As Crônicas do Mundo Negro - O Veneno do Escorpião - Capítulo V


- Ela ficará bem? – Perguntou Heitor para a mulher á sua frente que tinha tudo para realmente ser uma linda mulher, mas um de seus seios havia sido amputado, e outra característica intrigante é que esbanjava um porte físico quase que masculino. As outras mulheres que a acompanhavam carregavam as mesmas características, todas com olhares frios e imponentes.

 A líder olhava compenetrada na direção de Elisa.

 - Em pensar que eu poderia matar a maior bruxa de todos os tempos agora mesmo – Disse mantendo sempre aquela mesma expressão no rosto.

 Heitor levou a mão a sua bainha procurando a espada que carregava consigo. Claus ainda aturdido pensou em levantar-se, quando as amazonas puxaram suas flechas ainda mais.
 
 - Nem pensem nisso! – Disse Pen – Apenas disse o que posso fazer... Mas hoje ela está com sorte, pois ainda, ainda não é o que quero – Heitor e Claus entreolharam-se.
 
 - Você pode ajudá-la? – Perguntou Claus.
 
 - Eu não – Claus e Heitor pareciam apreensivos – mas conheço alguém que pode – revelou olhando para Claus.
 
 - Quem? – Perguntou Heitor.

  Ela virou-se para ele. Era incrível como uma pessoa podia manter uma expressão tão forte o tempo todo, como um general de um exército, mas no seu exército só havia mulheres.

 - É claro que terão que me deixar seguir com vocês.

 - Como assim? – indagou Claus.
 
 - Tenho contas a acertar com um dos servos do Senhor das Feras – disse com o olhar um tanto quanto distante.

 - Uma matadora de homens nos seguindo! Está louca! Como acreditar que a rainha das amazonas Pentesiléia, que participou da grande guerra de tróia iria nos ajudar sem querer nada em troca – Disse Claus abrindo os braços... Á cada movimento os dedos das amazonas se tencionavam ansiosos por disparar suas flechas. 
 
 - Não, eu não vou sozinha meu caro! Iremos eu e essas seis amazonas. È isso ou a sua Rainha morrerá sem o antídoto – ela disse e agora a voz chegava ameaçadora.

 - De forma alguma! – Retrucou Claus se levantando. As amazonas prontas para atirar, Pen permanecia parada e com o mesmo semblante dominador e destemido. Foi quando Heitor se intrometeu.

 - Não temos tempo para discutir – Heitor observou, enquanto olhava mais à frente onde jaziam seus escudo e espada, ambos caídos onde ele havia saltado de Nescuro com a capa de Claus – Onde está o antídoto? – Perguntou. Claus o olhou, ainda descrente. O albino sabia que era idiotice demais confiar em uma matadora de homens, principalmente nesta.

 - Asclépio – Disse Pen.

 - Asclépio? Mas ele foi fulminado por um raio de Zeus – Disse Claus.

 - Sim. Mas seu cajado não – Claus então se lembrou da lenda.

 Um bastão singelo com uma serpente em sua volta que mais tarde seria símbolo da medicina.

 - Mas o que esse simples cajado faz? – Perguntou Heitor.
 
 - Simples, mas de um poder oculto impressionante, não era um simples galho de árvore qualquer meu caro Heitor, entretanto de uma árvore que foi adubada com cinzas da poderosa fênix a ave da ressurreição. Daí um dos motivos de Asclépio conseguir curar tantas enfermidades e certas vezes trazer pessoas de volta da própria morte. Um toque do cajado e o poder de cura era incrível. Com Asclépio que já tinha um poder de cura enorme, ele catalisava o poder e aquilo poderia até ressuscitar uma pessoa. É claro que conosco ele apenas tem o poder de curar, e também não tenho certeza quanto ao veneno da Manticora.

 - Tem que servir! – Disse Heitor.

 - Onde ele está? – Perguntou Claus.

 - Um ciclope o guarda. Ele fica em uma caverna na montanha das almas, é um siciliano – ela revelou.

 - É uma montanha muito alta – observou Heitor – Como vamos chegar até lá. E como vamos levar Elisa e Nescuro?

