Sinestesia e Desespero

Naquela noite tudo se apagou. Nenhuma luz, nenhum movimento, a única cara visível era a do escuro. Ninguém sabia se havia alguma vela disponível. E foi aí que o imprevisto aconteceu... Era um corre-corre impetuoso de pessoas desesperadas, porém, estas não emitiam um timbre se quer. O cheiro daquele breu era ora ácido, ora amargo, muito longe de ser doce.

O então corre-corre de pessoas, atrelado com o desespero descomunal, começou a tomar dimensões além do espaço que permanecia sob escuridão. Ninguém, até o momento, tinha ciência de que o pior estava para chegar. Havia pessoas para todos os cantos daquela alcova. Dava para perceber que alguns tentavam escalar a parede grossa e alcatifada de um material esponjoso. Na tentativa falha da escalada, todos pereciam, um a um.

O odor daquele aposento, escuro e apavorante, era, certamente, de defunto embebido em líquido tátil e viscoso, aparentemente, era sangue.

Não havia mais ar naquele cubículo. O corre-corre começou a cessar quase que instantaneamente. O cheiro só piorou. O líquido viscoso só aumentou e o inesperado finalmente se deu.

Um fulgor que incandesceu através da portinhola impeliu aquela alcova recheada de corpos caídos. Eram agentes do fogo, no anseio em amparar, repararam que já era tarde demais. O corre-corre durou pouco, o monóxido de carbono já havia tomado conta daquele ambiente.

Nathus
Enviado por Nathus em 24/05/2013
Código do texto: T4307403
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.