A morte sabe ligar

Era uma madrugada gelada em meados de julho numa cidade do interior onde moravam apenas 1.500(mil e quinhentos) habitantes e todo mundo se conhecia. E como todo mundo sabe, em cidades pequenas rumores se espalham a todo vapor e o maior rumor da cidade era, que se alguém visitasse o cemitério a meia noite e deixasse o número do celular de alguém da lápide de número 13(treze) o dono do celular iria receber um telefonema e o próprio seria morto em 13(treze minutos), lógico isso era apenas boato e ninguém realmente chegou a acreditar, porém todos tinham medo de testar.

Um grupo de amigos, três meninos, estava reunido em frente ao cemitério como sempre faziam, era 23:40 (vinte e três horas e quarenta minutos) quando um dos meninos resolve falar desse assunto

“Vocês conhecem o rumor desse cemitério?” – Alexandre

Alex e Pablo afirmaram quase que simultaneamente com a cabeça e Alexandre prosseguiu:

“Que tal a gente tentar descobrir se o rumor é verdadeiro?” – Alexandre

“Você está louco? Quem acreditaria em algo assim?” – Alex

“Eu acho que seria uma ótima ideia, mas eu não coloco meu número de celular no papel” – Pablo

“Vocês só podem estar brincando, isso é apenas uma lenda da cidade, como tantas outras pelo país e pelo mundo” – Alex

“Se você não acredita, por que não colocamos o seu?” – Alexandre

“Boa ideia Alexandre, se você não acredita não tem o porquê de não deixar” – Pablo

Alex começou a rir, mas depois olhou para os dois e viu que estavam falando a verdade e então disse

“Façam como quiserem, não vai acontecer nada comigo mesmo” – Alex

Então Alexandre olhou o relógio e eram 23:59 (vinte e três horas e cinquenta e nove minutos) e então pegou uma caneta e um papel da mochila e colocou o número do Alex. Então todos os três entraram no cemitério e contaram até a décima terceira lápide e jogaram o papel lá

“Pronto, agora é só esperar o telefone” – Alexandre

E todos começaram a rir.

Ficaram ali por mais meia hora e se despediram

“Bom vou indo pessoal, tenho que esperar uma ligação afinal” – Alex

Todos começaram a rir de novo.

“Também vou que já está tarde” – Pablo

“Falou pessoal, vou indo que não quero ficar sozinho na frente do cemitério, me dá arrepios” – Alexandre

Cada um seguiu um caminho distinto para sua casa.

Alex chegou em casa, abriu a porta do quarto e jogou o celular em cima da cama e foi tomar um banho, por mais ou menos meia hora, logo depois de sair enrolado na toalha colocou um pijama na parte debaixo e dois uma camisa e um moletom e foi deitar, quando puxou o cobertor para si o celular tocou. Ele olhou no relógio e era 1:13(uma hora e treze minutos) da madrugada e pensou consigo mesmo – quem será a essa hora – então olhou o número e era privado, então apertou para atender e levou o celular até a orelha

“Alô” – Alex

E do outro lado da linha com uma respiração forte e quase sussurrando disse – A morte sabe ligar – e então a ligação desligou, Alex ficou pálido, mas depois pensou que poderia ser algum de seus dois amigos tolos e voltou a dormir.

Uma hora depois o celular toca novamente, Alex ficou incomodado e foi logo atendendo e sem nem pensar duas vezes começou a gritar

“Porra hein, que saco... é só um rumor, caralho” – Alex

Então ficou algum silêncio por um segundo e veio um grito quase que ensurdecedor do outro lado da linha – A MORTE SABE LIGAR – o grito foi tão forte que Alex apagou.

Alex abre os olhos e depois de alguns segundos percebe que não está mais em sua casa e sim em uma casa mais velha e bem maior que a sua, tudo de madeira com quadro dos dois lados da parede. Ele estava em um corredor bem estreito então começou a falar – quem fez isso? Onde eu estou? – E então uma voz muito grave no fim do corredor respondeu – Venha até mim que você saberá – Alex então foi correndo até o final do corredor que era de onde a voz vinha, ele correu e correu e correu e correu, porém o final do corredor nunca chegava, mas ele continuou correndo e agora percebeu que não havia saído do lugar, quando estava quase caindo de tanto correr um portão negro abre diante de seus pés e ele cai, novamente Alex apaga.

Alex acorda e agora percebe que está numa sala redonda com apenas uma porta e acima dela tem um relógio que marca 4 minutos e está diminuindo cada vez mais. Então a mesma voz grave diz – Daqui a quatro minutos fará 13 minutos que você atendeu a ligação e você já sabe o que acontece, se você conseguir abrir a porta antes do cronometro zerar, você saíra vivo, se não – Alex corre até a porta e tenta abri-la, mas obviamente está trancada, ele tenta arromba-la e suas tentativas são em vão, ele começa a chorar e a se desesperar, gritar e chutar a porta com força... O cronometro chega ao zero.

Então Alex ouve um barulho da porta se destrancando, vai até ela e quando a abre ele vê a verdadeira face da morte.

Na manhã seguinte o corpo de Alex foi encontrado enforcado em seu quarto e seu celular tinha apenas uma SMS, Alexandre pegou o celular disfarçadamente e olhou a mensagem e nela estava escrito.

“A MORTE SABE LIGAR”