 - Não vamos! – Disse Claus – Eles ficam.

 - Mas como? – Perguntou Pen. Heitor sorriu entendendo seu amigo. Claus repentinamente transformou-se num enorme grifo e abaixou sua cabeça. Heitor olhou para Elisa e Nescuro caídos no chão.

 - Suas guerreiras cuidam deles Pen, e você vem conosco – Ela assentiu com a cabeça e olhou na direção das guerreiras. Um simples olhar dela e elas sabiam o que ela queria, todas assentiram e ela subiu em Claus que já estava na forma de um grifo. Ele olhou com uma expressão diferente para ela e bateu suas enormes asas em direção a montanha das almas.

 Eles cortaram os céus, Claus voando o mais rápido que podia, enquanto Elisa e Nescuro perdiam cada vez mais suas forças.

...

Claus avistou a misteriosa montanha das almas. Um local sombrio onde havia criaturas terríveis, seres peçonhentos e rastejantes, inofensivos é claro, para um ciclope, um ser imortal.

 Claus então pousou sobre uma enorme pedra. Pen e Heitor desceram,  haviam ficado calados por toda curta viagem. Claus transformou-se novamente em homem, Heitor o entregou a capa e o albino a vestiu ao avesso para que ficasse visível. Ambos os guerreiros seguiram Pen por um trilho que segundo a própria amazonas os levaria até a caverna do ciclope.

...

  As amazonas protegiam Elisa e Nescuro atentamente, mas abruptamente sentiram a presença de algo, e uma sombra manifestou-se á frente delas,e logo que souberam do que se tratava apontaram suas flechas.

...

 - Como é que você conhece tudo isso? – Perguntou Heitor.

 - Você sabe bem Heitor, que sempre treinamos nos lugares mais arriscados. Floresta negra, montanha das almas, lago da morte – dizia a guerreira.

 - É muito longe daqui? – interrompeu Claus, entediado pela companhia.
 
 - Não! Estamos chegando, fique calmo – disse virando-se abruptamente na direção dele irritada. Uma característica básica das amazonas.
Irritarem-se com homens, principalmente quando eles ás interrompiam. Isso para elas era sinal de desrespeito.

  Claus a encarou, o olhar dela era de ódio, o dele era de um guerreiro pronto para atacar. Os olhos do Albino estreitaram-se quando viu que a criatura iria atacar, e naquele momento pegou sua espada e a lâmina desceu cortando o ar na direção de Pen.

  A amazonas sentiu a adrenalina tomar-lhe o corpo. Ela podia sentir o cheiro do metal frio se aproximando, mas por experiência manteve-se estática, sem nenhum medo.

  Heitor por reflexo levou a mão em direção a Claus para impedi-lo, mas logo desistiu.

 O sangue espirrou na capa de Claus e a cabeça da víbora caiu aos seus pés. Apenas uma das cabeças, é claro.  Pen olhou para o lado e viu Heitor acertar uma flecha bem na boca aberta da criatura que caiu dependurada do arbusto em que estava.

...

  A figura á frente das amazonas era assustadora, usava uma capa negra, era magro e tinha cerca de 1,80 m de altura, as mãos eram de uma pessoa normal, mas as unhas eram enormes. Em um de seus dedos havia um enorme anel em forma de caveira com duas pedras negras nos olhos, negras como os seus próprios olhos. Ele aparentava ser jovem, mas suas veias eram estranhamente altas e transpareciam por todo sua pele, deixando seu corpo horrível, os cabelos eram longos e iam até a altura de seus ombros.

   As amazonas logo reconheceram a figura. Era o Senhor das Feras. Foi quando um cavalo negro de dentes pontiagudos e olhos que expressavam bem a sua sede por sangue chegou trotando e parou do lado dele. Montado sob o cavalo carnívoro estava Enéas, que fez um sinal com a mão, e um exército de repente se ergueu do chão entre fendas que se abriam, tão breve quanto o anuncio de uma batalha sangrenta, as guerreiras se viram cercadas.

...

