A Exumação
Enterrado há alguns anos atrás,
Seu esquife agora deverá ser aberto
Um incômodo para a sua paz,
Deste sono será outra vez desperto
Exames clínicos para o legista,
São os pareceres das ordens judiciais,
Teu nome o primeiro na lista,
Consta nas análises dos restos mortais
Com a pá toda terra é retirada,
O cimento que envolve esse jazigo,
Agora pode ser então quebrada
Para o médico adentrar-se no abrigo
Cavando cada palmo abaixo,
Nas narinas o cheiro podre de carniça
Deste concreto sob o encaixo,
Está sua matéria morta assim prevista!
Um baque seco pode se ouvir
Estamos perto de enfim desenterrar
O esquife que iremos abrir
Estes ossos brancos iremos encontrar
Ergue-se o apodrecido caixão,
A tampa lacrada no momento abriu
Mas para a nossa exumação,
Este corpo então sepultado sumiu!
Marcas dizem o que aconteceu,
Mas o pavor assombrou-me inteiro,
Que este morto jamais faleceu
Morto lá embaixo jazia frio o coveiro