21-02-1983
 
Me perdi, me perdi mesmo. Esqueci que o tempo voa, rápido demais, voraz. Ele leva, ele traz, ele não volta mais. Esqueci que a areia se deteriora com o tempo, esqueci que a pele afrouxa-se dos ossos, que a carne despenca sobre nossos olhos, e que os dentes que já caíram voltam a cair... Logo... Logo, o tempo passa...

   Três décadas viajaram a velocidade da luz, apague as velas, por favor! Os dias são tão lentos como lesmas rastejantes sobre o lodo que se impregnou no terreiro de minha casa. Os ratos rastejam pelos cantos das paredes, brotam do chão, eles e suas pulgas, eles e suas pragas, elas e minhas rugas, estou ficando velho!

 Tenho trinta anos agora, e o que isso é? Não é nada mais do que isso apenas. Ano 13, azar? 2013, meus trinta. Ah merda, eu tenho trinta? E logo terei o que? 60? Melhor sentar e esperar? Você senta? Eu não!

 E de repente chegaram e me encheram de algo que desconheço. Um misto de razões, sentidos, e sentimentos. A certeza que não sou mais um garoto, não, o que eu sou então? Será que mudei? Isso é tão constante. Poxa, eu casei!

  As baratas batem suas asas indiscretamente, os anos passam, a poeira assenta, e as teias de aranha parecem galhos de árvores enraizadas as paredes, capturando moscas, mosquitos, insetos menores. Eu estou no topo da cadeia alimentar! Que porre! Que porra!  O sol vai nascer a qualquer hora. Isso é apenas o resultado de um dia após o outro.

  E aqui estou sentado, deixando que minha mente se divirta com probabilidades mórbidas, e que o raio parta, eu vou mesmo é me esbaldar. Vou esperar a noite acabar, o relógio virar o dia, o ponteiro despencar milímetros, milésimos, do auge da torre, e me jogar, jogar do alto, vou comemorar essa trinca de dez... Vou correr, meus vinte e nove estão morrendo, meus trinta nascendo... Eu já sou pai, e duas vezes! Que louco!

Eu sou feliz, cheio de sonhos, cheio de pesadelos... Amo os dois, inspiro-me nos dois. Escrevo, descrevo, amo, odeio, leio, releio, amo e odeio... E assim vou nessa luta! E assim vamos nessa luta!

Fim!

Realidade e fantasia se fundem em minha mente e o que sou, o que quero afinal... Eu quero que o tempo não pare, ao menos não com a velocidade que ele insiste em passar.

  21-02-13 faço trinta anos, e quer saber o porquê desse texto? Eu não tinha nada melhor para escrever, e ninguém mais importante para homenagear...

  Hoje escrevi um texto para mim, pois estou muito feliz!
Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 20/02/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4150761
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