NOSTALGIA
"Este é um belo castelo!" - pensei.
Desci suavemente as escadas, a sala estava iluminada por belos castiçais com as velas tremulantes pelo vento gélido que entrava pelas janelas. Percorri os corredores, portas e mais portas, atrás de cada uma, uma história, um gemido, uma súplica e um adeus.
Quantos foram a caça, desta caçadora?
Cada homem, mulher, criança ou velho, nada escapou de minhas garras e meus afiados caninos.
Doce, doce, é o sangue, ainda posso sentir cada gota e o prazer que me dá. Segui para o porão, apenas coisas velhas, acumuladas ao longo de séculos, baús, urnas e um caixão, não o meu, mas, daquele que um dia compartilhou comigo das aventuras, das capturas, do prazer em ver cada vítima, fechando seus olhos para vida e nos mantendo para a eternidade. Mas, um dia ele foi caçado e o tiraram de mim.
Hoje, estou aqui, circulando por esse imenso castelo, repousando no meu caixão e degustando em minha taça de cristal o doce líquido da vida.
Tornei-me uma criatura das trevas, bela e sedutora e ainda sim, solitária.