João do Oeste.

Porem, Gilson é jovem, forte e pode auxiliar os Federais na Região rural do Estado.

Assim que chegam os quatro Policiais da cidade grande, James, Juarez, Rasana e Mirtes.

Eles se juntam com Gilson e partem para a cidade dos Mortos, como é conhecida! A viagem se inicia pela manhã, seis horas o sol ainda não nasceu naquela região.

O caminho é cheio de obstáculos, estradinha ruim, esburacada, tem alguns galhos caídos pelo meio do caminho, antes de chegar à cidade de pouco mais de três mil habitantes, tem um cemitério à beira da estrada, o lugar é mal cuidado, têm túmulos revirados, cruzes quebradas, da um arrepio ao ver assim logo de cara.

Ao chegarem à cidade o líder da equipe; James organiza a tarefa, busca informações sobre as pessoas que eles procuram, a principio apenas os dois policiais desaparecidos são procurados.

Os policiais percebem uma frieza nas atitudes dos moradores, eles parecem não esboçar reação alguma, evitam falar muito, abrem as portas apenas por alguns centímetros e olham pela pouca abertura da porta como se escondessem algo, ou a si próprios.

Com as dificuldades James decide organizar uma investigação a noite, assim pretende entrar em lugares mais reservados e com isso surpreender alguns moradores na intenção de encontrar o que procura, já que ninguém coopera, vão forçar a barra.

Ao anoitecer, James designa Gilson pelo fato de ele conhecer a região, Gilson sai da casa com Mirtes e Juarez, os três vão ate um armazém que fica no final da rua principal da cidade, ao chegar não percebem que estão sendo observados por um espectador estranho, este os observam por uma janela no alto do armazém.

Ao entrarem, em voz baixa, Gilson diz; eu vou por este corredor, vocês me cobrem, seus companheiros seguram armas em punho, e vão abrindo as portas que dão acesso ao corredor, ao perceberem um odor forte numa sala, a penúltima do corredor, Mirtes entra, logo percebe algo tocar suas costas, ela diz; Juarez tira a mão da minha costa, mas ele não obedece, ela acende uma lanterna e toma um susto enorme ao ver que a mão que a toca e de um cadáver em decomposição que esta pendurada por uma corda. Caindo sentada numa pilha de fardos empoeirados, ela atira contra o cadáver, os Policiais, Gilson e Juarez ouvem e entram correndo na sala iluminada apenas pela lanterna de Mirtes que esta caída ao chão.

Gilson pega a lanterna e direciona a claridade na direção da colega, ela esta muito assustada.

Juarez pergunta a Mirtes porque atirou? Ela diz; eu atirei num pobre diabo que já estava morto, Gilson procura a vitima da colega, mas não vê ninguém, apenas um pedaço de corda podre pendurada, Mirtes jura que tinha um homem pendurado ali, mas agora não esta mais.

Ela declama veemente, eu não estou louca, tinha mesmo alguém aqui.

Ao saírem da sala Gilson vê um volto que vira a esquerda no corredor, ele corre para ver o que é e vê o cadáver andando como se fosse alguém que tivesse sobrevivido a um massacre.

Gilson volta para traz para encontrar seus parceiros, ele esta pálido, treme feito vara verde.

James chama Juarez pelo HT e se expressa desesperado, a sena presenciada por ele é de horror, coisa terrível.

Ao passarem pelo cemitério, vê a terra se mover próximo aos túmulos, corpos saem debaixo da terra, sem alma, tomados por uma força demoníaca, se contorcendo e caminhando rumo à cidade, eles localizam os vivos e atacam arrancando seus corações e comendo, como quem tenta sobreviver a qualquer custo, as pessoas mortas caem pelo chão, cadáveres arrastam seus corpos ainda quentes para uma casa velha, parece um hospital desativado.

James se desespera e diz pelo Radio da viatura, eu vi dois copos com roupa de Policia, achamos os cadáveres dos policias que aviam desaparecidos, achamos, minha nossa que coisa terrível, eu nunca vi algo assim.

Voltem, voltem e nos encontrem no antigo armazém.

Gilson, Mirtes e Juarez, acabavam de sair de lá atrás de um corpo, já estavam na rua, mas obedecendo ao James, tentam voltar, mas o terror já dominava as ruas escuras da pequena cidade.