  Pen ainda olhava a cabeça da amfisbena caída aos seus pés. Ela deu um chute na mesma com os pés descalços e a jogou longe.
 
 - Maldita semente de Górgona – esbravejou. Foi então que eles olharam para trás e viram dezenas de outras amfisbenas vindo atrás deles, algumas correndo e outras voando.  As amfisbenas eram serpentes de duas cabeças, sendo que uma ficava na ponta de sua calda. Elas nasceram do sangue que gotejou da cabeça de Górgona Medusa, quando Perceu voou com ela em suas mãos pelo deserto da Líbia. Pen, Claus e Heitor começaram a correr.

 - Droga – Disse Heitor atirando uma flecha e acertando nas asas de uma das criaturas, que caiu girando. A cabeça que ficava na ponta de sua calda puxando na direção contrária da que ficava sobre seu pescoço, aquilo chegava a ser até engraçado. Pen acertava quantas podia com suas flechas, a proeza e agilidade da líder das amazonas eram incríveis.

 - Estamos chegando? – Perguntou Claus para Pen.

 - Estamos quase lá! Mas elas são muitas, e estão se aproximando cada vez mais. Não da pra resistir por muito tempo.

 - Ela tem razão – Concordou Heitor após derrubar outra amfisbena. Claus simplesmente desapareceu, ele estava invisível.

  Pen sentiu algo passar ao seu lado e mais á frente
as folhas dos arbustos foram arrancadas como se algo batesse nelas fortemente. As serpentes então se contorciam uma a uma no céu e caiam mortas sem saber pelo que estavam sendo atacadas. Pen mirou em uma que se aproximava, e quando ela ia disparar Heitor a impediu.

 - Não faça isso! Claus está lá em algum lugar – A criatura veio em direção a eles num vôo rasante, Heitor fechou os olhos e antes que ela os atacasse, algo a puxou para cima.

  A víbora completamente confusa abria sua boca sedenta pelo sangue e imersa em dor, suas cabeças foram torcidas e suas línguas caíram nos cantos de suas bocas e ela desceu abruptamente sem vida.  Mas ainda havia muitas pelo chão. Heitor e Pen lutavam como podiam, quando as criaturas pararam de repente e se embrenharam na mata.

 - Pra onde elas foram? – Perguntou Claus se manifestando de repente ao lado de Heitor.

 - Elas estão fugindo disto – Disse Pen apontando com os olhos para o chão, e logo todos viram a enorme sombra que os cobria. Eles se viraram se viraram simultaneamente e contemplaram o enorme ciclope à frente da caverna. O monstro tinha em torno de dois metros e meio de altura e carregava um enorme machado em uma de suas mãos.
 
 - Comidaaaaa – Disse mostrando seus dentes podres, o olho do meio da testa estava aberto, já no local onde deveriam ter os outros dois olhos apenas havia buracos negros que eram usados para enganar suas vitimas. A cabeça era desproporcional e achatada e sua face estava cercada de uma barba ouriçada e repleta de sangue.

Ele não titubeou e os atacou.

...

 Se numericamente a batalha entre o exército de esqueletos e as seis amazonas era algo injusto, em contra partida elas eram realmente incríveis com seus arcos, lanças , facas e espadas. Os guerreiros iam caindo um a um, Enéas atacou sem piedade uma das amazonas que lutava contra dois guerreiros esqueletos, foi a primeira a cair com a espada de Enéas cortando-lhe a garganta.

 - Sirva-se Deino! – Disse o líder esquelético para o cavalo carnívoro enquanto via outra Amazona cair com uma lança cravada na barriga. Elas não desistiam, guerreiros esqueletos caindo e de repente se reerguendo, seus ossos se remontavam assustadoramente.

  Enéas saltou de seu cavalo e atacou a outra. Essa era mais rápida e derrubou o esqueleto que combatia, outros dois se afastaram para que Enéas a combatesse sozinho.

