VIOLÊNCIA X SOBREVIVÊNCIA

O torpor morno daquele pôr do sol fazia com que ele sentisse um leve mal estar, uma sensação estranha que não conseguia afastar. A imagem da morte não saia da sua cabeça, os policiais disseram que o rapaz reagiu ao assalto cortando a garganta do menino... mas havia outro ladrão escondido e disparou três tiros contra o cara, morreram os dois no local, tinha tanto sangue... com tanta violência como é possível sobreviver... é preciso ter sangue frio.

Preocupado e atordoado ele apertou o passo para não perder o ônibus, quando alguém o agarrou pelo braço. Ele se virou, e uma mulher, aparentemente bem vestida, começou a agredi-lo sem explicação, ela batia com toda força usando um pedaço de madeira.

Após um forte golpe na cabeça ele caiu meio tonto sem ter compreendido o que estava acontecendo, ele era pequeno a agressora grande e forte, apenas tentava se defender, mais de nada adiantava, a fúria da mulher não permitia que ela parasse. Ele não sabia por que, mas o fato é que estava apanhando, sua cabeça sangrava e estava quebrado por dentro... pensou realmente que morreria. Percebeu que várias pessoas observavam, mas ninguém fazia nada para impedir a mulher.

Ela estava obstinada a matá-lo, desferia violentamente golpes contra seu corpo já inerte, nesse instante a madeira se partiu, lascando em um pedaço pequeno nas mãos dela e um maior que caiu ao lado do rosto dele, então sem pensar duas vezes ele agarrou o pedaço maior com uma voraz fome de sobrevivência e cravou sua extremidade pontiaguda na parte mais mole do corpo da mulher que pode alcançar, o abdômen, a arma atravessou-a. Entendeu nesse momento de onde vem a violência que açoita o mundo.

Tudo pareceu cair em silêncio, junto com a noite turva... e ela sangrava. O cheiro de sangue e fezes misturou-se com o odor das folhas secas que forravam o chão... Em minutos, como se fosse mágica, a vida a abandonou.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 17/12/2012
Código do texto: T4040099
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