Medo

Não imaginava que teria algo ali, nem eu, nem Pedro, que me arrastara para dentro daquela casa para me deixar com medo, e funcionou, mas o pior foi quando ele fechou a porta, aí sim, foi quando o medo começou.

Tinha ouvido que um homem matara a mulher nessa casa, com vários golpes de faca, mas não só isso, depois que a polícia começou a investigar o caso, os policiais souberam dos vizinhos que o homem parecia ter delírios e ficava falando consigo mesmo às vezes, chegando ao ponto de ficar gritando o nome Moku antes de parar de delirar, mas quem o ouviu delirando antes de assassinar sua mulher, foi um garoto, que diz ter ouvido o homem falar: Moku está certo, depois disso, o garoto não ouviu o homem falar mais nada, ele só ouviu os gritos de sua mulher.

- Estar aqui dentro dá muito medo, não acha, Marcos? Perguntou Pedro.

- Você é louco de vir aqui, esse lugar parece que pode cair aos pedaços a qualquer momento, já estou me sentindo enjoado por estar aqui, disse Marcos.

- Não se preocupe, seu enjôo vai passar rápido, você vai se acostumar, disse Pedro, que já estava analisando a casa, e pode perceber as marcas de sangue no chão, que iam até a cozinha, então ele se dirigiu até lá e fez um sinal para Marcos o seguir, só que esse disse:

- Nem pensar, Pedro, não me arrisco a ir nessa cozinha, tenho calafrios só de pensar que aquela mulher foi morta aí.

- Fraco, disse Pedro, desprezando Marcos.

- Se precisar... Moku vai com você.

- O que disse, Pedro? Perguntou Marcos.

- Não disse nada, cara, você está muito assustado, se quiser ir embora, não tem problema, assentiu Pedro.

- Moku não vai deixar vocês irem.

- Mas que merda é essa de Moku, Pedro? Perguntou Marcos nervoso.

Pedro parou, olhou para Marcos e disse:

- Abra a porta e corra, vou atrás de você, disse Pedro com uma voz assustada.

- Mas porque essa mudança agora ficou com medo, super-homem?

Perguntou Marcos, sério.

- Marcos, não brinque comigo agora, abra a merda da porta, você não vai querer ver o que tem na cozinha, falou Pedro, que olhou para Marcos com uma face muito assustada, mas quem ficou mais assustado foi Marcos, ao ver o ser que estava atrás de Pedro, então Marcos grita:

- Corre Pedro, tem alguma coisa atrás de você!!!

Pedro corre rapidamente para fora da cozinha, ele não olha para trás, Marcos não tinha palavras para descrever aquilo que estava na sua frente, ele só via que era preto, tinha uns 2 metros de altura e surpreendentemente, essa coisa sorria, Marcos não conseguia nem ver como era o rosto dele, só via o sorriso que estava em sua face, um sorriso que fazia a criatura babar, então a criatura pega uma coisa do chão que Marcos não consegue ver, mas quando a criatura pega e a bota na frente do seu corpo, Marcos vê, e fica estático, era o corpo de uma mulher, então a criatura fala:

- Faz tempo que eu não recebo uma visita, faz mais de 1 ano desde aqueles dois, me diverti muito com eles, espero fazer o mesmo com vocês.

Pedro chega correndo e para ao meu lado e olha para a cozinha, nada, a coisa tinha sumido, junto com a mulher que ele pegara, Marcos estava estático, não sabia o que fazer, então Pedro diz:

- Marcos, o que você viu?! Perguntou Pedro desesperado.

- Vi o medo, Pedro, o medo personificado em algum tipo de criatura, disse Marcos, que continuava estático, olhando para a cozinha, então Pedro estalou os dedos perto da cara de Marcos, mas ele não se mexeu e nem piscou, então Pedro disse:

- Marcos, eu preciso de você, são 11 horas da noite, vamos sair daqui logo, me desculpe por ter essa idéia idiota, agora se mexa e vamos sair daqui.

- Impossível, o medo não vai nos deixar sair daqui, Moku não vai deixar, disse Marcos, que olhou rindo para Pedro, que se afastou de Marcos, que continuou falando:

- É impossível não aceitar o medo, Pedro, eu sei que você está com medo, eu também estou, mas já aceitei esse medo, Moku me ajudou com isso, agora, aceite o medo e você poderá sobreviver, disse Marcos estendendo a mão para Pedro, que falou:

- Moku não existe, Marcos, você está delirando cara, para com isso, volte a realidade, homem.

- Você está se parecendo com aquela última mulher, que não acreditava no Moku, ele me disse que não acreditar nele é como se você negasse seu medo, disse Marcos, que avançava a passos lentos e com uma cara séria para perto de Pedro, que disse:

- Esse ser imaginário não existe, Marcos, mas que merda aconteceu com você?

- Descobri um novo amigo, Pedro, e ele não gosta de você, retrucou

Marcos.

- Droga, você ficou louco Marcos, eu vou sair daqui e quero que venha comigo, se não eu vou sozinho.

- Ninguém vai a lugar nenhum, disse alguém, que Pedro ficou

procurando para ver se achava, então ele olhou para Marcos, que ria com um sorriso sádico e disse:

- Você só vai sair quando acreditar, disse Marcos.

- Não acredito no que não é real, falou Pedro.

- Vamos ter que fazê-lo acreditar do meu jeito, como fiz com a mulher, concorda? Perguntou Moku para Marcos.

- Concordo, Moku está certo. Disse Marcos já se projetando para a cozinha.

- Você concorda com o que, Marcos? Perguntou Pedro, confuso.

- Com a sua morte, falou Marcos, que tinha pegado uma faca na cozinha e olhava para Pedro com uma cara sorridente.

Pedro ficou estático, não tinha visto nenhuma faca quando esteve na cozinha, ele só pensou em correr, então se virou para começar a correr e viu aquele em quem ele não acreditava, aquele que ele sabia quem era, mas se recusava em acreditar, mas não mais, não com a face de Moku bem na sua frente, e nem com seu grande sorriso e seu rosto totalmente escuro, que lhe provaram, que o medo existe.

Tarde demais, ele só teve tempo de sentir a faca enterrada em suas costas, o que o derrubou, depois disso, Marcos o virou, e o esfaqueou várias e várias vezes em várias regiões do corpo, sob os gritos de Pedro, que eram ensurdecedores e depois de 30 facadas Marcos parou, ficou em pé e disse:

- Você está livre, Moku te libertou, falou Marcos com um tom sério e olhando o corpo do amigo, que estava todo ensanguentado e já morto, e com seus gritos, várias pessoas que moravam na rua acordaram e ligaram para a policia, que chegou minutos depois e prendeu Marcos, que ainda estava com a faca na mão, Marcos foi sentenciado a prisão perpétua e não disse uma palavra no julgamento, a causa do crime não foi esclarecida, a casa em que Pedro foi morto acabou sendo demolida, a faca usada no crime foi dada como sendo propriedade de Marcos, acabando com o assunto, mas passando-se dez anos, uma nova casa foi construída, e um jovem casal se mudou para lá, e uma voz anunciou:

- Faz um bom tempo que não tenho visita, para ser mais exato, faz 10 anos, agora Moku está bem alegre com a oportunidade de libertar mais pessoas.

Fim

Obrigado por lerem e se puderem leiam meus outros projetos:

*Arco do assassino das máscaras: Conto policial

*Perdido no tempo: Conto de ficção científica