  Ele a golpeou. Ela defendeu-se com seu escudo, era forte demais mesmo sendo mulher. Investiu contra ele que se esquivou e sarcasticamente passou a espada de uma mão para outra. Ela continuou. As espadas se chocaram no ar, enquanto outra amazona caia mais á frente, Enéas então girou seu corpo, a amazona não percebeu sua manobra e ele jogou a espada dela no chão. Ela corajosamente o atacou, acertando lhe um soco no rosto esquelético.

Ele enfiou a espada em sua barriga enquanto recebia o golpe. Ela caiu sem vida, Deino trotou até ela sedento. Mais á frente os soldados atacaram as duas que restavam e que por fim não resistiram.
 
  - Ela é toda sua Senhor – Disse Enéas curvando-se e apontando sua mão direita para Elisa que estava encharcada de suor.

 Ela queimava em febre.

 - Quanto tempo esperei por esse momento – O Senhor das Feras se aproximava. Enéas ao seu lado. Ele a olhou nos olhos – Ah... Minha querida. Nossos pais não deviam ter te dado este colar, nunca – Disse em meio a risos. Ele abaixou-se, o olhar triunfante. Levou a mão até o colar, quando uma voz de repente o paralisou.

 - Saiam daqui... Saiam daqui... Saiam daqui – disse a voz.

  Era uma voz linda e sedutora, ele lutou contra ela, todos eles lutaram.

 - Saia da minha cabeça! Eu ordeno! – esbravejou o Senhor das Feras.

  - Saiam daqui... Saiam daqui... Saiam –. A voz repetia.

  O senhor das Feras lutava com todas suas forças, mas ele ainda precisava daquele colar para ter todo seu poder de volta, ele não resistiria por muito tempo e se aquela voz o dominasse poderia ser muito pior.

 Um enorme nevoeiro se formou e ele deu ordem para que seu exército marchasse de volta.

 - Maldita! Eu sei quem você é! Assim que tiver todos meus poderes de volta, você deixará de ser uma prisioneira e te darei de comida para meus filhotes – bradou mais uma vez e então desapareceram.

 Logo após sua partida um monstro com o corpo de um touro e a cabeça metade de um homem e metade de um cavalo chegou ao local da batalha. Ele era corcunda e caminhava manquitolando, pegou Elisa e se dirigiu para floresta negra, bufando.

 - Ela é minha! Não, não! Quero dizer... Ela é sua minha Deusa.

...
 
Continua...
 
 
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 A líder olhava compenetrada na direção de Elisa.
 - Em pensar que eu poderia matar a maior bruxa de todos os tempos agora mesmo – Disse mantendo sempre aquela mesma expressão no rosto.
 Heitor levou a mão a sua bainha procurando a espada que carregava consigo. Claus ainda aturdido pensou em levantar-se, quando as amazonas puxaram suas flechas ainda mais.
 
 - Nem pensem nisso! – Disse Pen – Apenas disse o que posso fazer... Mas hoje ela está com sorte, pois ainda, ainda não é o que quero – Heitor e Claus entreolharam-se.
 
 - Você pode ajudá-la? – Perguntou Claus.
 
 - Eu não – Claus e Heitor pareciam apreensivos – mas conheço alguém que pode – revelou olhando para Claus.
 
 - Quem? – Perguntou Heitor.
  Ela virou-se para ele. Era incrível como uma pessoa podia manter uma expressão tão forte o tempo todo, como um general de um exército, mas no seu exército só havia mulheres.
 - É claro que terão que me deixar seguir com vocês.
 - Como assim? – indagou Claus.
 
 - Tenho contas a acertar com um dos servos do Senhor das Feras – disse com o olhar um tanto quanto distante.
 - Uma matadora de homens nos seguindo! Está louca! Como acreditar que a rainha das amazonas Pentesiléia, que participou da grande guerra de tróia iria nos ajudar sem querer nada em troca – Disse Claus abrindo os braços... Á cada movimento os dedos das amazonas se tencionavam ansiosos por disparar suas flechas. 
 