Gilson vê Mirtes correndo e atrás dela vem um zumbi arrastando uma corrente nos pés, ele é um homem forte, Gilson não consegue ajudar a Policial que acaba sendo pega, os outros cadáveres, se juntam com o zumbi em cima de Mirtes que grita por socorro, mas logo se silencia, Gilson e Juarez vêem sangue correr no chão.

Agora mais uma preocupação, mais um cadáver para conter, em meio a tanto desespero, eles buscam uma forma de eliminar aqueles corpos que o sono da morte não conseguia conter.

O Radio da viatura se silenciava, apenas Gilson e Juarez nas ruas, já não ouviam os colegas, James e Rosana.

O que teria acontecido? Pensa Gilson.

Os moradores da cidade não prestavam socorro, o medo domina todo ser vivente, e sem contar que eles também já não confiavam mais em ninguém.

Todos eram suspeitos.

De longe são avistados duas pessoas, um Homem e uma Mulher, Juarez os reconhece; são James e Rosana, atormentado pelo medo, Juarez faz menção de correr ao encontro dos amigos, Gilson o segura pelo braço, calma, eles já não falam conosco a mais de quatro horas, porem, aproximam-se calmamente.

Eles observam os dois muito feridos, ensangüentados, ambos param por alguns segundos, á uma duvida; estão ou não vivos? Na reta guarda de Gilson e Juarez vem uma multidão de zumbis aproximando lentamente, Gilson olha para os mortos vivos, olha para os dois; James e Rosana, não vêem neles preocupação, isso não é bom; resmunga Juarez.

É, se eles estivessem conosco viriam imediato a nosso socorro, isso não aconteceu, vamos tentar chegar ao carro e fugir enquanto pensamos num jeito de acabar com tudo isso; eles não são espíritos, são corpos que por algum motivo não ficaram em baixo da terra e saem por ai transformando os outros mortos em andarilhos sem alma, em busca de uma sobrevivência alternativa, mesmo sem alma, apenas por sangue e coração.

Isso os move inexplicavelmente.

Ao entrarem no carro, os últimos sobreviventes saem com dificuldade devido os zumbis tentarem barrar o carro.

Gilson pensa numa forma concreta de eliminar os cadáveres; o único jeito e queimar tudo.

Precisamos atrair eles para um local onde os encurralamos e incendiamos o local.

O único local palpável seria o velho armazém, Gilson para o carro, encoraja o já desfalecido de pavor Juarez a correrem em direção ao velho prédio de madeiras, os mortos vivos saem em uma grande multidão para pegar os dois únicos sobreviventes que correm com um balde cheio de gasolina, na frente da grande multidão vão os dois primeiros Policias desaparecidos, James, Mirtes e Rosana.

Como se liderassem a grande massa de monstros aterrorizantes pelas ruas escuras da cidade.

Ao chegarem ao armazém, os dois vão para o andar de cima e começam a derramar o combustível, antes de atear o fogo eles se certificam de manter uma janela para sua fuga.

Ao adentrarem o grande armazém Gilson corajosamente ateia fogo que se alastra imediatamente, os mortos vivos não lutam para sobreviver a tudo aquilo, e suas carnes podres começam a se queimar e derreter feito velas.

Á um grande clarão nas ruas devido o incêndio.

Muitos murmuram porem sem chance de escapar do fogo que domina tudo, infelizmente o carro da Policia também pega fogo.

O dia começa a clarear, os moradores sobreviventes daquela maldição começam abrir suas portas timidamente.

Gilson e Juarez maltrapilhos, feridos.

Como se fosse de esperar; o Delegado mal humorado vem ao encontro da equipe de heróis e vê apenas dois Homens em péssima situação, mas se alegra e os convidam a entrarem no carro para irem de volta a cidade grande, eles precisariam fazer relatório para o secretario de segurança que cobrava resolução do caso da cidade dos mortos vivos.

Espera ai; o senhor sabia que a historia dos mortos vivos era verídica? Mandou-nos ao sacrifício? Acalmem-se rapazes, vocês serão promovidos, isso não é bom? O que querem mais? Salvaram uma cidade e resolveram um caso que ninguém teria coragem para resolverem, se eu contasse a verdade vocês não iriam, ou iriam? O dia acaba de nascer e os três Policias pegam a auto estrada em direção a grande cidade.

---FIM---

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 22/11/2012
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