“De volta pra Casa”

1º - Parte.

Após um longo período longe de casa, Ivan sente saudade dos seus pais.

Ivan saiu do Brasil logo depois de completar vinte e dois anos, foi para Espanha trabalhar no ramo turístico.

As coisas não vão muito bem por lá, isso meche com o homem de trinta e dois anos.

Dez anos se passaram, e já há uns três anos pensa em retornar.

Lamentavelmente Ivan perdeu seus pais num acidente de avião, sua maior dor é a frustração de não ver seus corpos, pois estes não foram encontrados pela autoridade Brasileira.

Numa viagem de férias o senhor Douglas e Dona viajavam para o Estado do Nordeste quando o avião em que eles viajavam caiu em alto mar.

Ivan é o caçula dos dois filhos do casal; Douglas e Dona.

Ivan é um cara descolado, 1.90m, loiro, de olhos azuis.

Sua irmã, Maira hoje com trinta e quatro anos passa por dificuldades com seu único filho, Jonatan é um garoto de dez anos que passa por problemas na escola onde estuda. Os professores da escola estudam o comportamento do garoto que vive com a cabeça no mundo da lua, ele apresenta historias de coisas sobrenaturais, e diz que vê coisas estranhas, como se andasse sempre seguido por pessoas mortas.

Com isso Maira precisa estar sempre participando de seções psicológicas com o garoto.

Maira é casada com Roberto, um cara que vive para o mundo.

Musico de uma banda de musicas sertanejo universitário, passa a maior parte do tempo viajando, o garoto quase não vê o pai, e quando o vê, não da tempo pra nada, os professores de Jonatan, dizem que o garoto inventa historias por não ter uma figura paterna presente, bobagem, diz Maira, meu filho é assim desde que tinha um aninho de idade.

Ivan sabe das dificuldades da irmã e decide voltar ao Brasil para tentar viver e ao mesmo tempo, ser um apoio a Maira.

No final do ano de 1984, Ivan chega ao Brasil.

Maira vai ao aeroporto para encontrá-lo, os dois se abraçam, a felicidades de Maira é visível, Ivan, vestindo uma calça jeans, camisa branca e com a barba grande, tem no rosto uma presença abatida.

O tempo fora do Brasil, principalmente longe da família, não fora generoso com Ivan, a morte de seus pais, as constantes reclamações de Maira por telefone, tudo isso afetam direto o rapaz no País longe do Brasil.

Ao chegar e ser recepcionado pela irmã e o sobrinho no aeroporto de São Paulo, faz muito bem a Ivan que vê nos olhos azuis de Maira um brilho de alegria misturado á um leve tom de melancolia.

Maira; vamos pra casa meu irmão, Ivan abraça a irmã, coloca a mão sobre um dos ombros do garoto e vão à direção do táxi que os aguardam.

No caminho do aeroporto pra casa de Maira, eles conversam sobre os acontecimentos recentes.

Mas é ao chegar à casa que eles realmente conversam e traça matas e tarefas, Ivan esta decidido em descobrir um caminho para ajudar a irmã e o sobrinho, agora; a família esta junta, embora uma dor os invada pela falta dos seus pais, a falta de Roberto na vida de Jonatan, mas uma luz no fim do túnel já começa a brilhar para os três.

À noite Jonatan esta em seu quarto lendo um livro, ele ouve um barulho na escada, como se alguém estivesse subindo cautelosamente os degraus da longa escada da casa.

Ivan deixa o livro devagar sobre a mesa de cabeceira e vai ate a porta, abre devagarzinho para não dispersar quem vem subindo, pela fresta já é possível ter uma visão, é Jonatan que vem ao quarto de Ivan, Jonatan, apesar de ter dez anos, ainda tem manias e costumes de quando tinha cinco anos, ele gosta de dormir abraçado á seu bichinho de pelúcias, Maira não tira este costume dele de dó, ele é muito só, estes ursinhos servem de companhia para o garoto.

Ivan abre mais a porta e Jonatan entra e vai ate a cama de Ivan, ele senta a beira da cama, seus olhos estão secos, como se tivesse com insônia, Ivan senta ao lado do menino e pergunta; o que você tem? Porque não dorme? Já é tarde.

O menino fala; tem um homem morto em meu quarto, ele é mal, e diz que as pessoas não gostam de mim.

Ivan se arrepia, passa as mãos sobre os braços, que é isso Filho? Pessoas mortas não aparecem para os vivos, morreu acabou, se as pessoas mortas pudessem voltar, eu gostaria de ver meus pais, os teus avós.

Eu sinto saudades deles, às vezes é tanta que eu choro.

Jonatan olha para Ivan, virando apenas os olhos e diz; eles voltam sim, eu vejo os dois sempre que os homens malvados vêm me assustar, o vovô e a vovó são fantasmas bonzinhos, eles me dizem coisas boas para eu dormir e às vezes me salvam quando os fantasmas malvados tentam me matar.

Ivan levanta, vai ate a porta, fecha com a chave e volta pra cama e diz a Jonatan; dorme aqui, eu vou cuidar de você, não tenha medo, amanhã vamos armar algumas armadilhas para pegar estes fantasmas malvados.

No dia seguinte, Jonatan se arruma para ir à escola, o ônibus escolar para em frente sua casa, Maira sai para levar o menino ate a rua, o motorista do ônibus informa Maira que Jonatan às vezes se apavora dentro do ônibus e assusta os outros alunos, se ele não mudar seu comportamento, precisa parar de levá-lo, isso vem afetando os outros alunos, Jonatan diz à mãe que os Homens maus entram no ônibus para tentar mata-lo, mas o motorista diz que o menino tem muita imaginação, por que não entra ninguém como ele fala, o menino precisa de uma benzedeira diz o velho e barrigudo motorista.