 - Não, eu não vou sozinha meu caro! Iremos eu e essas seis amazonas. È isso ou a sua Rainha morrerá sem o antídoto – ela disse e agora a voz chegava ameaçadora.
 - De forma alguma! – Retrucou Claus se levantando. As amazonas prontas para atirar, Pen permanecia parada e com o mesmo semblante dominador e destemido. Foi quando Heitor se intrometeu.
 - Não temos tempo para discutir – Heitor observou, enquanto olhava mais à frente onde jaziam seus escudo e espada, ambos caídos onde ele havia saltado de Nescuro com a capa de Claus – Onde está o antídoto? – Perguntou. Claus o olhou, ainda descrente. O albino sabia que era idiotice demais confiar em uma matadora de homens, principalmente nesta.
 - Asclépio – Disse Pen.
 - Asclépio? Mas ele foi fulminado por um raio de Zeus – Disse Claus.
 - Sim. Mas seu cajado não – Claus então se lembrou da lenda.
 Um bastão singelo com uma serpente em sua volta que mais tarde seria símbolo da medicina.
 - Mas o que esse simples cajado faz? – Perguntou Heitor.
 
 - Simples, mas de um poder oculto impressionante, não era um simples galho de árvore qualquer meu caro Heitor, entretanto de uma árvore que foi adubada com cinzas da poderosa fênix a ave da ressurreição. Daí um dos motivos de Asclépio conseguir curar tantas enfermidades e certas vezes trazer pessoas de volta da própria morte. Um toque do cajado e o poder de cura era incrível. Com Asclépio que já tinha um poder de cura enorme, ele catalisava o poder e aquilo poderia até ressuscitar uma pessoa. É claro que conosco ele apenas tem o poder de curar, e também não tenho certeza quanto ao veneno da Manticora.
 - Tem que servir! – Disse Heitor.
 - Onde ele está? – Perguntou Claus.
 - Um ciclope o guarda. Ele fica em uma caverna na montanha das almas, é um siciliano – ela revelou.
 - É uma montanha muito alta – observou Heitor – Como vamos chegar até lá. E como vamos levar Elisa e Nescuro?
 - Não vamos! – Disse Claus – Eles ficam.
 - Mas como? – Perguntou Pen. Heitor sorriu entendendo seu amigo. Claus repentinamente transformou-se num enorme grifo e abaixou sua cabeça. Heitor olhou para Elisa e Nescuro caídos no chão.
 - Suas guerreiras cuidam deles Pen, e você vem conosco – Ela assentiu com a cabeça e olhou na direção das guerreiras. Um simples olhar dela e elas sabiam o que ela queria, todas assentiram e ela subiu em Claus que já estava na forma de um grifo. Ele olhou com uma expressão diferente para ela e bateu suas enormes asas em direção a montanha das almas.
 Eles cortaram os céus, Claus voando o mais rápido que podia, enquanto Elisa e Nescuro perdiam cada vez mais suas forças.
...
Claus avistou a misteriosa montanha das almas. Um local sombrio onde havia criaturas terríveis, seres peçonhentos e rastejantes, inofensivos é claro, para um ciclope, um ser imortal.
 Claus então pousou sobre uma enorme pedra. Pen e Heitor desceram,  haviam ficado calados por toda curta viagem. Claus transformou-se novamente em homem, Heitor o entregou a capa e o albino a vestiu ao avesso para que ficasse visível. Ambos os guerreiros seguiram Pen por um trilho que segundo a própria amazonas os levaria até a caverna do ciclope.
...
  As amazonas protegiam Elisa e Nescuro atentamente, mas abruptamente sentiram a presença de algo, e uma sombra manifestou-se á frente delas,e logo que souberam do que se tratava apontaram suas flechas.
...
 - Como é que você conhece tudo isso? – Perguntou Heitor.
 - Você sabe bem Heitor, que sempre treinamos nos lugares mais arriscados. Floresta negra, montanha das almas, lago da morte – dizia a guerreira.
 - É muito longe daqui? – interrompeu Claus, entediado pela companhia.
 
