Eu e os Mortos

"As pessoas sentem minha escrita como uma agressão; elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte; eu não as condeno à morte, simplesmente suponho que já estejam mortas"

Michel Foucault.

(A revolta é a nobreza do escravo.Evolução ou Morte))

Sempre me perguntam a minha fonte de inspiração, resguardava-me, pois, seria encarado como um louco. Então, conto, aqui, agora, pois, tem sido de forma complexa e sobrenatural, desde à época quando morava em Feira de Santana, próximo ao cemitério Piedade.

Acontecia assim:

Á meia-noite fazia o cemitério de escritório,uma tumba de escrivania. Uso um pergaminho feito de pele humana, de papel. Sangue de tinta e um dedo esquelético de pena. Ali, ouço as histórias sussurradas pelos mortos, e conto as suas histórias. Aproximo os mortos do mundo dos vivos e os vivos do mundo dos mortos. Brincadeira...uso um notebook comprado em segunda mão.

Poderia dar uma relação de nomes de fantasmas que me contam histórias tenebrosas, mas, como usam pseudônimos, não vejo tão importante assim, porém, alguns nomes ,que liberaram para que eu falasse:

- Lúcio Marques - falecido em 12.10.1963

- Maria Antônia Cerqueira - falecida em 12.08.1979

- Clara Visgueira Maximiniana- falecida em 03,10.1956

- Júlia nascimento Cândido - falecida em 10.04.1943

- Agamennom Lisboa Calixto - falecido em 03.01.1937

Depois que descobri o Recanto das Letras, que foi uma indicação de Manuel Cerqueira do Carmo - falecido em 07.09.1979 fui liberado de estar num cemitério para ficar inspirado.

Informo, ainda de que todos os que lerem os meus contos, e não comentarem, estarão sendo visitados pelos meus amigos FALECIDOS e serão assombrados. As assombrações vão começar assim:

Panelas que caem sozinhas na cozinha. Cadeiras que se arrastam. Passos pela casa na madrugada. Janelas que batem. Portas que se abrem e se fecham sozinhas. Vozes sussurradas na madrugada, próximo da cama, fora da porta do banheiro, no corerdor. Notebook que trava, liga sozinho. Luzes que se apagam misteriosamente, quando a pessoa estiver sozinha. E se acendem sozinhas.KKKK

Lennine Gaspareto, falecida em 12.10.1966, quando ainda era criança está aqui do meu lado se oferecendo para assombrá-los. Ela tem cabelos loirinhos, em cachos bem torneados, o rosto é pálido. Tem oito anos de idade. Uma um vestidinho branco de bordados roxos. Ela diz:

- Fala, tio para eles que eu vou começar a puxar o dedão do pé deles. Diz tio, aonde eles moram. Não precisa nem dizer o endereço. Mostra as páginas deles no Recanto das Letras que os meus Mestres de Assombrações me levarão até eles. Mostra,tio,vai.Mostra.

Dizia a fantasminha camarada, com entusiasmo juvenil. Enquanto falava, tinha um dos dedos enrolando os cachos dos meus cabelos. O toque de sua mão era frio, causava-me calafrios.

Estou pensando em mostrar para ela, como se visita o Recanto das Letras. Todas as vezes que tiver um comentário meu com a palavra Gaspareto no seu comentário é um sinal de que ela vai estar no seu quarto, na sua casa, na cozinha. É ela quem está dizendo, a mesma escreverá o comentário do seu notebook-fantasma. Diz que no Plano espiritual em que mora tem aparelhos eletrônicos, onde os mortos podem se comunicar com os vivos, conhecido como Psicotrom.

- Diz para eles, tio que eu gosto de ficar atrás deles, nas costas. E que as pessoas costumam ficar com o pressentimento que eu estou atrás delas, quando elas se viram, não vêem nada, mas eu estou la, diz tio.

Ela falava, e dava pulinhos, olhava para mim com os seus grandes olhos de pupilas azuis.

Bem, começará o TERROR das visitas, quando começarem a ler este aviso em forma de conto. Um abraço e cuidem bem dos meus amigos fantasmas. Tenham uma boa companhia do além.

Passei para ela o nome de alguns companheiros do RL.

- Zeni

- JJ de Souza

- Gantz

- Felipe

- Xana

- Claudynha

- Eliane Verica

- Sandra Franco Der Rosenrot

- Graco taylor

- Joel Costadelli

- Cris Vitor

Falou assim a minha amiguinha fantasma:

- Ah, tio não vou assombrar esses, não. Eles são tão legais. Vivo sentada no colo da Zeni ( Risada estridente, ) e ela nem sabe.( Risinhos de criança pintona). Olha, tio fui outro dia na casa da Dorinha Estrela. A gente passeou no parque, fomos ao teatro e até no novo trabalho dela. Andei de mãos dada com ela, e ela nem notou( novas risadinhas de criança pintona).

Bem, pessoal, vou ter que encerrar. A casa está ficando cheia de fantasmas querendo a sua oportunidade para começar as assombrações com vocês, outros querem me falar novas histórias de assombrações para novas histórias. Alguns ainda têm corpos muito materializados e não conseguem atravessar a porta, como os vivos batem nela, então, vou abrir. Outros a atravessam. Preciso encerrar, ou terei mais de trinta assombrações, agora, comigo, ao meu lado. É só começar a escrever que eles vão aparecendo - é como abelha vendo flores. A casa é pequena e eles vão sentando em minha cama, à mesa da sala, no sofá, e tem até alguns que abrem a geladeira. Júnior tem 18 anos, não sabe que morreu. Abre a porta da geladeira, olha para mim, como se eu fosse reprová-lo, por tal ousadia, então gira a tampilha da cerveja, e a sorve , com gosto, de gente viva. Num gole só. Se quer sabe,que é uma mera fantasia.Nada pegou.Tinha nas mãos o duplo etéreo da garrafa nas suas mãos de fantasma.Impressiona,que,mesmo assim solta um arrôto,daqueles-como se tivesse bebido mais uma gelada.Eu,apenas solto um sorriso.É muito cedo para lhe falar. Pedirei que faça uma visitinha a Cecília Feitoza,com z,isso mesmo.

-Júnior,quer fazer uma visita?

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 11/12/2012
Reeditado em 10/06/2020
Código do texto: T4031179
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