“Apenas o Sol nos separam!”

Somente o amor no coração de um homem o torna eterno.

Mesmo depois que seu corpo tombar, mesmo quando o sangue não correr mais em suas veias.

Ele se torna uma lenda.

Haverá sempre o olhar perdido da sua amada esperançosa em direção do horizonte á espera de um regresso.

Ano de 1826 - Getulio acorda muito cedo, o sol ainda nem nasceu.

Getulio esta a bordo de um barco de pescadores em alto mar, ali, deitado no assoalho do barco tomado por odor de peixes, ele olha em sua volta e não vê seus companheiros. Mas há muitas garrafas de bebidas alcoólicas quebradas no chão.

Getulio se levanta lentamente, ainda embriagado pelo vinho.

Ele vai apoiando-se nas laterais do velho barco.

Ele caminha em direção a cabine do barco.

Ao chegar á porta, ele vê o velho Damião tentando se comunicar com outro barco, por certo uma embarcação ancorada ali próxima.

Getulio volta para os alçapões de peixes e de lá olha em direção ao crepúsculo; um fantástico show de beleza de onde nasce o sol.

A paisagem vista por ele o remete a pensar em sua amada; Magda.

Getulio apaixonou-se por Magda quando ela ainda estava na adolescência.

Hoje Getulio é homem maduro, já esta com quarenta e dois anos, Magda com trinta anos, moça de personalidade forte, filha de pescadores.

Ela vive na vila velha.

Um vilarejo de pescadores, lugar de pessoas sofridas e com muitas superstições.

Ela vive com o que ganha das casas de vinho, lugares freqüentado por pescadores e viajantes de todos os lados, inclusive de outros países.

Em alto mar o dia nasce os pescadores, Antonio, Carlos e Samuel não pescam nada. O velho Damião anuncia uma maré brava.

Uma tempestade esta se formando ao norte dali, e por certo os atingirá durante a noite.

Getulio avisa os marinheiros; vamos voltar para Ilha, nosso barco pode não suportar a tempestade.

Nos já temos peixe o suficiente.

O velho Damião – não vai dar tempo chefe.

Nos podemos ancorar aqui e esperar o vento passar.

Se tentar chegar ao ancorador da vila o vento pode nos arremeter contra as pedras. Vamos ancorar e esperar a tempestade passar, depois voltaremos.

A noite chega acompanhada de um nevoeiro que cobre as ondas do mar negro.

A escuridão cobriu com o véu apavorante aquela noite.

Getulio olha para a imensidão daquele mar e aonde da vista, ele percebe uma embarcação.

O barco vem navegando na direção do barco dele.

Getulio avisa seus marujos, todos olham e sente um frio nas espinhas, algo não esta parecendo bem.

Como aquele barco navega? Apesar de balançar fortemente.

O velho Damião observa que as velas são negras e não tem bandeiras.

Damião esta com os lampiões acesos.

Getulio – apague as luzes, vamos aguardar ele se aproximar, ninguém faça nada. Vamos aguardar o velho barco se aproximar.

Ele deve ancorar, não tem condições de navegar assim, sem luz.

O barco assustador ancora próximo ao barco de Getulio, ele vê logo que não se trata de um pesqueiro, nem mesmo um barco de passageiros.

Derrepente, uma canoa surge por entre o nevoeiro negro.

A bordo esta um homem alto, com uma capa preta encobrindo seu corpo ate os pés. Os marinheiros de Getulio sentem um arrepio ao ver com muita dificuldade aquele homem.

Getulio – quem vem lá? O homem em silencio.

Ouve-se apenas o barulho dos remos tocando as águas, ele se aproxima do barco.

O homem diz – venho em paz, não á motivos para se assustarem, sou um homem velho, já tenho vivido muito tempo.

Agora me vi atraído por uma alma pura, por um homem cuja vida tem muito a me oferecer.

O homem encosta a canoa, Getulio embriagado por um sentimento de submissão, vai ate o homem e o tira pela mão conduzindo-o a bordo de seu barco.

O homem misterioso se apresenta como príncipe de uma província longínqua. Ninguém dali conhece. Getulio – e sua tripulação? Eles são muitos? O homem – não, eu viajo há décadas por este mar em busca de algo que me motive para viver.

Getulio – vem senhor, venha aos aposentos de nosso barco.

Não temos condições de lhe proporcionar melhores acomodações, mas o que temos; ofertamos-lhe.

Um dos pescadores vai à proa para tentar ver melhor o barco de seu visitante e volta em seguido com um assombro nos olhos.

A embarcação estava tão próxima, que ele temeu uma colisão.

Carlos – ei pessoal; tem algo estranho, quem trousse a embarcação para próximo de nos? O homem diz que viaja só.

