O Dia dos namorados que não acabou bem #3
Senti vontade de gorfar, escreveram uma mensagem para mim com o sangue da garota... Quem havia feito aquela atrocidade?
O medo tomou conta de mim mesclado com a preocupação de saber onde estaria Gabriele, e se estava bem diante daquela situação. Fui andando pelo corredor, devagar e atento, a fim de encontra-la.
Estava tudo escuro, enquanto eu caminhava ouvia sons vindos da recepção, sons que pareciam o bater de pés.
Eu não sabia o que enfrentaria ao chegar lá, estava desarmado e o suposto assassino da recepcionista poderia estar a minha espera assim como anunciara na mensagem "Vamos brincar?". O que ele ou ela queria de mim?
Senti um clima macabro a medida que avançava pelo corredor, o som ficava cada mais mais alto, percebi agora que estava mais próximo que não eram passos, talvez alguém martelando algo.
Me virei para a recepção com as pernas trêmulas, e a cena que presenciei ali era algo que nunca pensei que veria em toda minha vida.
Na recepção uma criança estava martelando o rosto de um senhor, que já parecia morto a essa altura, enquanto a criança socava o martelo na face do senhor, sangue e pedaços do mesmo voava por todos os lados.
Minha reação foi espontânea, avancei e tirei a criança de cima do senhor:
- O que está fazendo! - Gritei empurrando-a de lado.
- Você não entende! - Gritou a criança com lágrimas nos olhos. - Preciso fazer tudo que ele mandar!
A criança começou a me atacar com o martelo, porém me esquivei e prendi seus braços no chão:
- Acalme-se! Você não pode simplesmente matar as pessoas porque alguém mandou! É insanidade! - A criança se debatia freneticamente tentando sair debaixo de mim.
Peguei o martelo e joguei longe dali, eu não fazia ideia como, porém a criança havia matado o idoso, e talvez a recepcionista:
- Você não entende, você não entende! - A criança não parava de repetir isso.
Eu não conseguia pensar direito, onde estaria Gabriele, o que estava acontecendo?
- Preciso que você me explique o que está acontecendo! - Gritei sério, e a criança em fim parou de espernear.
Me olhou séria, arregalou os olhos e gritou:
- Cuidado!
Me virei e uma outra criança (um pouco maior do que esta) me atacou com um machado. Rolei para o lado tentando me esquivar, porém o machado pegou de raspão na minha perna, fazendo um corte superficial.
Não tive escolha, chutei a criança para trás do balcão com força ainda no chão:
- Merda! O que está acontecendo? - Gritei para a criança com o martelo.
- Vem comigo e eu te explico! - A criança parecia agora assutada.
Olhou para os lados e correu em direção a rua, e eu a segui:
- Me diz o seu nome! - Gritei para a criança enquanto corríamos pela avenida.
- Eu sou João, e o senhor? - A criança tinha o mesmo nome que eu, talvez o aviso na parede fosse para ele?
- Sou João também...
Estávamos fugindo de algo, e eu sentia que não era da criança com o machado:
- Eu não posso sair daqui ainda, preciso achar Gabriele! - Talvez ele tivesse a visto.
Ele parou por um instante e me encarou:
- A sonâmbula?
- Continua -
Esse conto vai ter mais três partes.