 - Não! Estamos chegando, fique calmo – disse virando-se abruptamente na direção dele irritada. Uma característica básica das amazonas. Irritarem-se com homens, principalmente quando eles ás interrompiam. Isso para elas era sinal de desrespeito.
  Claus a encarou, o olhar dela era de ódio, o dele era de um guerreiro pronto para atacar. Os olhos do Albino estreitaram-se quando viu que a criatura iria atacar, e naquele momento pegou sua espada e a lâmina desceu cortando o ar na direção de Pen.
 A amazonas sentiu a adrenalina tomar-lhe o corpo. Ela podia sentir o cheiro do metal frio se aproximando, mas por experiência manteve-se estática, sem nenhum medo.
  Heitor por reflexo levou a mão em direção a Claus para impedi-lo, mas logo desistiu.
 O sangue espirrou na capa de Claus e a cabeça da víbora caiu aos seus pés. Apenas uma das cabeças, é claro.  Pen olhou para o lado e viu Heitor acertar uma flecha bem na boca aberta da criatura que caiu dependurada do arbusto em que estava.
...
  A figura á frente das amazonas era assustadora, usava uma capa negra, era magro e tinha cerca de 1,80 m de altura, as mãos eram de uma pessoa normal, mas as unhas eram enormes. Em um de seus dedos havia um enorme anel em forma de caveira com duas pedras negras nos olhos, negras como os seus próprios olhos. Ele aparentava ser jovem, mas suas veias eram estranhamente altas e transpareciam por todo sua pele, deixando seu corpo horrível, os cabelos eram longos e iam até a altura de seus ombros.
   As amazonas logo reconheceram a figura. Era o Senhor das Feras. Foi quando um cavalo negro de dentes pontiagudos e olhos que expressavam bem a sua sede por sangue chegou trotando e parou do lado dele. Montado sob o cavalo carnívoro estava Enéas, que fez um sinal com a mão, e um exército de repente se ergueu do chão entre fendas que se abriam, tão breve quanto o anuncio de uma batalha sangrenta, as guerreiras se viram cercadas.
...
  Pen ainda olhava a cabeça da amfisbena caída aos seus pés. Ela deu um chute na mesma com os pés descalços e a jogou longe.
 
 - Maldita semente de Górgona – esbravejou. Foi então que eles olharam para trás e viram dezenas de outras amfisbenas vindo atrás deles, algumas correndo e outras voando.  As amfisbenas eram serpentes de duas cabeças, sendo que uma ficava na ponta de sua calda. Elas nasceram do sangue que gotejou da cabeça de Górgona Medusa, quando Perceu voou com ela em suas mãos pelo deserto da Líbia. Pen, Claus e Heitor começaram a correr.
 - Droga – Disse Heitor atirando uma flecha e acertando nas asas de uma das criaturas, que caiu girando. A cabeça que ficava na ponta de sua calda puxando na direção contrária da que ficava sobre seu pescoço, aquilo chegava a ser até engraçado. Pen acertava quantas podia com suas flechas, a proeza e agilidade da líder das amazonas eram incríveis.
 - Estamos chegando? – Perguntou Claus para Pen.
 - Estamos quase lá! Mas elas são muitas, e estão se aproximando cada vez mais. Não da pra resistir por muito tempo.
 - Ela tem razão – Concordou Heitor após derrubar outra amfisbena. Claus simplesmente desapareceu, ele estava invisível.
  Pen sentiu algo passar ao seu lado e mais á frente as folhas dos arbustos foram arrancadas como se algo batesse nelas fortemente. As serpentes então se contorciam uma a uma no céu e caiam mortas sem saber pelo que estavam sendo atacadas. Pen mirou em uma que se aproximava, e quando ela ia disparar Heitor a impediu.
 - Não faça isso! Claus está lá em algum lugar – A criatura veio em direção a eles num vôo rasante, Heitor fechou os olhos e antes que ela os atacasse, algo a puxou para cima.
  A víbora completamente confusa abria sua boca sedenta pelo sangue e imersa em dor, suas cabeças foram torcidas e suas línguas caíram nos cantos de suas bocas e ela desceu abruptamente sem vida.  Mas ainda havia muitas pelo chão. Heitor e Pen lutavam como podiam, quando as criaturas pararam de repente e se embrenharam na mata.
 - Pra onde elas foram? – Perguntou Claus se manifestando de repente ao lado de Heitor.
 - Elas estão fugindo disto – Disse Pen apontando com os olhos para o chão, e logo todos viram a enorme sombra que os cobria. Eles se viraram se viraram simultaneamente e contemplaram o enorme ciclope à frente da caverna. O monstro tinha em torno de dois metros e meio de altura e carregava um enorme machado em uma de suas mãos.
 