Na cabine do velho marujo, se ouve vozes, ouvem vozes baixas, como se alguém estivesse rezando baixo.

Mal sabia os amigos de Getulio que era ele quem rezará pedindo proteção divina.

O Homem misterioso não era deste mundo, porem agora é tarde demais para expulsá-lo.

Ele avia entrado e a convite do anfitrião.

Tratava-se de um homem que no passado implorou pela vida eterna, para que pudesse viver eternamente entre os seres viventes.

Getulio é a alma pura que atrairá o vampiro para sua vida.

A historia de amor de Getulio por Magda, desperta o vampiro.

Ele não poderia tomar Magda para si, pois seu coração já estava entregue ao Homem cuja alma é pura e comprometida a viver a eternidade com sua amada.

O conde Vasconcelos como se denominou a estranha criatura, esta neste momento tomando a vida de Getulio para si.

Ele se joga sobre a jugular do homem do mar num frenético movimento que o faz sugar o sangue fresco e corrente das veias do Homem que jurava amor eterno a sua amada, que neste momento se toma de um arrepio e uma sensação de entrega.

Ela, mesma longe dos olhos e da doce presença do seu amado, mesmo assim; sente se entregue a um desconhecido que agora toma a vida de seu amado com promessas de uma vida eterna, mesma que tenha de viver nas trevas.

O Conde se satisfaz com o sangue de sua mais nova conquista.

O sangue de um marujo amolecido pelo amor de uma linda jovem.

Magda tem a pele branca, cabelos enormes e castanhos escorridos sobre seus ombros delicados, seus olhos tão azuis que mais pareciam às águas do mar cuja seu amado se deslizava sobre ele com seu humilde barco pesqueiro.

Agora, Getulio já não é mais um ser humano, ele é um ser maldito que vivera nas trevas, e que se escondera sempre que o sol surgir pelas manhãs.

As doces manhãs que se faz na vila velha.

Toda tarde, Magda tomada por uma nova e doce melancolia Inesplicada sai a caminhar sem destino certo, ela senta-se em uma velha canoa abandonada á beira da praia, ela olha atentamente para o alto mar.

Ela tem a doce sensação de ver seu amado voltando, mesmo sentindo uma suave preocupação ao sentir que ele não mais voltara.

Mesmo assim; Magda não perde a esperança de ver as pontas das velas do velho barco se despontando na distancia daquele mar que atrai seu amado.

À noite, a primeira noite de Getulio sair como uma criatura amaldiçoada á viver a eternidade como vampiro e, a voar por entre as estrelas de um céu que mais lhe perece um castigo.

Ele precisa contemplar a formosura da sua amada, ele precisa de um beijo, sentir o carinho daquela a quem ele ofereceu seu amor eterno, embora antes num corpo frágil de pobre mortal, mas tolo em pensar que poderia cumprir uma promessa de eternidade num corpo humano.

Em sua primeira noite, o sangue que Getulio tomava para si na companhia de seu mais novo e autocrático amigo, era de seus fieis amigos e marujos, dos quais já não teriam mais nenhum vinculo de amor e amizade.

Seus corpos, suas carnes inúteis e pálidas devidas à ausência de sangue, mais tarde aparecerá boiando na praia. Foi um assombro para as famílias.

Para Magda, o fato de o corpo de Getulio não aparecer; não lhe aliviava o sofrimento por pensar em ver amado morto.

Por vários dias, os pescadores procuravam pelo corpo de Getulio, mas sem esperança.

Magda sente a presença dele toda noite, é como se o seu amado a tomasse com prazer em seu leito.

Ela deixava a janela de seu bangalô aberta, a lua clareava palidamente o leito dela, o mesmo leito em que Magda tem sonhos de entrega amorosa, um sonho que ela não tem nenhum controle, ela não consegue evitar.

É seu amado, agora um vampiro que a ama com toda força, ele a tomava em seus braços e fazia amor com ela naquela cama ardente.

Logo após o orgasmo da linda jovem, ela acordava de um sonho ardente e de certa forma; sem culpa, sem sentir-se vulgar, mas amada de um jeito sem igual, apenas seu homem amado lhe proporcionava tal prazer.

Getulio a tomava em espírito, ele estava sendo obrigado por conde a sugar o sangue dela, isso precisa acontecer antes que ela envelheça e morre.

Getulio reluta, muitas batalhas ele trava na imensidão das trevas com o conde.

Ele não quer Magda em sua companhia vivendo como a uma vampira.

Por isso a toma em sonhos, ela parece aceitar e entender o desejo do seu amado, tanto que em todas as noites ela deixa a janela aberta e a lua brinca no lençol de cetim da apaixonada mulher.

Continua.

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 30/03/2013
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