Ao entrar de volta na casa, Maira encontra Ivan descendo as escadas e comenta com o irmão sobre o que o motorista falou com ela a respeito de Jonatan, Ivan se compromete deixar o menino na escola todos os dias, isso inclusive ajudara a aproximação dele com o garoto, Ivan sente que o menino esta sentindo muita falta de uma figura paterna, assim os dois se tornarão amigos e quem sabe o menino comesse a sentir-se mais seguro e protegido! Mais tarde Jonatan volta da escola e corre para o quarto, Ivan vai atrás e ao se aproximar vê que o garoto esta com olho roxo, o que foi isso? Pergunta Ivan, ele diz, eu disse que ninguém gosta de mim, eu disse! Ivan faz uma compressa de gelo no olho do garoto, decide sair com ele à tarde, vão ate um parque próximo da casa, lá, sentados no banco, os dois conversam, Ivan quer saber do Jonatan o que realmente esta acontecendo, pois ate o momento ele só ouve de Maira que o menino esta sendo atormentado.

Ivan decide investiga.

Durante o período que Ivan fica com o menino, percebe mesmo que tem algo terrível acontecendo.

Passado um mês que Ivan passa a ser um companheiro continuo do garoto, as visitas dos fantasmas ficam mais intensas, Jonatan vai ao porão da casa buscar uma bicicleta, e encontra com dois fantasmas, um deles esta irritado, ameaça agredir o menino, ele se apavora, tenta correr, o outro entra em sua frente, hei garoto, por que esta com pressa? Agora esta de amiguinho novo, ele não é seu pai, e a gente vai matar ele.

Coisas ruins vão começar acontecer com seu novo amiguinho.

Jonatan grita por Maira, ela não ouve o menino, Ivan que esta ali próximo, ouve o garoto gritando e sai correndo ao encontro do menino, ao chegar na porta, pega na maçaneta, tenta virar, mas esta emperrado, Ivan se desespera, os gritos estão cada vez mais forte, derrepente a maçaneta da porta se solta, e ele consegue abrir.

Jonatan esta caído no chão, Ivan o pega em seus braços e sai correndo, coloca o menino dentro do carro, no banco da frente, para que ele possa verificar os pulsos de Jonatan durante o trajeto de casa ao hospital.

Já quase chegando ao hospital, o menino acorda, e fala com voz embargada, Ivan, o vovô e a vovó não vieram me ajudar desta vez, acho que os fantasmas do mal não deixaram eles virem, eles estão com medo de alguma coisa, eles estão muito zangados, agora, alem dos dois que me perseguiam, tem mais, muito mais, são feios, malvados.

O carro para na porta do hospital, e se aproxima um enfermeiro com o rosto desfigurado na janela do lado de Ivan, mas ele não o vê, Jonatan diz a Ivan, Tio, não desce, não desce, tem um homem mau ai na tua janela, Ivan olha, não vê ninguém e decide perguntar; como ele é? Esta com que tipo de roupa? O garoto diz, ele é um enfermeiro, diz que é ele quem vai cuidar de mim, por favor, me lava daqui, ele esta dizendo que lá dentro do hospital estão os outros amigos dele, desta vez eles vão me pegar, ele disse que os outros estão com muita raiva, e que você deve ir embora. Mesmo assim, Ivan entra no hospital segurando na mão do garoto, passa por atendimento Medico e em seguida é dispensado para ir embora, não foi nada grave diz o medico, apenas um susto, procura ser mais atento quanto a ele.

Não é normal meninos nesta idade tomar sustos, eles são sempre tão valente.

Ivan decide conversar com Maira a respeito do ocorrido, e pede para Maira deixar ele levar o menino para o litoral, ele quer preencher o tempo do garoto com coisas novas, quem sabe as coisas melhoram.

Maira concorda! Na tarde de sexta feira, os dois se arrumam e vão para o litoral paulista, ao chegar à praia por volta das vinte ou vinte e uma horas, Ivan vai para um hotel, enquanto estão esperando o elevador, chega uma velhinha simpática, sorridente, ela olha para Jonatan, da um sorriso, o menino vê que a simpática velhinha não tem nenhum dente na boca, e pelos cantos da boca sai vermes, primeiro um, depois dois, vai aumentando e caindo no chão, os vermes rastejando no mármore frio do piso próximo a entrada do elevador, tentam subir nas pernas do garoto, ele começa gritar, o desespero toma conta do menino.

Ivan não vê nada, fica apavorado com o pânico de Jonatan, pega o menino em seus braços e sai correndo novamente para a rua, ninguém entende nada.

Ivan decide por o menino dentro do carro e ir para a orla marítima, ele para o carro e diz, vamos dormir aqui esta noite filho, confia em mim, eu vou ficar acordado pra você dormir.

Encostou a cabeça do jovem e frágil menino em seu peito.

Os corações de ambos estavam disparados, lentamente o coração do garoto acalmava, ate que ele dormia.

Ivan, não sabe mais o que fazer.

Algo esta errado, ele sente isso, mas o que, e como fazer para acabar com isso? Uma pergunta que ele se fazia, sem resposta! A noite passa, os dois saem do carro, vão ate uma mureta bem próxima a um arrebente de água do mar, de lá os dois apreciam a fúria das águas salgadas.

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 28/11/2012
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