 - Comida – Disse mostrando seus dentes podres, o olho do meio da testa estava aberto, já no local onde deveriam ter os outros dois olhos apenas havia buracos negros que eram usados para enganar suas vitimas. A cabeça era desproporcional e achatada e sua face estava cercada de uma barba ouriçada e repleta de sangue.
Ele não titubeou e os atacou.
...
 Se numericamente a batalha entre o exército de esqueletos e as seis amazonas era algo injusto, em contra partida elas eram realmente incríveis com seus arcos, lanças , facas e espadas. Os guerreiros iam caindo um a um, Enéas atacou sem piedade uma das amazonas que lutava contra dois guerreiros esqueletos, foi a primeira a cair com a espada de Enéas cortando-lhe a garganta.
 - Sirva-se Deino! – Disse o líder esquelético para o cavalo carnívoro enquanto via outra Amazona cair com uma lança cravada na barriga. Elas não desistiam, guerreiros esqueletos caindo e de repente se reerguendo, seus ossos se remontavam assustadoramente.
  Enéas saltou de seu cavalo e atacou a outra. Essa era mais rápida e derrubou o esqueleto que combatia, outros dois se afastaram para que Enéas a combatesse sozinho.
  Ele a golpeou. Ela defendeu-se com seu escudo, era forte demais mesmo sendo mulher. Investiu contra ele que se esquivou e sarcasticamente passou a espada de uma mão para outra. Ela continuou. As espadas se chocaram no ar, enquanto outra amazona caia mais á frente, Enéas então girou seu corpo, a amazona não percebeu sua manobra e ele jogou a espada dela no chão. Ela corajosamente o atacou, acertando lhe um soco no rosto esquelético. Ele enfiou a espada em sua barriga enquanto recebia o golpe. Ela caiu sem vida, Deino trotou até ela sedento. Mais á frente os soldados atacaram as duas que restavam e que por fim não resistiram.
 
  - Ela é toda sua Senhor – Disse Enéas curvando-se e apontando sua mão direita para Elisa que estava encharcada de suor.
 Ela queimava em febre.
 - Quanto tempo esperei por esse momento – O Senhor das Feras se aproximava. Enéas ao seu lado. Ele a olhou nos olhos – Ah... Minha querida. Nossos pais não deviam ter te dado este colar, nunca – Disse em meio a risos. Ele abaixou-se, o olhar triunfante. Levou a mão até o colar, quando uma voz de repente o paralisou.
 - Saiam daqui... Saiam daqui... Saiam daqui – disse a voz.
  Era uma voz linda e sedutora, ele lutou contra ela, todos eles lutaram.
 - Saia da minha cabeça! Eu ordeno! – esbravejou o Senhor das Feras.
  - Saiam daqui... Saiam daqui... Saiam –. A voz repetia.
  O senhor das Feras lutava com todas suas forças, mas ele ainda precisava daquele colar para ter todo seu poder de volta, ele não resistiria por muito tempo e se aquela voz o dominasse poderia ser muito pior.
 Um enorme nevoeiro se formou e ele deu ordem para que seu exército marchasse de volta.
 - Maldita! Eu sei quem você é! Assim que tiver todos meus poderes de volta, você deixará de ser uma prisioneira e te darei de comida para meus filhotes – bradou mais uma vez e então desapareceram.
 Logo após sua partida um monstro com o corpo de um touro e a cabeça metade de um homem e metade de um cavalo chegou ao local da batalha. Ele era corcunda e caminhava manquitolando, pegou Elisa e se dirigiu para floresta negra, bufando.
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...
 
Continua...
 
 
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Um encontro com o terror - Terror
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 13/02/2013
Reeditado em 14/02/2013
Código do texto: T4138274
Classificação de conteúdo: seguro
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